Devagar e (quase) sempre: Ibovespa conquista oitavo pregão de alta | Bolsas e índices

Mais uma vez, o preço do minério de ferro caiu, na sequência de dados desanimadores da economia chinesa. Diferentemente do que se deseja para Brasil, Estados Unidos e Europa, na China o mercado espera uma aceleração da inflação. E o índice de preços chinês acabou ficando abaixo das expectativas. Isto significa que a segunda maior economia do mundo deverá crescer menos, o que reduzirá a procura por minério de ferro. Portanto, esses produtos se desvalorizam e arrastam junto com eles o mercado acionário brasileiro para o buraco.

Mas as ações de empresas ligadas ao setor nacional atuaram no sentido positivo. Esses títulos se beneficiam de um cenário de inflação controlada e taxas de juros mais baixas. E foi exatamente isso que trouxe o resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com medições abaixo do esperado e apontando para desaceleração da inflação, bancos e construtoras ganharam lugar ao sol no pregão.

• O Ibovespa subiu então 0,09%, aos 127.218 pontos nesta terça-feira, feriado da Revolução Constitucionalista. Julho segue a tendência de alta observada em junho e já acumula alta de 2,67%. No ano, porém, o índice cai 5,19%;
• O volume negociado foi de R$ 15 bilhões, abaixo da média de 12 meses de R$ 16,8 bilhões, mas não surpreende considerando o feriado.
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Uma inflação mais controlada e mais próxima da meta de 3% ao ano daria ferramentas para o Banco Central reduzir novamente os juros, cujo ciclo de queda foi interrompido no mês passado. A redução da taxa referencial (Selic) tem efeitos positivos na economia local.

Há um estímulo, embora não explícito, ao consumo, há uma redução do custo do crédito, o que melhora a situação da dívida. Com retornos mais baixos da renda fixa, o mercado de ações fica um pouco mais atrativo para os investidores.

Contudo, o corte da taxa de juros no Brasil não acompanha apenas o movimento da inflação. Está também condicionada por factores externos, como a redução das taxas de juro nos Estados Unidos. Se as taxas continuarem altas por lá, é possível que a Selic se mantenha em patamares elevados também aqui.

Hoje, o presidente do banco central americano, Jerome Powell, repetiu na Câmara dos Representantes as falas que tinha dito no dia anterior no Senado. E voltou a repetir que a inflação não precisa atingir a meta para que os cortes comecem.

No entanto, Powell já tinha sublinhado que ainda precisa de ver mais dados sobre a desaceleração da inflação antes de tomar qualquer decisão que culminaria num corte antecipado das taxas de juro e dificultaria a tentativa da Fed de aplacar a subida dos preços.

Amanhã será divulgado o índice de preços ao consumidor dos EUA, algo um pouco semelhante ao nosso IPCA. Na sexta-feira, é a vez da divulgação do índice de preços dos produtos. Esses dados são capazes de mudar os rumos do mercado, que nos últimos dias vem colecionando ganhos e até batendo novos recordes.

Com a melhora na percepção das contas públicas e o avanço da Reforma Tributária no Congresso, as taxas de juros têm reagido com queda. O dólar seguiu-se, com a ajuda da descida das taxas de juro dos títulos públicos americanos.

• A Taxa de Depósito Interbancário (DI) referente a janeiro de 2025 foi reajustada de 10,57% para 10,53%. Os prêmios em contratos de prazo mais curto estão mais ligados às expectativas dos investidores em relação à Selic;
• Para janeiro de 2033, a alíquota passou de 11,88% para 11,78%. Os vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com a inadimplência do governo (o chamado “risco fiscal”).

• O dólar caiu 0,04%, sendo negociado a R$ 5,41. No mês, a queda acumulada é de 3,16%. No ano, ainda registrou aumento de 11,53%.

Das 86 ações do Ibovespa, 42 subiram e 41 caíram no dia. Outros três permaneceram estáveis.

Entre as quedas, um dos destaques é a Cemig (CMIG4). Segundo Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos, a ação reage à retomada da discussão sobre uma possível federalização da empresa no plano de reestruturação de dívidas entre o Estado de Minas Gerais e a União.

“Na esteira da queda do dólar, também caem as empresas e exportadoras de celulose que são prejudicadas pela queda da moeda, como Suzano e Klabin. O setor tem a maior parte de seu faturamento em dólar e acaba sendo mais impactado “, diz o especialista.