O diplomata Marcos Azambuja, que atuou como embaixador em Paris e Buenos Aires, pregou cautela na posição do Brasil em relação ao resultado das eleições na Venezuela. O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) proclamou formalmente Nicolás Maduro como vencedor das eleições presidenciais desta segunda-feira.
A proclamação foi feita menos de 24 horas após o fechamento das urnas no país, em meio a questionamentos de líderes internacionais e com menos de 80% dos votos apurados. Para Azambuja, o fato de o Brasil não ter participado da eleição como observador direto, com representantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por exemplo, dificulta a formação de uma opinião fundamentada sobre a legitimidade do processo eleitoral.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desistiu de enviar dois representantes para acompanhar as eleições presidenciais na Venezuela depois que o presidente Nicolás Maduro, então candidato à reeleição, afirmou que as eleições no Brasil não são auditadas. O embaixador Celso Amorim foi enviado a Caracas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para verificar as condições em que ocorreriam as eleições venezuelanas.
“Minha convicção é que, neste momento, o Brasil não deveria dizer nada. O Brasil não teve missão de observação nas eleições. Portanto, não temos uma missão de observação. O TSE ia enviar uma equipe, o que foi cancelado para não termos fontes próprias de avaliação”, disse Azambuja.
Membros da equipa de observadores do Carter Center, organização promotora da democracia fundada pelo antigo Presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, e do Painel de Peritos das Nações Unidas (ONU) acompanharam as eleições deste domingo após a retirada do convite para a missão da União Europeia e o cancelamento da viagem de alguns representantes governamentais da região.
“O Brasil deveria esperar alguns dias para ver qual será a reação dos grupos, países ou instituições que enviaram observadores. Portanto, vamos ouvir um pouco, esperar um pouco para ver que julgamento essas pessoas fizeram das eleições, se foram transparentes, se foram idóneas”, defendeu Azambuja.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) brasileiro destacou esta segunda-feira o caráter pacífico das eleições presidenciais na Venezuela, mas destacou que ainda aguarda a disponibilização, por parte da CNE, de dados detalhados sobre a votação, sondagem a sondagem. Não há prazo definido para a divulgação das informações.
“Neste momento parece-me ser o caminho a seguir”, disse Azambuja. “Em 72 horas, novas informações ou novos fatos podem surgir e sugerir novas atitudes”, disse.
“Não estou sugerindo que o Brasil esteja calado ou indeciso. Acho que o país deveria esperar um pouco para ver exatamente o que aconteceu ou não. O que o Brasil precisa agora é da sobriedade das palavras comedidas. Como disse um grande diplomata brasileiro, é urgente esperar”, finalizou.
Thiago Vidal, diretor de análise política da Prospectiva, avalia que será difícil para o governo Lula se opor a Maduro devido ao histórico das últimas décadas. Em entrevista à rádio CBN, considerou que a maior dificuldade vem do ponto de vista político-partidário, já que vários segmentos do PT e dos movimentos sociais que apoiam o governo são a favor de Maduro. Ele citou como exemplo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que se manifestou publicamente a favor do resultado das eleições venezuelanas.
“Nos últimos 20 anos, o Brasil atuou muito mais como facilitador do endurecimento do regime, fechando os olhos ao regime de Maduro, do que qualquer outra coisa. É difícil para o governo brasileiro se opor a esta altura do campeonato, quando também há grupos que apoiam o governo federal que são a favor de Maduro e têm feito isso de forma muito enfática”, disse ele à CBN.
Azambuja diz que o Brasil se envolveu “um pouco demais” na política venezuelana nos últimos anos – seja pela leniência durante o período Hugo Chávez ou pelo envolvimento excessivo com candidatos alternativos no governo Maduro – e deve recuperar a imagem de um país que não se intromete na política interna de outros países e trabalha pela paz na América do Sul.
“O Brasil se envolveu um pouco demais na intimidade da vida interna venezuelana. O que quero é recuperar aquela ideia de que o Brasil não se envolve muito, fica atento, observa e fala quando tem elementos de convicção que o levam a acreditar que suas palavras são úteis, construtivas e reforçam a paz na América do Sul e o entendimento entre vizinhos ”, afirmou.
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