CRA Sênior da Yara paga 100% aos investidores | CRI e CRA

Devido à inadimplência de nove das 26 revendas de produtos Yara que originaram o lastro dos CRAs, apenas uma parcela dos títulos foi paga na data prevista, em 20 de junho. Após um atraso de duas semanas, os investidores finalmente conseguiram recuperar totalmente os seus fundos.

O CRA Sênior da Yara tinha uma característica particular, pois não contava com garantia da multinacional. Apenas CRAs do tipo subordinado foram garantidos pela empresa.

Essa estrutura é incomum, pois a maioria dos CRAs Seniores são vendidos para pessoas físicas com o apelo de ser um investimento garantido por uma empresa de primeira linha e com isenção de imposto de renda.

Na formalização do título, porém, os CRAs Seniores têm prioridade sobre o fluxo de receitas provenientes das revendas. Assim, mesmo com algumas revendas ainda inadimplentes, o valor arrecadado foi suficiente para quitar a parcela do CRA Sênior.

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As revendas de insumos utilizam os valores a receber das vendas a crédito a clientes finais para captação de recursos no mercado financeiro. Esses valores são chamados de “contas a receber”.

O objetivo é “antecipar o fluxo de recebimento e pagar o produto à vista”, explica Cristian Fumagalli, responsável por relações com investidores da EcoAgro, empresa que estruturou a operação. Porém, devido ao atraso no plantio da safra 23/24, os produtores atrasaram os pagamentos.

Das nove empresas com atrasos, sete já finalizaram ou estão em processo de regularização da situação com a Yara, afirma Fumagalli. A empresa securitizadora é responsável pelo processo de cobrança.

Diz ainda que “agora que a agricultura precisa de apoios, nenhum dos revendedores, em momento algum, indicou a possibilidade de não pagamento. O que vimos foi a prova deles de que o pagamento aconteceria, mesmo que um pouco mais tarde”.

Quando o atraso foi anunciado, havia a perspectiva de que o valor devido pelas revendas fosse liquidado de uma forma que o mercado do agronegócio brasileiro chama de “permuta”. Na prática, o pagamento é feito em produtos, neste caso em grãos. Posteriormente, no dia 30 de julho, os grãos recebidos seriam vendidos e o valor seria pago aos investidores.

Embora a alternativa tenha sido considerada, Fumagalli explica que não é uma prática recorrente. “Esse é um programa que não permitia a liquidação de produtos, mas no processo de faturamento não podíamos ignorar, em nenhum momento, a realidade do campo. Então começamos a acompanhar, junto com esses revendedores, como está o desempenho das “permutas”. ”que tinham dentro da sua atividade e a forma como a rentabilizariam”.

Felizmente para os investidores do CRA Senior da Yara nada disso foi necessário e os valores acabaram sendo depositados na conta.