Empresas captaram R$ 96 bilhões no mercado de capitais em julho, maior volume mensal da série histórica iniciada em 2012de acordo com o Anbimaassociação que representa entidades do mercado financeiro. Mas a maior parte desse valor passou longe da renda variável.
Num cenário de seca nas ofertas públicas iniciais (IPOs) – a última vez que B3 registraram uma operação desse tipo foi em setembro de 2021 -, as empresas pisaram no freio mesmo em oferta subsequente de ações (acompanhamento).
A menos que a situação seja crítica, poucas empresas se aventuraram a levantar dinheiro no mercado de ações com o Selic estacionado em níveis de dois dígitos – e agora em risco de aumentar.
Em julho, o volume captado pelas empresas em follow-ons foi de R$ 17 bilhões, quase 17% do total captado no período, mas o maior valor dos últimos dois anos nesse tipo de oferta. Mas isto não é necessariamente uma boa notícia para o mercado de ações.
“Durante o mês tivemos um volume considerável em renda variável, mas neste caso a maior parte esteve concentrada em uma operação específica que não reflete necessariamente o apetite do mercado”, afirma. Guilherme Maranhão, presidente do fórum de estruturação do mercado de capitais da Anbima.
Assim, o renda fixa torna-se uma opção mais viável para as empresas. É também um mercado mais interessante, dada a procura consideravelmente maior do que por activos de rendimento variável.
Nos primeiros sete anos de 2024, as ofertas de papéis corporativos atingiram R$ 435,1 bilhões, também recorde para o período.
E o debênturesque são títulos de dívida emitidos por empresas, se destacaram no segmento de renda fixa corporativa.
As emissões de debêntures totalizaram R$ 50,1 bilhões em julho, o maior nível da série histórica, segundo a Anbima. O volume também corresponde a 52% do total arrecadado no mês.
O resultado elevou o acumulado de 2024 para R$ 256,8 bilhões, valor recorde para esse período e que já supera todo o ano de 2023.
E investimentos em infraestrutura foram o destino da maior parte dos recursos captados pelas debêntures em julhocom 32,3% do total.
Esse saldo confirma a reação do mercado aos novos estímulos governamentais para emissões de algumas modalidades deste papel, com foco no direcionamento de recursos para setores de infraestrutura.
Em janeiro deste ano foi criada a debênture de infraestrutura, ativo que entrou no grupo das debêntures incentivadas (isentas de Imposto de Renda). Essas debêntures são incentivadas pelo governo a serem isentas de imposto de renda, daí o nome “debêntures incentivadas”.
Mas, no caso da debênture de infraestrutura, as empresas que se beneficiam da isenção fiscal do segmento.
“É interessante destacar que o prazo médio dos títulos subiu para 10,3 anos, o maior registrado em 2024, refletindo um mercado maduro, com perfis diferenciados de participantes e um secundário cada vez mais líquido que permite essa prorrogação”, analisa Maranhão.
Entre os instrumentos de securitização, o fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) e o certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) arrecadou R$ 38,6 bilhões e R$ 34,7 bilhões de janeiro a julho, respectivamente, batendo recorde de classe para o período.
Os certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) captaram R$ 25,4 bilhões no acumulado do ano até julho, um aumento de 36,8% em relação aos sete primeiros meses do ano passado.
No segmento híbrido, as ofertas de fundos de investimento imobiliário (FIIs) totalizou R$ 4,4 bilhões em julho, elevando o volume acumulado no ano para R$ 31,1 bilhões, valor que já é superior ao total movimentado em 2023, informa a Anbima.
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