A fruta é conhecida como o “ouro da Amazônia” pela riqueza em nutrientes Moradora da cidade de Bonfim, às margens do rio Tacutu, na fronteira do Brasil com a Guiana, Aldenira Costa Maia trabalha com o camu-camu há cerca de um ano. O produtor faz parte de uma cooperativa dedicada à produção de alimentos à base de frutas. Leia também A fruta tem 20 vezes mais vitamina C que a acerola; conheça o Camu-camu Açaí vira aposta do produtor na Caatinga “Nosso principal produto é a polpa, que custa R$ 15 e 18 o quilo. Com ele preparamos geleias, bolos e doces. Também temos planos de começar a fazer biscoitos”, diz a comerciante que vende seus produtos em uma feira que acontece aos sábados no quilômetro 58, na BR 401. Aldenira é presidente da Associação de Moradores e Agricultores da área devoluta de Complexo Caju (AMAADCC) que conta com 40 associados. Após a colheita, eles próprios processam os frutos: retiram a casca, separam as sementes e congelam a polpa para vender na sua forma verde e mais arroxeada e madura. Aldenira Costa Maia, presidente da Associação de Moradores e Agricultores da área devoluta do Complexo Caju (AMAADCC) Divulgação “Na minha região ainda tem pouco camu-camu cultivado mas a Embrapa está nos ajudando com as mudas e estamos aumentando gradativamente a área. Demora um ano e meio entre o plantio e a primeira colheita”, diz Aldenira. Na hora do plantio, um dos desafios enfrentados pelos produtores é a necessidade de irrigação. Por ser uma fruta que cresce às margens do rio, o camu-camu precisa de água para se desenvolver. Foi para identificar os principais desafios e oportunidades de comercialização da fruta que o Instituto de Desenvolvimento da Amazônia (Idesam), organização não governamental que atua na promoção de uma economia de base inclusiva e sustentável na Amazônia, realizou um diagnóstico da cadeia produtiva no o estado de Roraima. Embora o camu-camu seja conhecido por pesquisadores e estudiosos como o “ouro da Amazônia” por sua riqueza em nutrientes, sua cadeia produtiva ainda é desestruturada. A fruta tem potencial para seguir a rota comercial de outros produtos naturais amazônicos espalhados pelo país, como o açaí e a castanha. “O que temos atualmente é uma rede embrionária, formada por extrativistas ribeirinhos, que dependerá muito de estímulos para consolidar o escoamento da produção. Porém, identificamos o enorme potencial para, no futuro, gerarmos a partir dele bionegócios de alto valor”, aponta Carlos Kouri, analista de projetos do Instituto de Desenvolvimento da Amazônia (Idesam). Caminhos para o desenvolvimento da cadeia O estudo e diagnóstico dos principais gargalos e oportunidades da cadeia produtiva do camu-camu em Roraima foi realizado em parceria com a Fundação Certi, que contou com a contribuição de profissionais e especialistas da Secretaria de Estado da Agricultura , Desenvolvimento e Inovação (Seadi); o projeto Parcerias para Florestas (P4F); a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); e Sebrae em Roraima. As formas de estimular o desenvolvimento da cadeia envolvem plantio, capacitação, armazenamento, transporte, registro de produtos e estratégias de comercialização. Aumentar a produção é essencial para a conquista de novos mercados, uma vez que a cultura ainda é explorada através do extrativismo. O comércio de camu-camu busca seguir o caminho de outras frutas amazônicas. Taciana de Carvalho Coutinho É uma espécie que se desenvolve bem em terrenos arenosos e com alta umidade. Neste contexto, o estado de Roraima apresenta a maior ocorrência deste tipo de solo. Por isso, a Embrapa local abraçou a agenda de tornar essa espécie uma cultivar de mercado e desde 2009 vem trabalhando na construção de um banco de matrizes de sementes por meio do melhoramento genético para selecionar plantas superiores e adequadas ao plantio. “É uma fruta desconhecida e subutilizada. Há alguns anos, os produtores começaram a se interessar mais. Porém, temos apenas cerca de três hectares cultivados em todo o estado de Roraima”, explica