Atualmente, no mundo do RH, uma das competências que mais se destaca e é mais procurada num executivo é o seu poder de colaboração. Dito isto, por que não pensar na máquina colaborando com o ser humano? E por que não, o ser humano colaborando com a máquina? Getty Images Quando o LinkedIn foi lançado no Brasil em 2011, a primeira coisa que ouvi de alguns clientes foi: “a consultoria de recrutamento vai morrer”. Ou os amigos diriam: “Você precisa encontrar outra carreira, seu negócio vai deixar de existir”. O mesmo aconteceu agora com a explosão do uso de IA em processos seletivos. Não esqueçamos que a IA foi inventada na década de 1940 pelos cientistas Warren McCulloch e Walter Pitts, quando criaram o primeiro modelo computacional para redes neurais, e só agora está sendo amplamente divulgada. Lembro-me de quando ainda era criança, no início da década de 1990, o computador DeepBlue da IBM começou a vencer vários jogadores profissionais de xadrez. Finalmente, em 1997, o computador derrotou o multicampeão Garry Kasparov. Inteligência Artificial Pura. Comecei a estudar que tecnologia estava chegando à área de RH no início de 2014, ou seja, há exatos 10 anos. Raramente se falava do termo HR Tech, mas lá estava eu, conversando com um empreendedor aqui, outro ali, e absorvendo tudo o que poderia ser feito e implementado para minha área. Tentei implementar, ainda em 2014, uma ferramenta de videoentrevistas que nos ajudasse muito a agilizar alguns processos que realizávamos na época. Para sua surpresa, conto aqui que os clientes se recusaram a receber avaliações feitas por vídeo. Disseram que perdeu a qualidade da avaliação. A chegada do coronavírus foi suficiente para mudar nossas mentalidades e conceitos pré-formados em nossas cabeças. Se ampliarmos ainda mais a discussão, teremos inúmeros casos em que a tecnologia veio para ajudar e não necessariamente para extinguir alguma profissão ou setor. Já escrevi em alguns outros textos que sou apaixonado por aviação e tinha o sonho de ser piloto. Ainda em meados da década de 1990, meu pai disse: “Filho, essa profissão vai acabar. Já existe tecnologia para fazer o avião voar sozinho.” Meu pai tinha razão, mas hoje ninguém entra em avião se o piloto estiver trabalhando em casa. É um exemplo de profissão que se adaptou. Hoje o piloto tem muito mais conhecimento sobre como utilizar as tecnologias disponíveis para seguir a rota mais segura, calcular sem erros o combustível, o vento, a carga da aeronave, entre inúmeras outras variáveis que podem afetar um voo, e não vejo extinção ainda. do piloto em um curto espaço de tempo. Atualmente, no mundo do RH, uma das competências que mais se destaca e é mais procurada num executivo é o seu poder de colaboração. Dito isto, por que não pensar na máquina colaborando com o ser humano? E por que não, o ser humano colaborando com a máquina? Grande parte do início de um processo seletivo, hoje, pode e é feito com muita tecnologia embarcada: verificação de informações, criação de descrição de cargo através da compilação de uma enorme quantidade de perfis e assim por diante. Tudo sendo inserido em um sistema por um ser humano, e o sistema, ou tecnologia, nos dando uma solução mais completa, assertiva e rápida. Outro dia me perguntaram se, após 24 anos recrutando executivos seniores, eu havia desenvolvido meu sexto sentido. Eu respondi que sim. E acho que é muito mais que o sexto sentido. Trata-se de entender se a forma como aquele executivo se comporta e se comunica condiz com a forma como a empresa está recrutando. É entender as nuances da história, é ter aquela sensação de que vai dar certo… ou errado. Com a inteligência artificial se desenvolvendo rapidamente, o que a maioria das pessoas fala hoje é que um bom executivo não é mais aquele que sabe as respostas. Ele é quem sabe fazer as perguntas certas. E posso garantir que um bom headhunter sabe fazer as perguntas certas há décadas. *Carlos Guilherme é CEO & Partner do Grupo FESA, com mais de 19 anos de experiência em Executive Search Most Read
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