Um grupo de 357 mil empresas declarou à Receita Federal que foi beneficiada com R$ 26,9 bilhões em incentivos fiscais entre janeiro e maio deste ano. O alívio da folha de pagamento de 17 setores e o Perse (Programa de Retomada de Eventos Emergenciais) estão no topo da lista.
Os dois programas custaram ao governo federal R$ 14,3 bilhões nos primeiros cinco meses. Caso o comportamento das empresas se repita até o final do ano, a renúncia fiscal da folha de pagamento e a desoneração do Perse poderão chegar a R$ 34,3 bilhões em 2024. Desse total, R$ 19,8 bilhões seriam para desoneração tributária previdenciária e R$ 14,5 bilhões para o Perse .
Os incentivos fiscais concedidos aos produtos agropecuários custaram mais R$ 3,98 bilhões entre janeiro e maio e aparecem na terceira posição em uma lista de 16 tipos diferentes de benefícios.
Os dados foram coletados porque o governo, por meio de uma MP (Medida Provisória), criou uma declaração, chamada DIRBI, e passou a exigir que as empresas fornecessem informações mensais sobre o quanto usufruíam desses benefícios.
A MP é a mesma que criou mecanismos para restringir a utilização de créditos de PIS/Cofins pelas empresas como medida compensatória à manutenção da desoneração da folha de pagamento neste ano. Essa parte do texto da MP, porém, foi rejeitada pelo presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Em acordo com o governo Lula, Pacheco manteve a seção do MP que criou a DIRBI. A ideia do Ministério das Finanças é então ampliar a lista de incentivos que as empresas têm de declarar. Uma forma, na prática, de mapear a utilização desses incentivos pelas empresas.
A Perse e a desoneração da folha de pagamento foram dois benefícios fiscais que a equipe econômica tentou acabar para melhorar sua arrecadação e evitar cortes de gastos, com o objetivo de ajudar a atingir a meta de déficit zero nas contas públicas este ano.
Mas o Congresso acabou aprovando a prorrogação dos programas. A manutenção da desoneração integral da folha de pagamento neste ano depende da aprovação de medida compensatória à renúncia fiscal.
A disputa pela manutenção dos valores dos benefícios fiscais gerou uma guerra de números entre a Receita Federal e, do outro lado, parlamentares e empresas.
O objetivo é verificar de forma mais eficaz o tamanho da isenção por meio do DIRBI, além de ajudar a Receita a monitorar o uso adequado desses incentivos pelas empresas, segundo o governo.
O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, já disse que os números da desoneração da folha de pagamento nos primeiros cinco meses do ano indicam que a renúncia em 2024 deverá ficar acima dos R$ 15,7 bilhões projetados pelo órgão. Este valor foi questionado pelas empresas, que afirmam que a Receita Federal estava inflacionando os dados para obter maiores compensações.
O prazo para entrega da declaração, referente aos períodos de cálculo de janeiro a maio de 2024, começou no dia 1º de julho e terminou no dia 20 deste mês.
Atendendo à solicitação das entidades representativas dos contadores, que necessitavam de mais tempo para adaptação à nova declaração, a Receita prorrogou para 21 de setembro de 2024 a incidência de multas relativas a dados incorretos fornecidos pelos contribuintes na DIRBI, referentes aos períodos de apuração de janeiro a Julho de 2024.
Custo dos benefícios fiscais declarados pelas empresas:
- Isenção de folha de pagamento – R$ 8,25 bilhões
- Persa – R$ 6,05 bilhões
- Produtos Agrícolas Gerais – R$ 3,98 bilhões
- Reidi (programa de infraestrutura) – R$ 2,29 bilhões
- Carne bovina, ovina e caprina (industrialização) – R$ 1,88 bilhão
- Produtos Farmacêuticos – R$ 2,03 bilhões
- Soja – R$ 919,4 milhões
- Carnes suínas e de aves – R$ 416,5 milhões
- Café não torrado – R$ 224,3 milhões
- Recap (máquinas e equipamentos) – R$ 243,4 milhões
- Carnes bovina, ovina e caprina (exportação) – R$ 145,7 milhões
- Padis (semicondutores) – R$ 148,4 milhões
- Café torrado e seus extratos – R$ 93,2 milhões
- Relatório (portos) – R$ 112,2 milhões
- Óleo Bunker – R$ 46,37 milhões
- Laranja – R$ 77,7 milhões.
- Total: R$ 26,92 bilhões
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