O clima também afetou os resultados da colheita antecipada do cacau. Enquanto o Pará teme a chegada da monilíase, na Bahia doenças fúngicas, como vassoura de bruxa e podridão parda, têm sido a maior dor de cabeça dos produtores neste ano. A colheita antecipada, geralmente colhida entre Maio e Setembro, foi atrasada e menor, em grande parte devido a estas doenças. Leia mais Produtor de cacau teme que COP ‘traga’ monilíase ao Pará Governo amplia emergência para doença do cacau no norte do país Foi o que aconteceu na fazenda de João Dias Tavares Neto, que cultivou 340 hectares de cacau nesta temporada em Uruçuca. Ele estima uma queda de 60% na produção intermediária devido a doenças nas árvores e também ao clima adverso da região. “O problema começou em outubro do ano passado, com uma seca intensa que durou até o início de janeiro. Logo depois veio uma chuva muito forte, que destruiu grande quantidade de frutos das árvores”, conta. “Agora, estou sofrendo com mais chuvas e baixas temperaturas, que são um ‘prato cheio’ para a podridão parda e a vassoura de bruxa”, afirma. O agricultor Luciano Lima, que cultiva cacau em Ilhéus, afirma que a podridão reduziu em 10% a colheita antecipada em sua propriedade. Mas em localidades vizinhas, segundo ele, houve perdas de até 80% por conta da doença. “Sofri mais por causa do clima. De outubro a dezembro do ano passado tivemos um período de seca, que causou um grave aborto das flores. Com um bom controle do manejo químico, consegui mitigar o impacto da podridão”, afirma. Segundo Ricardo Gomes, gerente de desenvolvimento territorial do Instituto Arapyaú, de cada lote de cacau colhido na Bahia, dois terços são impactados pela presença da podridão parda. Considerando o efeito da podridão e da vassoura de bruxa, ele calcula que a produção inicial no Estado poderá sofrer uma redução de 30%. Mas esse percentual de perdas pode até dobrar na visão de Adilson Reis, analista especializado no mercado de cacau. Saiba mais taboola “No último trimestre do ano passado, o volume de precipitação nas áreas produtoras da Bahia foi de 47 milímetros por mês, muito abaixo do ideal, que seria de 100. Acredito que a colheita antecipada pode cair até 60 % em relação ao ano passado e provavelmente teremos a pior colheita da história”, afirma. Em meio aos fracos resultados da produção intermediária de cacau no Brasil, Reis espera um aumento na disponibilidade na safra principal, que ocorre entre outubro e abril.
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