Deputados e especialistas defenderam hoje, em audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o avanço de um projeto que propõe a redistribuição automática de cadeiras no parlamento no ano anterior a cada eleição, a partir de 2027, observados os dados de o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 11 votos a 0, que o Congresso deve redefinir o número de deputados a que cada Estado tem direito de acordo com a população atual. Os magistrados concordaram que a redistribuição de cadeiras deve ser feita até junho de 2025. Caso não seja feita pelos parlamentares neste prazo, a tarefa caberá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entre os estados que poderiam ganhar mais deputados estão Santa Catarina, Pará e Amazonas. Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Piauí e Paraíba estariam entre os que perderiam.
Durante a audiência pública, parlamentares dos estados que seriam beneficiados pela mudança demonstraram apoio à medida.
“Sempre preferimos que o Legislativo tomasse decisões relacionadas ao Legislativo. Mas esse negócio demorou tanto que nós do Pará entramos com uma ação no STF pedindo ao Supremo que desse prazo ao Congresso para deliberar. isso aqui. Nós do Pará, não queremos ignorar a decisão do Legislativo. Não, queremos que o Legislativo delibere. Airton Faleiro (PT-PA).
“Nossa composição por Estado não reflete a composição aqui na Câmara. Não podemos deixar de corrigir”, completou.
No mesmo sentido, o deputado Pezenti (MDB-SC)autor da proposta, afirmou que a mudança trará mais recursos para Estados que atualmente estão sub-representados. “Santa Catarina, por exemplo, com mais quatro deputados, terá mais R$ 140 milhões [entre emendas individuais e de bancada] em apenas um ano.”
Relator da proposta, o deputado Danilo Forte (União-CE) alertou para a possível disputa interna que ocorrerá no Parlamento em função da votação da medida, mas destacou que é preciso buscar uma solução para essa questão.
Nos bastidores, os parlamentares destacam que é pouco provável que o texto avance nos próximos meses, porque o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)não devem patrocinar o avanço de matéria que represente diminuição da representação do seu Estado na Câmara. Alagoas perderia um parlamentar caso a proposta fosse aprovada.
Portanto, o autor do projeto já estaria lançando uma ofensiva contra os candidatos à sucessão de Lira no comando da Câmara a partir de fevereiro de 2025.
Na mesma audiência pública, a diretora-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Roberta Maia Gresta, reiterou a importância de o Congresso focar nesse cálculo, pois, na sua avaliação, esse ajuste “será bem recebido pela sociedade e pelo TSE”. .
O advogado de Banhos Pedro Paesde Sergio Banhos Advogados Associados, destacou que há uma grave distorção na atual distribuição de cadeiras por estado no Legislativo. “O que vemos no contexto brasileiro é uma grave distorção: o peso do voto é desigual e em grau acentuado. A desproporção na representação política não só está presente na Câmara Alta, mas também é comum em outras federações democráticas , no caso do Senado Federal. Mas a própria desproporcionalidade se manifesta aqui na Câmara dos Deputados, o que, a meu ver e no meu sentir, é ainda mais grave quando se trata da Câmara de representação popular.”
No seu discurso, Banhos citou o ex-ministro da Justiça Paulo Brossard, que manifestou, na década de 1990, “a sua preocupação justamente com esta desigualdade no peso do voto nesta Câmara dos Deputados”. “Ele disse que há brasileiros que valem mais que outros brasileiros”, finalizou o advogado.
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