Dólar recua com alívio no exterior após sinalização do BC do Japão | Finanças

O dólar à vista fechou em queda de 0,55%, cotado a R$ 5,6249, após tocar na máxima intradiária de R$ 5,6405 e na mínima de R$ 5,5977. O euro comercial caiu 0,63%, a R$ 6,1434.

No exterior, por volta das 17h10, o índice DXY dólar subia 0,22%, para 103.196 pontos, impulsionado pela forte valorização da moeda americana face ao iene, na ordem de 1,5%. Já o dólar caiu frente aos reais: a moeda caiu 1,64% frente ao peso mexicano; teve leve queda de 0,08% frente ao peso chileno; e caiu 0,52% em relação ao rand sul-africano.

A moeda mexicana é a que mais se beneficia com a queda do iene, pois o movimento torna mais atrativa a estratégia de “carry-trade”, tão popular ao longo de 2024, mas que perdeu força com a perspectiva de juros mais altos. no Japão. Estas operações consistem em retirar recursos de países com taxas de juro baixas — como o Japão — e alocá-los em países com taxas elevadas — como o México — e assim ganhar com o diferencial de juros. Em menor medida, o real também sofreu com o recente desmantelamento do carry-trade.

Os comentários do vice-presidente do BoJ chamaram a atenção dos investidores, especialmente após o aumento das taxas de juros na semana passada, acompanhado do início de um processo de aperto quantitativo, que consiste na redução da liquidez do mercado através da venda de ativos da carteira do banco central.

“As declarações de Uchida não significam necessariamente que o ciclo de subida das taxas de juro no Japão já tenha terminado antes de realmente ter começado. Mas mostram que o Banco do Japão não só reage com sensibilidade se o iene se desvalorizar demasiado rapidamente, mas também se se valorizar demasiado rapidamente”, afirma Antje Praefcke, analista cambial sénior do Commerzbank. Antes do sinal de hoje, o dólar havia caído para o nível de 141 ienes, algo que não acontecia desde janeiro.

O bom desempenho das moedas emergentes e outros ativos de risco na sessão de hoje também sugere que o mercado começou a se estabilizar após o pânico que marcou o final da semana passada e o início desta, após dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos terem aumentado o risco de recessão no país.

Em nota, o economista-chefe do Goldman Sachs, Jan Hatzius, avalia que o cenário ainda é de continuidade de crescimento nos Estados Unidos, ainda que em ritmo mais suave, o que poderia permitir uma política monetária menos agressiva por parte dos bancos centrais . economias emergentes.

“As preocupações sobre a geopolítica, a política fiscal interna e a taxa de câmbio ainda persistem, mas esperamos que os bancos centrais dos mercados emergentes tracem um caminho mais ‘pacífico’ [favorável ao afrouxamento monetário] quando a recente volatilidade dos mercados financeiros diminuir”, informa em relatório.

Mas, com as incertezas fiscais e a deterioração das expectativas inflacionárias no Brasil, o real poderá enfrentar mais desafios pela frente, o que limitaria sua recuperação após cair mais de 15% frente ao dólar em 2024. Pensando em um cenário onde o dólar ainda esteja apoiado em no exterior e altos prêmios de risco nos mercados locais, a equipe de pesquisa econômica do Itaú atualizou seu cenário base para o real e agora projeta um dólar cotado a R$ 5,50 tanto no final de 2024 quanto no final de 2025. Anteriormente, o banco previa um preço de R$ 5,30 no final deste ano e R$ 5,40 no ano que vem.