O MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) Classificado como acidental um fogo em grande proporção no Pantanal provocada após um suposto experimento científico na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). O incidente compõe o relatório que reúne 20 focos iniciais de incêndio, que provocaram 14 incêndios de grande porte no bioma, de maio a junho.
Segundo relatório do MP-MS, a perda de controle das chamas durante o experimento teria provocado a queima de uma área de 161,17 hectares na RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Fazenda Santa Helenano município de Corumbá.
A UFMS disse, em nota, que tomou conhecimento pela imprensa sobre a situação envolvendo as pesquisas científicas e “promoverá apuração interna dos fatos e, caso seja constatada falha, tomará medidas administrativas e as encaminhará a outros órgãos”.
A Polícia Militar Ambiental do MS realizou uma vistoria na área após o incidente e também emitiu um relatório. No documento, a corporação informa que o experimento começou no dia 6 de maio e terminou no dia 13, mas que, no dia 10, parte das chamas perdeu o controle e atravessou aceiros (faixas sem vegetação, destinadas a evitar a propagação do fogo), chegando em outra fazenda.
A pesquisa avaliaria os efeitos do fogo utilizado em diferentes épocas do ano e suas relações com inundação de Bacia do Rio Paraguai. A UFMS não forneceu detalhes sobre o projeto.
Levantamento do MP-MS divulgado esta semana revela que ocorreram 17 ignições em Corumbá e três em Porto Murtinho — em algumas áreas o incêndio ainda não foi controlado. No total, foram quase 293 mil hectares queimados (o equivalente a quase o dobro da área da cidade de São Paulo).
Segundo o relatório, elaborado a partir de monitorização por satélite, a maior parte dos surtos teve início em explorações agrícolas e outros tipos de propriedades rurais, incluindo nove locais próximos de rios navegáveis, três próximos de estradas locais e três em limites de propriedades.
As chamas atingiram 177 propriedades ruraisO Terra Indígena Kadiwéu são três Unidades de conservaçãoalém de 39,28 hectares em Território bolivianoapontou a pesquisa.
O MP-MS constatou que 65,82% da área total de ignição ocorreu em vegetação campestre19,52% em área de formação de savana e 5,76% em florestas.
Para o Ministério Público, o “grande desafio” nos incêndios é, como no caso dos exploração madeireiraverifique se o causa do fogo foi com propósito ou culpável (quando não há intenção de causar dano), para gerar responsabilidades nas esferas administrativa, cível e criminal.
O Pantanal foi devastado por incêndios históricos. Este ano já foram registrados 3.858 incêndios na região, um aumento de mais de 2.000% em relação a 2023.
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