Edvan Chagas, pesquisador e Chefe Geral da Embrapa Roraima. Segundo cálculos do Idesam, o potencial de renda do agricultor é atrativo. Se o plantio for implementado de acordo com as recomendações da Embrapa, a partir do terceiro ano a renda do agricultor pode chegar a R$ 33,5 mil por hectare. Conexão com o mercado consumidor O aumento do plantio, porém, esbarra na estrutura de armazenamento, pois o fruto oxida rapidamente e deve ser processado em até 48 horas após a colheita. “As alternativas são a liofilização (desidratação) ou o congelamento da polpa”, explica Kouri. Segundo ele, como nem todas as regiões têm acesso à energia elétrica, uma opção é utilizar um freezer movido a energia solar. Além disso, a fruta, também conhecida como Caçari ou Araçá d’água, necessita de regulamentação da Anvisa e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), para garantir a qualificação necessária para ser amplamente comercializada, tanto no mercado nacional quanto no internacional. André Noronha é coordenador de projetos do Núcleo de Economia Verde da Fundação CERTI Divulgação “Os padrões de qualidade são essenciais para avançarmos na comercialização. Temas como origem, volume e frequência são questões que acabam entrando em colapso na ausência de uma cadeia produtiva sistemática e confiável”, avalia André Noronha, coordenador de projetos da Fundação Certi, parceira do estudo. Apesar de ser uma fruta abundante na região amazônica, o camu-camu ainda é pouco conhecido no Brasil. Na região Norte é comercializado na forma de polpa congelada, compotas, geleias e sorvetes. Foi o que fez Ana Cleia Garcia Ribeiro, proprietária da Picoleteria da Amazônia, que descobriu a fruta há pouco mais de um ano e desenvolveu uma receita de picolé de camu-camu. Os sorvetes serão vendidos a partir da próxima safra, que começa em outubro. O pesquisador da Embrapa destaca que a fruta também é indicada para fazer energéticos, por ser rica em minerais. Fornecimento ao mercado internacional No mercado internacional, o camu-camu é reconhecido por suas propriedades funcionais, afinal, é a fruta com teor extraordinariamente elevado de vitamina C, sendo considerada a mais rica em vitamina C do mundo, com 100 vezes mais que o limão e 20 a mais que a acerola. Da mesma família da jabuticaba, é uma excelente fonte de antioxidantes que ajudam a retardar o envelhecimento e a combater os radicais livres. Essas características são exploradas no posicionamento nos mercados internacionais, onde é utilizado pelas indústrias farmacêutica, cosmética e nutricional. “O Brasil, que ocupa a posição de quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, com crescimento de 560% no setor de cosméticos naturais entre 2018 e 2022, tem nas frutas um importante ativo a ser explorado nos próximos anos”, afirma. diz Noronha. O Peru é atualmente o principal exportador da fruta, atingindo recorde histórico de US$ 5 milhões em exportações em 2020. As exportações foram destinadas a cinco mercados: Estados Unidos (47%), União Europeia (17%), Japão (8% ), Canadá (7%) e Austrália (7%). Apesar dos resultados positivos alcançados pelo Peru, as empresas exportadoras enfrentam dificuldades em atender às demandas do mercado internacional de forma sustentável ao longo do tempo. Assim, a crescente popularidade internacional do camu-camu representa uma chance de expansão que poderia ser aproveitada de forma mais intensa pelo Brasil. Segundo Noronha, essa é uma das espécies que chega ao Brasil com produtos importados antes de ser explorada no mercado interno. “Chega aqui como frutas”, diz ela. Segundo ele, embora o segmento seja pequeno, existe um enorme potencial de mercado, que será liderado pelo uso cosmético e farmacêutico nos próximos anos. “Por isso é necessário um senso de urgência para que o Brasil seja relevante na geração de riqueza. No estudo identificamos a necessidade da indústria definir o mercado, pois será o volume de demanda que impulsionará a cadeia”, explica.
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