Em medida simbólica, EUA classificam violência armada como crise de saúde pública | Mundo

É a primeira vez que o governo americano toma uma medida deste tipo, que é simbólica. Murthy, que é doutorSoldado da Marinha e escolhido pelo presidente Joe Biden para liderar o Serviço de Saúde Públicajá se pronunciou no passado sobre o impacto mídia social na saúde mental dos jovens e disse que “epidemia de solidão“arrega tantos riscos quanto o fumar para a saúde pública.

“A violência armada é uma crise urgente de saúde pública que causa perda de vidas, dor incalculável e profundo pesar para muitos americanos”, disse Murthy. Ele pediu mais investimento em saúde saúde mental para reduzir danos.

De acordo com um relatório divulgado por Murthy, Mortes relacionadas a armas chegam a cerca de 50.000 por ano nos EUA – em 2022, metade delas foram causadas por suicídios, seguidos de homicídios e acidentes. A título de comparação, o Atlas da Violência 2024 estima que o Brasil teve 52 mil homicídios em 2022 e que 75% foram cometidos com armas de fogo.

O documento divulgado por Murthy afirma ainda que a crise das armas no país vai além das vidas perdidas: impacta também milhões de pessoas que são baleadas e sobrevivem, testemunhas de tiroteios e pessoas que acompanham o assunto na imprensa.

Principais causas de morte entre crianças e adolescentes

Em 2020, a violência armada tornou-se a principal causa de morte entre crianças e adolescentes nos EUA, prossegue o relatório, uma taxa 11 vezes superior à de França, 36 vezes superior à da Alemanha e 121 vezes superior à do Japão.

Também houve um aumento no número de tiroteios no país, que atraem muita atenção, mas representam uma pequena porcentagem do total de mortes por armas de fogo, disse Murthy. Desde 2020, ocorrem mais de 600 casos desse tipo por ano, segundo o entendimento que define ataque a tiros como o evento em que pelo menos quatro pessoas são mortas a tiros.

No entanto, é improvável que as recomendações sugeridas pela autoridade sanitária sejam adotadas, pois incluem a restrição do acesso a armas e a proibição de metralhadoras, medidas veementemente rejeitadas pelo Partido republicano.

A sigla defende que o direito ao porte de armas é garantido por Constituição norte-americana e tem resistido, na Câmara dos Deputados e no Senado, a qualquer mudança na lei federal – muitos Estados governados por Democratas Já legislaram sobre o assunto e tendem a ter leis mais restritivas.

Nesta terça-feira, o ANR (Associação Nacional do Rifle), o principal grupo de lobby pró-armas do país, disse que a declaração de Murthy era “parte da guerra de Biden contra os transportadores de armas que cumprem a lei”.

Na última sexta-feira (21), o Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu por 8 votos a 1 que uma lei que proíbe a posse de armas para cidadãos com ordens de restrição relacionadas a casos de agressão doméstica é constitucional.