Era uma quinta-feira e os assessores da corretora EQI Investimentos Eles engraxavam os sapatos com engraxate ao som de uma campainha tocando toda vez que arrecadavam R$ 1 milhão de um cliente. O cenário parecia ser na Faria Lima, avenida que é o coração do mercado financeiro de São Paulo. Mas foi em Balneário Camboriúuma cidade apelidada de “Dubai brasileiro”que está localizado na costa de Santa Catarina.
Os assessores queriam estar bonitos para o evento”Semana do Dinheiro”, organizado pela empresa, que reuniu mais de 3 mil conselheiros, gestores e interessados em investimentos e empreendedorismo na cidade de 139 mil habitantes no início deste mês. É onde está o metro quadrado mais caro do Brasil e também a sede da instituição financeira, que foi criada como uma consultoria de investimentos ligada à plataforma XP em 2008, até escalar a operação a ponto de atrair o banco BTG Pactual como sócio e se tornar um corretagem em 2023.
Atualmente, com R$ 32 bilhões custodiados e 70 mil clientesA EQI planeja explorar um Brasil onde “Faria Limers” não consegue chegar. A ideia é conquistar clientes empreendedores e profissionais autônomos dos estados mais ricos, além de São Paulo. São pessoas que têm dinheiro, mas desconhecem aplicações financeiras e não estão dispostas a falar a língua de Faria Lima para descobrir. Outras grandes corretoras também buscam fazer isso por meio de escritórios credenciados, mas nenhuma delas ainda tem sede fora de São Paulo, e a EQI entende que isso é um diferencial.
“Vim para Camboriú com mala e bolsa porque aqui não tinha concorrência”, diz. Juliano Custódioatual CEO da corretoraque é do Rio Grande do Sul. “Criei um blog para fazer marketing e ganhei escala, mas ainda acho que estar fora da Faria Lima é um diferencial competitivo. No Concelho já há muitos profissionais e no interior mais rico do país não há muitos conselheiros”, afirma.
No momento, a corretora possui escritórios próprios em nove estadosinclusive um deles fica na Faria Lima, mas o desejo é ampliar o credenciamento dos escritórios parceiros em outras localidades. Já são 35 escritórios credenciados em 30 cidadessomando os próprios e plugados, e a ideia é aumentar esse número. O plano é evoluir na estruturação de crédito, auxiliando os empreendedores na emissão de debêntures e certificados de recebíveis imobiliários e agrícolas (CRIs e CRAs) para se financiarem. Além disso, os micro e pequenos empresários querem investir tanto em pessoas físicas quanto jurídicas.
“O senhor que joga bocha na praia precisa entender o que estamos falando”, afirma Luis Moranchefe de análise da Pesquisa de IQAárea de análise da corretora. Ele diz que a corretora busca ter um linguagem e uma forma mais acessível de comunicação para alcançar investidores em mais partes do país. “Precisávamos ir para a Faria Lima para crescer, mas os assessores não sabem falar o jargão da Faria Lima. Eles precisam usar a linguagem de seus clientes, que não querem falar diferente do que estão acostumados para investir seu dinheiro”, afirma.
Cerca de um terço dos clientes da empresa estão em São Paulomas o resto está espalhado pelo Brasil, especialmente nos estados de Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.
“É bom para o mercado ver que existe vida fora de São Paulo e do Rio de Janeiro. Há muitos clientes e oportunidades de negócios em outros estados, principalmente com empreendedores e autônomos”, afirma. Maurício Daouddiretor de expansão da EQI Investimentos. “Não existe uma grande corretora fora de São Paulo. E os clientes do interior gostam de se identificar com a empresa”, afirma.
Aparentemente a corretora não está sozinha nesse plano de explorar o Brasil. O evento da instituição, que parecia um pedaço da Faria Lima, mas não era, foi patrocinado por empresas como a corretora Avenue e gestoras de fundos ARX, AZ Quest, RBR, Rio Bravo e Spartaalém do banco BTG Pactual quem é seu parceiro.
Em busca de qualidade de vida
Cerca de 540 consultores são contratados pela empresa com carteira assinada e também auferem remunerações que variam de acordo com os investimentos ou ativos. A casa está atraindo assessores e especialistas em investimentos de outros estados para trabalhar em Santa Catarina, estado conhecido pelo menor custo de vida e qualidade de vida.
O CEO da EQI ainda mora em Balneário Camboriú, apesar de ir semanalmente a São Paulo. “A qualidade de vida aqui é incrível. Posso andar com meu relógio na rua, morar em uma casa a poucos minutos do trabalho, na praia e ter um escritório de 4 mil metros quadrados que acomoda 700 funcionários, mas pagando R$ 40 por metro quadrado em vez de R$ 260 por metro quadrado na Faria Lima”, afirma. “O assessor que ganha R$ 8 mil, por exemplo, tem vida melhor aqui com o mesmo salário de São Paulo“, diz.
Diferentes modelos de remuneração
Os consultores de investimentos vendem produtos de corretoras e geralmente recebem comissões com base nos produtos vendidos.. Os maus profissionais podem eventualmente empurrar aplicações financeiras que não são as melhores para os investidores, para ganhar mais dinheiro. Atualmente, não está claro para os clientes quanto dinheiro os profissionais recebem por recomendar produtos.
No entanto, mudanças na regulamentação obrigarão as corretoras a dar mais transparência sobre a remuneração desses profissionais a partir de novembro. Portanto, a tendência é que se torne mais comum nos Estados Unidos um modelo de remuneração mais comum, em que o investidor paga uma taxa fixa sobre sua carteira ao consultor. Assim, esse conflito diminui, em tese.
Atualmente a corretora, assim como grande parte do setor, trabalha com os dois modelos, mas a maioria dos clientes recebe comissões por produto. Mas na análise do CEO da EQI, o modelo de taxa fixa não é uma panacéia. “A taxa fixa vai avançar, mas não creio que isso aconteça muito rapidamente”, diz Custódio. “A maioria dos clientes não quer pagar uma taxa fixa porque não gosta de ver o desconto na fatura.“, diz.
Ele avalia isso, para a corretora, o modelo de taxa fixa é até bom, porque aumenta a previsibilidade do negócio. No entanto, ele diz que O modelo de honorários fixos também envolve conflitos de interesses, pois o orientador fica “mais preguiçoso”. O profissional tem menos motivação para vender os produtos que são melhores para os clientes, pois seu lucro é garantido.
O executivo da EQI chama a atenção para o fato de que, para ganhar salários mais altos num cenário de altas taxas de juros, em que a renda fixa está em franca expansão, consultores de investimentos de plataformas industriais estão vendendo títulos de prazo mais longo, como certificado de operações estruturadas (COEs) e certificados de recebíveis agrícolas e imobiliários (CRAs e CRIs), além de fundos de capital privado e de capital de risco (que investem em empresas que não estão em bolsa), que possuem pouca liquidez.
Quanto maior o prazo do produto, maior será o ganho para os consultores. Mas pode ser perigoso para os investidores permanecerem nas aplicações sem poder resgatar por tanto tempo. “Não existe um modelo de remuneração que resolva tudo. O melhor remédio é a transparência com o investidor”, diz Custódio.
*(O repórter viajou a convite do corretor)
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