A falta de chuvas que afeta todo o estado de São Paulo nas últimas semanas provocou queda no nível dos mananciais que abastecem a capital, agravando a situação racionamento de água o que já ocorria nas cidades do interior e levantava preocupações de saúde, desde a desidratação até a concentração de poluentes em rios e represas.
Além disso, a seca atual alerta para a possibilidade de secas mais graves em 2025 e 2026. Há expectativas de atrasos no retorno do período chuvoso deste ano e, consequentemente, o risco de que as chuvas não sejam suficientes para que os reservatórios não não acumular água suficiente para passar o período de seca do próximo ano em níveis satisfatórios.
Seis dos sete sistemas de água que abastecem a região metropolitana de São Paulo estão hoje mais secos do que há um ano. Somando todos os reservatórios, a diferença é de 256 milhões de metros cúbicos de água, o suficiente para abastecer a capital paulista por quase cinco meses. A situação hoje, por outro lado, ainda é melhor do que em agosto de 2022 e 2021.
Na sexta-feira (23), grandes incêndios bloquearam estradas que dão acesso a vários municípios da região de Ribeirão Preto. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) determinou a criação de um gabinete de crise para lidar com incêndios florestais. Depois das chuvas na capital neste final de semana, a previsão é de novo período de seca.
Na última semana, a falta de água tornou-se mais preocupante nas cidades do interior. Bauru, cidade mais populosa do centro-oeste paulista, vive racionamento rotativo há mais de três meses. Três regiões da cidade se revezam em um ciclo de abastecimento de 72 horas, onde ficam 24 horas de abastecimento e 48 horas sem água na torneira.
Não há perspectiva de retorno à normalidade nos próximos 45 dias.
“Infelizmente, o histórico de chuvas em Bauru indica que até a segunda quinzena de outubro não há garantia de chuvas suficientes para elevar o nível da lagoa de captação do rio Batalha a ponto de permitir a normalização do abastecimento”, informou a Secretaria de Águas e Esgoto da cidade.
Em Piracicaba, o Serviço Municipal de Água e Esgoto reduziu a captação de água para tratamento a partir desta quinta-feira (22) após a queda drástica no volume de água do rio que dá nome à cidade.
O governo do estado anunciou esta semana que iniciou um ciclo de perfuração de poços artesianos para aumentar o abastecimento de água, em meio ao Plano Estadual de Resiliência à Seca.
A gestão Tarcísio informou ainda que, no próximo mês, assinará contratos para a retomada das obras de dois reservatórios próximos a Campinas, e que contratou estudos para a construção de uma adutora que melhora a distribuição de água nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.
Quem alerta para os riscos de uma seca ainda mais intensa a partir do ano que vem é o engenheiro Antonio Carlos Zuffo, professor do departamento de Recursos Hídricos da Unicamp. Ele afirma que o agravamento da seca neste ano, em relação a 2023, está dentro do previsto no ciclo natural do regime de chuvas na região. Diz ainda que, pelo mesmo motivo, espera uma seca no próximo ano comparável à crise hídrica de 2014.
“Se ocorrer La Niña, pois há um encurtamento do período chuvoso, a recuperação dos reservatórios será menor, levando a um agravamento da situação para o próximo ano”, afirma Zuffo.
La Niña é o fenômeno climático em que as águas superficiais do Oceano Pacífico esfriam abaixo do normal. Isso leva ao aumento das chuvas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, e ao aumento da seca no Sudeste e Sul.
Os organismos meteorológicos alertam desde o início do ano sobre as condições favoráveis à formação deste fenómeno, e um boletim da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA) publicado esta quarta-feira afirma que há 66% de probabilidade de formação de La Niña. entre setembro e novembro.
Zuffo afirma que uma seca mais severa em 2025 se enquadraria em um ciclo observado em 2003 e 2014, anos em que os mananciais paulistas atingiram seus níveis mais baixos. Ele diz ainda que para a maioria dos municípios a solução para enfrentar os períodos mais secos sem desabastecimento é a construção de reservatórios, obras que costumam levar anos para serem concluídas.
“Nos municípios que dependem apenas da vazão dos rios, economizar [água] ou não, a água vai baixar e haverá dificuldades de abastecimento”, afirma.
O professor afirma ainda que a construção dos reservatórios de Amparo e Pedreira estavam na lista de obras que foram anunciadas no esforço para evitar uma crise hídrica como a ocorrida há uma década, mas que acabaram paralisadas em gestões passadas. As obras deverão aumentar o abastecimento de água para 5,5 milhões de pessoas, através dos rios Jaguari e Camanducaia.
Seca em Guarapiranga agrava poluição
A seca dos reservatórios que abastecem a capital paulista é visível nas margens da represa de Guarapiranga, na zona sul de São Paulo. Uma extensa faixa de areia se formou nos últimos meses na área conhecida como praia da Lola, no Jardim Santa Helena, em Interlagos. Moradores contam que é possível notar que a altura da água diminui a cada semana.
O cabeleireiro Leandro Dorgang, 44 anos, que mora na zona sul da capital desde criança, diz que a concentração de poluentes na água e de lixo na faixa de areia aumentou com a seca.
“O problema mais sério aqui é a poluição, porque a barragem está muito suja, muito abandonada”, diz Nargong. “Passo por vários riachos que deságuam na represa e a água é turva, escura. A lama se forma nas margens e está podre”.
A poluição dos rios durante a seca é uma preocupação em todo o estado. Após a morte de dezenas de toneladas de peixes em Piracicaba, num caso em que há suspeita de vazamento de melaço de cana, o lançamento irregular de poluentes no rio tornou-se uma das maiores preocupações do Consórcio PCJ, que monitora a qualidade da água nos rios. Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, no interior de São Paulo.
“Qualquer deslize, qualquer contaminação pode afetar gravemente o abastecimento de água”, disse a engenheira ambiental Mariane Leme, assistente de projetos do consórcio. Segundo boletim da entidade, em julho a região do entorno das bacias desses três rios teve chuvas concentradas em apenas um dia e, mesmo superando a média mensal de chuvas, não foi suficiente para melhorar o abastecimento.
Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do governo do estado afirmou que já foram entregues 127 poços em 116 cidades desde o final do ano passado, o que representou um investimento de R$ 134 milhões. O governo Tarcísio destacou ainda que 225 afluentes já foram desassoreados em 154 municípios desde o início da gestão.
“O Governo de São Paulo também está implementando ações de longo prazo, com soluções definitivas e foco no futuro”, afirmou a secretaria, destacando a previsão de assinatura de contratos, no próximo mês, para a retomada das obras da Pedreira e Apoio. A previsão de investimento é de aproximadamente R$ 1 bilhão para as duas barragens.
A Sabesp afirmou que “não há risco de desabastecimento neste momento nos 375 municípios” atendidos pela empresa. “Desde a crise hídrica, os investimentos tornaram o sistema mais robusto e flexível (permitindo abastecer diferentes áreas com mais de um sistema)”, disse a empresa, em nota, que destacou o fato de os atuais níveis dos reservatórios serem melhores do que em 2022 e 2021.
consignado para servidor público
empréstimo pessoal banco pan
simulador emprestimo aposentado caixa
renovação emprestimo consignado
empréstimo com desconto em folha para assalariado
banco itau emprestimo