Em resposta à Procuradoria-Geral da República (PGR), o ministro Flávio Dinodo Supremo Tribunal Federal (STF), manteve a suspensão do Alterações Pix que não atendam a todos os critérios de transparência e rastreabilidade – uma vez seguidos, podem ocorrer transferências, conforme decisão do ministro. No entanto, Dino autorizou transferências em caso de calamidade e de realização de obras públicas, embora também abranja a transparência na utilização dos recursos.
A decisão de Flávio Dino ocorreu nesta quinta-feira (8) na ação movida pela PGR que questiona a constitucionalidade das emendas do Pix – uma espécie de emenda individual para transferir dinheiro diretamente para Estados e municípios, sem estar vinculada a um projeto ou atividade específica. Portanto, sem finalidade específica, os recursos pertencerão aos municípios ou estados no momento do repasse financeiro.
Dessa forma, Dino mantém o mesmo teor da decisão proferida na ação proposta pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), mas deixando as regras mais flexíveis para execução de alterações do Pix em casos de calamidade pública e obras em andamento. Desde a primeira decisão de Dino sobre as alterações do Pix, a Advocacia-Geral da União (AGU) sugeriu ao Executivo uma espécie de bloqueio preventivo de recursos para evitar que ocorram transferências fora dos critérios exigidos por Dino.
Durante reunião técnica do dia 6 de agosto promovida por Dino, órgãos de controle, Executivo e Legislativo consideraram que a decisão do STF poderia impedir a realização de obras importantes, como hospitais, e ações em locais em situação de calamidade pública, portanto, em decisão de Após a ação da PGR, Dino deixou clara a execução nestes casos.
Por exemplo, no caso de obras já em andamento, para pagamento de medições, os repasses poderão ser feitos desde que apresentem certificado de medição, emitido por órgão definido pelo Poder Executivo Federal. No caso de calamidade, deverá ser reconhecida pela Defesa Civil e publicada no Diário Oficial.
O andamento da implementação das alterações do Pix tem preocupado o Legislativo. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, se reuniram nesta quinta-feira (8) e, segundo informações obtidas pelo Valor, um dos temas foi a ação que discute as alterações do Pix. Procurado, Lira negou que as alterações do Pix fossem tema da reunião e disse ao Valor que o encontro era para discutir “assuntos institucionais”.
Na quarta-feira (7), a PGR ajuizou ação (ADI 7.695) solicitando que o STF considere inconstitucionais as alterações do Pix e solicitou liminar para suspender imediatamente o pagamento desses recursos até que o Tribunal analise o mérito da ação. Para Gonet, a manutenção das alterações do Pix precisa ser suspensa devido ao período eleitoral.
Para a PGR, o modelo “não parece admissível, pois envolve perda de transparência e rastreabilidade dos recursos atribuídos”, além de ofender vários princípios constitucionais, como o pacto federativo e a separação de Poderes.
Gonet argumentou ainda que, ao permitir o repasse direto de recursos federais a outros entes federados, as emendas do Pix violam a lógica estabelecida pela Constituição para elaboração e execução do Orçamento.
Para a PGR, o modelo reduz o papel do Poder Executivo na operacionalização do Orçamento e representa a entrega de recursos diretamente aos Estados e municípios, sem possibilidade de acompanhamento da utilização dos valores. “O valor simplesmente passa a ser propriedade do ente político beneficiário do ato de simples transferência”, afirmou.
Segundo Gonet, ao transferir valores federais diretamente para outros entes federativos, as alterações do Pix excluem a competência do Tribunal de Contas da União (TCU) para fiscalizar a utilização dos recursos, que são de origem federal. “A distorção do sistema republicano de monitoramento dos gastos públicos é clara”, disse ele.
As alterações do Pix já são objeto de questionamento em outra ação que tramita no STF, apresentada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Na semana passada, o ministro Flávio Dino, relator da ação, decidiu manter os repasses, mas impôs uma série de condições para garantir a transparência das alterações do Pix.
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