Dólar encerra sessão em queda, mas acima de R$ 5,50 | Finanças

Terminadas as negociações, o dólar comercial fechou em queda de 0,20%, a R$ 5,5079, após ter tocado a mínima de R$ 5,4824 e atingido a máxima de R$ 5,5384. O euro comercial valorizou 0,01%, a R$ 5,8953. Nos demais mercados emergentes, porém, o dólar valorizou-se por volta das 17h15, com alta de 0,40% frente ao peso mexicano; 0,78% em relação ao peso chileno; 0,59% em relação ao peso colombiano; e 1,55% contra o rand sul-africano.

A repentina desvalorização do real nos últimos dias foi interrompida hoje. Mas um dia antes do final do mês, o dólar já se valorizou 4,93% frente à moeda brasileira em junho. E não é só o real que se desvaloriza, a moeda americana também valoriza cerca de 7,92% frente ao peso mexicano e 8% frente ao peso colombiano. Ronny Woo, gestor da Ativa Asset, lembra que este último mês foi marcado pelo pessimismo em relação aos mercados emergentes. “Vimos isso desde as eleições no México e na Índia”, diz ele. “Havia mau humor em toda a classe emergente, o que acabou nos afetando. Além disso, temos tido comentários mais infelizes do nosso governo sobre a questão fiscal”, afirma.

A combinação do mau humor com os mercados emergentes e o ruído local é suficiente para resultar num ambiente desfavorável para a taxa de câmbio doméstica. Com a saída sazonal no final do semestre, esse cenário se agrava ainda mais, segundo o gerente da Ativa. “Temos uma mudança no balanço semestral, em que as multinacionais tendem a enviar dinheiro para o exterior. Vimos ainda ontem, em dados do Banco Central, uma saída via forte fluxo financeiro na última semana. Depois da virada do mês, talvez essa saída seque”, afirma.

Há também uma expectativa entre os participantes do mercado de que, com o vencimento dos contratos futuros de julho, alguma parte da posição do dólar estrangeiro em relação ao real no mercado de derivativos desapareça. Segundo dados da B3, a posição dos estrangeiros em minidólares, dólares futuros, swaps e cupons cambiais (DDI) atingiu ontem US$ 79,3 bilhões, recorde histórico.

Para o gestor da Ativa, porém, os sinais são de que os contratos deverão ser prorrogados. “A maior parte desta compra [de dólar] Geralmente está concentrado no primeiro vencimento, que vence no Ptax de amanhã. E desde o início desta semana já vimos o movimento dos contratos rolando para agosto, então não deve fugir do que estamos vendo”, afirma Ronny Woo. “Claro que só veremos a foto propriamente dita na próxima semana, quando a B3 divulgar os dados da primeira sessão de julho.”

Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, em referência ao mercado de derivativos, que “as pessoas que apostam em ganhar dinheiro com o fortalecimento do dólar [contra o real] eles vão quebrar a cara de novo.”

Em nota enviada aos clientes, estrategistas da Oxford Economics afirmam que o real passa por um momento de “ultrapassagem”. “Esperamos uma valorização no curto prazo em torno de 3% a 5%”, dizem. “Essa correção está acompanhada de um diferencial de juros nominais muito atraente de 5%.”

O Bank of America também vê espaço para o dólar perder força até o final do ano, ao projetar a moeda americana no patamar de R$ 5,25 em dezembro. Essa estimativa, porém, reflete mais pessimismo por parte do banco americano do que otimismo, já que a previsão anterior era de dólar a R$ 5,00 ao final de 2024. Além disso, para os próximos anos, a perspectiva é de patamar ainda maior, do dólar para R$ 5,50 ao final de 2025 e para R$ 5,75 em 2026.