O Ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF)fez uma série de novas determinações ao governo federal em relação ao combate aos incêndios no país. Entre os pedidos estão redirecionamento de forças policiais e bombeiros militares dos estados não afetados pelos incêndios para os afetados; o investigação da polícia e do Ministério Público as causas dos incêndios nos municípios brasileiros e a requisição de aeronaves militares e do setor privado. O ministro também solicitou Plano de Ação de Emergência para prevenção e enfrentamento incêndios florestais até 2025.
As determinações ocorreram após audiência com o Executivo Federal para discutir o combate aos incêndios no país que ocorreu no STF. Após apresentação e discursos de representantes do governo Lula, Dino determinou a realização de um mutirão entre as Polícias Federal e Civil, a Força Nacional e o Ministério Público para investigar as causas dos incêndios provocados pela ação humana em 20 municípios da região Norte e Centro-Oeste – segundo a União, essas cidades são centrais em 85% dos focos de incêndio em todo o país.
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Os municípios são: Jacareacanga (PA), Humaitá (AM), Candeias do Jamari (RO), Carcaraí (RR), Nova Mamoré (RO), Boca do Acre (AM), Feijó (AC), Nova Maringá (MT), Aripuanã (MT), Ourilândia do Norte (PA), Apui (AM), São Félix do Xingu (PA), Novo Progresso (PA), Lábrea (AM), Altamira (PA), Itaituba (PA), Porto Velho (RO) ), Colniza (MT) e Novo Aripuanã (AM).
O ministro também solicitou, no prazo de 5 dias, a convocação imediata dos bombeiros militares que não estão em estados afetados pelos incêndios para serem transferidos para regiões de incêndios florestais.
Na semana passada, ele já havia solicitado maior mobilização de policiais e bombeiros para atuar nas queimadas no Pantanal e na Amazônia —biomas que sofrem com as queimadas dos últimos dias, com a fumaça se espalhando por todo o território nacional. Contudo, o ministro considera que houve expansão, mas não o suficiente. Segundo dados do Sindicato, de 30 de julho de 2024 a 30 de agosto de 2024, o efetivo passou de 347 para 1.649.
Dino também solicitou o aumento do número de aeronaves no combate a incêndios. A União anunciou que alterou a legislação da Agência Nacional de Aviação Civil para facilitar o número de aeronaves a serem utilizadas no combate a incêndios. Com esta informação, o ministro determinou aumentar o número de aeronaves, tanto para as Forças Armadas como para o sector privado.
O Executivo federal deve apresentar em até 90 dias Plano de Ação Emergencial para prevenção e combate a incêndios florestais, para 2025com integração federativa, disponibilização de recursos materiais e humanos, campanhas publicitárias e medidas disciplinares ou proibitivas quanto ao uso do fogo na agricultura.
Dino também solicitou mais dados sobre a Amazônia e apresentação, no prazo de 30 dias, pelo Ministério de Gestão e Inovação, de um plano de melhoria e integração dos sistemas de gestão territorial (Cadastro Ambiental Rural) e daqueles relativos à autorização de supressão de vegetação.
O Executivo ainda deverá informar sobre o estágio de implementação dos instrumentos da Lei nº 14.944/2024, que instituiu a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo.
No início da audiência, Flávio Dino disse ser “inaceitável” que 60% do território brasileiro sinta os efeitos dos incêndios. “Temos que reconhecer que estamos a viver uma autêntica pandemia de incêndios florestais”, afirmou.
Dino afirmou ainda que o Brasil precisa conter os incêndios para evitar o aumento dos preços dos alimentos e retaliações no cenário internacional pelo descumprimento dos acordos ambientais assinados pelo Brasil com outros países. Para o ministro, há mudanças climáticas e o Brasil é afetado, mas também é preciso estar atento às ações humanas criminosas.
A audiência ocorreu no âmbito das ações da Tarifa Verde (ADPFs 743, 746, 857) considerada um litígio estrutural, ou seja, em que o STF é chamado a analisar o cumprimento da decisão em um diálogo institucional permanente.
Estiveram presentes na reunião o procurador-geral da União, Jorge Messias; o ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin, advogados de partidos políticos, entre outros.
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