A bolsa brasileira derreteu, passando de 129 mil para 127 mil pontos. Dos exportadores aos varejistas: a aversão ao risco atingiu todo o mercado. O dólar registrou sua maior alta em duas semanas. Três razões principais explicam o cenário de caos desta quinta-feira. A primeira é a crescente preocupação com o anúncio do governo sobre a dimensão do corte de gastos.
A segunda é a reacção do mercado às políticas prometidas na campanha do candidato republicano Donald Trump. Por fim, a última coisa é que os ativos também estão em correção após 12 pregões de ganhos em julho.
- O Ibovespa caiu 1,39%, aos 127.652 pontos. Ainda acumula ganhos de 3% em julho. No ano, o índice cai quase 5%;
- O volume negociado foi de R$ 13,44 bilhões, abaixo da média de R$ 16,7 bilhões em 12 meses.
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Para o mercado, a percepção de risco fiscal no Brasil é crescente. O governo está prestes a anunciar o valor total do bloco para cumprir o quadro fiscal. A expectativa do mercado é de um contingenciamento de pelo menos R$ 15 bilhões. Qualquer coisa menos que isso desagradará o mercado, porque indica que o déficit fiscal zero fica mais distante. Para azedar ainda mais o ânimo dos investidores, uma entrevista com a ministra Simone Tebet sugeriu que a torneira dos gastos está aberta.
Segundo o ministro, as questões sociais não devem ser sacrificadas e o governo vai ajudar o Rio Grande do Sul, que sofre com as enchentes, e o Pantanal, devido à ameaça de incêndios, na medida do possível. Tebet chegou a dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria dado autorização para gerar créditos para ajudar essas duas áreas.
Embora ela também tenha dito que o governo busca atingir o máximo de “não gastar mais do que arrecada”, o cenário é crítico. “Objetivamente, teremos que cortar gastos. Mas vamos cortar gastos com o que realmente sobra. Ainda há muita fraude, erros e irregularidades”, disse ela.
“O Brasil não pode gastar mais do que ganha. Mas, ao mesmo tempo, não pode gastar menos do que o necessário”, acrescentou.
Para Anderson Silva, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, parte da queda é um movimento conhecido como realização de lucros. Esse tipo de movimento é uma espécie de correção. Normalmente, quando há uma forte alta, os investidores vendem ativos para obter o lucro obtido até aquele momento.
“Depois de uma alta de mais de 8% nos últimos 22 pregões, vejo como natural um recuo. Acho um pouco exagerado para um único dia, mas quando o mercado sobe é a escada e quando desce geralmente é o elevador”, diz ele.
- O dólar valorizou 1,89% frente ao real no pregão, sendo negociado a R$ 5,59. A sessão de hoje praticamente apagou toda a valorização do real alcançada em julho. No acumulado do ano, a moeda americana subiu 15%.
O fator Trump, que deverá aumentar as tarifas de importação, reduzir impostos e limitar a entrada de imigrantes, já ganhou nome no mercado do “comércio Trump”. O termo é utilizado para tentar compreender os efeitos de uma vitória do republicano Donald Trump. O receio de que haja ainda mais restrições ao comércio entre as empresas tecnológicas e a China fez com que as ações do setor caíssem nas bolsas americanas. As taxas de juros, por sua vez, subiram.
As taxas de juros americanas têm sido um dos principais fatores que influenciam as taxas brasileiras. Esta quinta-feira, as taxas nos EUA aumentaram, em reação à expectativa de que Trump ganhe a corrida eleitoral após o ataque contra ele no fim de semana. O empresário é visto como um presidente que deverá gerar mais inflação, o que levaria o Banco Central dos Estados Unidos a aumentar os juros para contrabalançar a alta dos preços.
No Brasil, o dia foi de subida dos juros, acompanhando as taxas americanas e piorando com os discursos do ministro Simome Tebet.
- A Taxa de Depósito Interbancário (DI) de janeiro de 2025 passou de 10,62% para 10,67%. Os prêmios dos contratos de menor prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores em relação à Selic;
- Para janeiro de 2033, a alíquota passou de 11,91% para 12,13%. Os vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com a inadimplência do governo (o chamado “risco fiscal”).
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Nem mesmo a alta do dólar ajudou os exportadores de proteína animal. Após a descoberta de um surto da doença de Newcastle em uma granja comercial de aves no Rio Grande do Sulas ações da Marfrig, JBS e Minerva e da BRF despencaram.
Em casos de doença, muitos dos países que compram aves do Brasil podem impor um embargo até terem toda a confirmação de que a infecção foi eliminada.
“Acredito que talvez o medo de que algo maior possa impactar o Brasil como um todo possa ter gerado um certo pânico entre os investidores, porém, se essa questão permanecer apenas no RS, essas empresas serão pouco afetadas”, aponta Silva, da GT Capital .
As empresas com gastos em dólar também sofreram com a alta da moeda americana, pois isso significa que terão custos maiores para manter suas operações.
As incertezas quanto ao quadro fiscal também prejudicaram os retalhistas. As contas públicas deficitárias passam a imagem de que o país é um gastador e, portanto, aumentam o prémio de risco. E quem sofre num cenário de taxas altas são aquelas empresas que dependem do consumo e do crédito mais barato para prosperar.
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