O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira (10) que é “inaceitável” que 60% do território brasileiro sinta os efeitos dos incêndios. “Temos que reconhecer que estamos a viver uma autêntica pandemia de incêndios florestais”, afirmou. A fala aconteceu durante o início da audiência em que o governo federal apresentou ao Supremo as ações de combate aos incêndios na Amazônia e no Pantanal.
Dino disse ainda que o Brasil precisa conter os incêndios para evitar o aumento dos preços dos alimentos e retaliações no cenário internacional pelo descumprimento dos acordos ambientais assinados pelo Brasil com outros países. Para o ministro, há mudanças climáticas e o Brasil é afetado, mas também é preciso estar atento às ações humanas criminosas.
A audiência ocorreu no âmbito das ações da Tarifa Verde (ADPFs 743, 746, 857) considerada um litígio estrutural, ou seja, em que o STF é chamado a analisar o cumprimento da decisão em um diálogo institucional permanente.
O ministro pediu ao governo federal que saiba, por exemplo, quantas pessoas foram utilizadas no combate às queimadas, quais recursos foram utilizados e onde estão as informações do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). localizado.
Dino quer entender como o governo pretende integrar o Cadastro Ambiental Rural (CAR) a outros sistemas para complementar e validar dados de forma a permitir o processamento e validação de informações. Você também quer saber quais são os números atuais da implantação do CAR, especificando a situação da Amazônia e do Pantanal.
Estiveram presentes na reunião o procurador-geral da União, Jorge Messias; o ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin, advogados de partidos políticos, entre outros.
As ações Pauta Verde foram movidas por partidos políticos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro e alegavam que as políticas ambientais estavam sendo desmanteladas. Em março de 2024, os ministros do STF entenderam, por maioria de votos, que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva retomou as políticas de proteção ambiental e de combate ao desmatamento na Amazônia, porém, ainda de forma insuficiente.
Embora o STF mantivesse uma série de obrigações a serem cumpridas pelo governo, os ministros descartaram “o estado de coisas inconstitucional” e definiram que as políticas ambientais estavam “em processo de constitucionalização”, conforme propôs a relatora, ministra Cármen Lúcia .
O estado de coisas inconstitucional caracteriza-se por uma situação de violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais, causada pela inércia, incapacidade ou omissão do poder público em alterar a situação, de modo que apenas transformações estruturais na atuação do Poder Público e uma pluralidade de Autoridades – como o Judiciário, além do Legislativo e do Executivo – pode alterar a situação inconstitucional.
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