A defesa de Ana Saicali, ex-presidente de B2Wnegou que o executivo tenha tentado fugir do país para evitar ser preso na operação de Policia Federal É de Ministério Público Federal investigando um suposto esquema de fraude fraude contábil nos americanos. Quando o mandado de prisão contra Saicali foi emitido, ela estava em Portugal e foi considerado fugitivo da Interpol.
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Saicali se apresentou à Polícia Federal na segunda-feira (1º), ao retornar ao Brasil. Segundo a defesa do executivo, a ex-presidente do braço digital da varejista havia feito “uma curta viagem ao exterior por ocasião de seu aniversário, e não houve restrições” para sair do país.
Com a apresentação de Saicali à PF, sua prisão preventiva foi revogada. O executivo agora cumpre medidas cautelares, como a proibição de sair do Brasil. Seu passaporte foi confiscado.
Segundo a PF, Saicali havia comprado passagem só de ida para Lisboa, junto com o filho. A compra dos ingressos foi feita na bilheteria. Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, um dia antes da viagem —o executivo embarcou no dia 16 de junho, e a passagem foi comprada no dia anterior. Na visão dos investigadores, as características da compra reforçaram a suspeita de que ela tentava fugir.
“O fato de Anna Saicali ter comprado apenas passagem só de ida, sem previsão de retorno, mesmo sabendo que está sendo investigada em inquérito policial no Brasil, além de se mudar com o filho, demonstra a intenção de caráter definitivo na mudança e a intenção de garantir a não aplicação da lei penal”, escreveu a PF.
Em nota, a defesa de Saicali nega que essa tenha sido a intenção de seu cliente. Advogados afirmam que a ex-presidente da B2W comprou antecipadamente uma passagem para seu retorno ao Brasil. Eles, no entanto, não responderam quando estava previsto seu retorno ao país.
O comunicado da defesa diz ainda que Saicali está cooperando com as investigações e que, assim que soube do pedido de prisão contra ela, “procurou a justiça para esclarecer os fatos”.
“Desde o início das investigações, Anna [Saicali] respondeu a todos os apelos das autoridades (Polícia Federal, Comissão de Valores Mobiliários e Comissão Parlamentar de Inquérito). Ele sempre esteve e continuará à disposição da Justiça, confiando que a verdade prevalecerá, comprovando que nunca participou de nenhuma ilegalidade”, completa a nota.
A PF suspeita de erro processual na Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) alertou Saicali e o ex-CEO da Americanas SA Miguel Gutierrez da existência de medidas cautelares contra eles. Segundo a corporação, uma carta confidencial contendo restrições ainda pendentes de cumprimento contra os dois foi incluída nos autos de um mandado de segurança movido pela defesa do ex-vice-presidente das Americanas. Márcio Cruz Meirellesque também é alvo de investigações.
O erro ocorreu em 6 de maio deste ano. A PF destaca que Meirelles trabalhou por mais de 20 anos com Gutierrez e Saicali, sendo os três amigos. Portanto, diz a corporação, é muito provável que o ex-vice-presidente ou um dos seus advogados “os tenha informado sobre a existência das medidas cautelares”.
Ao conceder a decisão pela prisão preventiva de Saicali e Gutierrez, o desembargador Márcio Muniz da Silva Carvalho, da 10ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, destacou que essas circunstâncias eram “completamente diferentes do que é habitual nas viagens turísticas”.
Afirmou também que a decisão de Saicali de deixar o país ocorreu pouco depois de ela tomar conhecimento de que estaria sujeita a medidas cautelares, através de um documento que foi incluído por engano no processo de outra pessoa investigada.
Evidências “geram suspeitas bem fundamentadas”
Para ele, todos estes indícios “geram fundadas suspeitas” de que o ex-diretor pretendia “fugir da comarca da culpa para evitar a aplicação da lei penal”.
O juiz destaca em sua decisão “as circunstâncias de sua saída do país — passagem adquirida no mesmo dia da viagem para Portugal, no balcão do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em voo só de ida, sem compra de passagem de volta, algo que destoa completamente do que é habitual nas viagens turísticas —, logo após tomar conhecimento da existência de medidas cautelares pendentes de avaliação”.
O magistrado afirmou ainda que, a princípio, não tinha intenção de ordenar a prisão de nenhum dos investigados. “Ressalto que este tribunal não teve a intenção a priori de decretar a prisão preventiva de nenhum dos investigados na Operação Divulgação, porém os fortes indícios da evasão do país por Anna Saicali na tentativa de evitar a aplicação da lei penal não deixam isso magistrado com qualquer outra alternativa. ”.
Ele também observou que se ela se apresentasse espontaneamente às autoridades brasileiras, a necessidade de manter sua prisão preventiva poderia ser revista. Como a ex-diretora decidiu se entregar, ela chegou ao Brasil na última segunda-feira e não foi presa, apenas precisou entregar o passaporte.
Gutiérrez está em Madri, Espanha, e também se apresentou à justiça do país europeu. Não há, porém, previsão de retorno ao Brasil.
Segundo a PF, o ex-CEO mudou-se para a capital espanhola em 29 de junho de 2023 —e, assim como Saicali, a passagem também foi comprada um dia antes da viagem, segundo os investigadores. Gutierrez tinha passagem de volta, marcada para 8 de julho daquele ano, mas optou por não retornar na ocasião, remarcando a passagem para 20 de junho deste ano. Segundo a PF, o executivo desistiu de retornar ao país após tomar conhecimento das medidas cautelares contra ele.
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