Ó Ministério do transporte pretende realizar, entre outubro e novembro deste ano, um processo competitivo no B3 oferecer ao mercado as três concessões rodoviárias que estão em fase de renegociação: a MSVias, da CCR; Eco101, da Ecorodovias; e Arteris Fluminense. Juntos, os três acordos podem desbloquear R$ 23 bilhões em investimentos.
Os três contratos são os primeiros do setor rodoviário a chegar a um acordo entre governo e empresas, no âmbito da SecexConsenso (Secretaria de Controle Externo de Solução Consensual e Prevenção de Conflitos) do TCU (Tribunal de Contas da União). Uma cláusula dos acordos, porém, prevê que o novo contrato renegociado deverá ser oferecido ao mercado, numa espécie de licitação no mercado secundário.
“É como se o projeto fosse a leilão com o envelope já aberto. Nesse formato, temos o controlador da concessão, o gestor, dizendo o que o ativo precisa, e não o estruturador. É uma realidade diferente e o mercado está muito disponível para isso, acho que vamos ter uma boa surpresa na B3”, afirma Viviane Esse, secretária nacional de Transportes Rodoviários do Ministério dos Transportes.
O processo deverá seguir regras semelhantes às de um leilão, em que os licitantes deverão oferecer garantias e passarão por verificações. A diferença, diz Esse, é que a concessionária atual apresenta a primeira proposta e depois existe a possibilidade de concorrência mãos livres.
Caso não haja interessados, o atual controlador manterá o contrato. Caso outro grupo ganhe, terá que pagar a indenização devida ao antigo acionista e assumir o contrato imediatamente.
Dúvidas sobre viabilidade jurídica
Segundo pessoas que participaram do processo, inicialmente, havia dúvidas sobre a viabilidade jurídica de concorrer com os ativos renegociados, mas a percepção de todos os envolvidos é que o processo seria fundamental para evitar um “risco moral” de beneficiar um grupo econômico específico para renegociação.
O processo mais avançado é o da Eco101, que deverá ser orientado pelo relator do caso nas próximas semanas. Os projetos MSVias e Fluminense também estão próximos dessa fase. De acordo com os prazos previstos no consenso da Secex, após o acordo, os termos são enviados ao Ministério Público, que tem 15 dias para análise, e depois o relator tem mais 15 dias para discutir no plenário. Qualquer pedido de visualização tem um prazo máximo de sete dias.
“A principal vantagem do acordo é ter obra imediata, quando comparado a um novo leilão. E existe a possibilidade de modernização de contratos antigos. Além disso, caso a nova concessionária não cumpra com suas obrigações, a saída é imediata, o que também é uma inovação. No processo normal, a concessionária sai no vencimento, mas na renegociação o grupo se compromete a sair imediatamente caso não cumpra”, explica Esse.
Segundo ela, nos primeiros três anos haverá um acompanhamento rigoroso das obras por um verificador independente. Dos R$ 23 bilhões em obras previstas nos três projetos, R$ 6 bilhões deverão ser realizados nos próximos três anos.
Além das três concessões já em consenso, o governo está em intensas negociações com a ViaBahia, que também faz parte da primeira leva de acordos rodoviários em discussão no SecexConsenso.
As negociações haviam sido suspensas após decreto da AGU (Advocacia Geral da União), em julho, exigindo a participação do órgão em qualquer mesa de negociação entre a iniciativa privada e o governo sobre renegociações, o que na prática bloqueou os acordos SecexConsenso. No entanto, a seção foi revogada na semana passada e as discussões foram retomadas.
“A suspensão foi um processo natural de entendimento do decreto, acho que isso está bem resolvido agora, já retomamos com força total a comissão com a Via Bahia, que é uma via muito importante que liga o Nordeste e o Sudeste do país”, afirma a secretária.
Além dos projetos rodoviários, a SecexConsenso já fechou acordos no caso de Aeroporto de Guarulhosde Telefônica e uma negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) sobre uma contribuição ao fundo de pensão dos funcionários da instituição de fomento, que no passado foi condenada pelo TCU. Os três casos também estão próximos de serem discutidos pelos relatores do tribunal.
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