Retração na procura da China afeta lucros; criadores investem em programa de certificação O setor de lã está em crise e o Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, busca uma saída para enfrentar a queda na rentabilidade dos negócios. Um dos principais motivos da redução dos lucros dos ovinocultores nos últimos anos é a retração da demanda da China, que compra lã crua do Brasil de forma indireta, via Uruguai. Leia também Minicabra ‘esconde’ bebê durante exame e surpreende dono com trigêmeos Cordeiro no pomar: integração de ovelhas e frutas gera renda no Nordeste Demanda por carne favorece ovinocultura no Paraná Para depender menos da China, ovinocultores investem no valorização e melhoria da qualidade da lã nacional. A iniciativa inclui ainda a criação de uma marca, a Ideal, com uma linha de roupas de pura lã, que leva o nome da raça de ovelhas de origem australiana. Segundo a Pesquisa Pecuária Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PPM/IBGE), em 2022 (dados mais recentes) 2,925 milhões de ovinos foram tosquiados no país para produção de lã. Desse total, 94%, ou 2,730 milhões de animais, eram gaúchos. A produção brasileira de lã naquele ano foi de 8,8 mil toneladas. Uruguai na rota da lã Em 2023, o Brasil exportou 4,81 mil toneladas de lã, com receita de US$ 8,7 milhões, segundo dados da Comex Stat. O preço médio foi de US$ 1,81 o quilo, e o destino do produto foi majoritariamente (94,5%) o Uruguai. Dez anos antes, em 2013, a ovinocultura brasileira exportava 9,55 mil toneladas de lã, com faturamento de US$ 33,7 milhões e preço médio de US$ 3,53 o quilo. “Para gerar uma rentabilidade interessante para o criador, o preço da lã deveria ser de pelo menos US$ 4 o quilo. Hoje, só o produto de qualidade excepcional chega a custar US$ 2 o quilo”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco). , Edemundo Ferreira Gressler, durante a Expointer, feira agrícola gaúcha realizada na semana passada em Esteio (RS). A lã brasileira é quase toda exportada para o Uruguai Marcelo Curia A situação preocupa a criadora Ana Cândida Cassal, de Bagé (RS). Com um rebanho de 800 ovelhas da raça Ideal, o produtor lembra que, antes da pandemia, era possível vender lã de qualidade têxtil por quase R$ 30 o quilo. “O produto está desvalorizado. Podemos vender por R$ 10 ou R$ 12, o que já é baixo. Para lã mais grossa e de qualidade inferior, o preço é ainda menor, entre R$ 5 e R$ 6 o quilo”, disse ela, também na Expointer . Como praticamente toda a lã que o Brasil exporta para o Uruguai é reexportada para a China, a fragilidade da demanda no país asiático atinge duramente o produto nacional. Segundo Gressler, após a pandemia, muitas fábricas chinesas que utilizavam lã não foram reativadas, e o país, que era um grande comprador de lã, começou a aumentar a produção de tecidos sintéticos mais baratos. “O mercado da lã ainda não recuperou deste choque”, afirma o presidente da Arco. Ele justifica o modelo de negócios que inclui o Uruguai pelo fato de a cadeia produtiva da lã no país vizinho ser “muito mais organizada que a brasileira” e ter “compradores internacionais estáveis, como a União Europeia e a China”. Segundo dados da Secretaria de Lãs do Uruguai (Sul), a redução das compras chinesas após a pandemia fez com que, em 2023, o país tivesse um estoque de lã de 40 milhões de quilos, ante uma produção de cerca de 23 milhões de quilos, ou seja , quase duas safras armazenadas. Como resultado, os preços caíram no mercado. Valorização do produto Para valorizar o produto brasileiro e buscar maior rentabilidade, a Arco investiu em um programa nacional de certificação de lã, que envolve métodos de tosquia que valorizam o bem-estar animal, treinamento de esquilos (profissionais que cortam a lã dos animais), rastreamento e qualificação de o produto final. “Graças a esse trabalho já conseguimos exportar lã por mais de R$ 20 o quilo. Com lã certificada e rastreada podemos obter melhores valores”, afirma Vlads Paim Miranda, vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores Ideais (Abci). Durante a Expointer, os melhores velos (conjunto de toda a lã obtida de uma ovelha) de um concurso realizado pela ABCI alcançaram preços acima de R$ 40 o quilo, avaliados por jurados uruguaios. Criadores da raça ovina Ideal lançaram roupas confeccionadas com lã Marcelo Curia Também como forma de divulgação do produto, a ABCI lançou, durante a feira, uma marca com uma linha de roupas de pura lã, confeccionadas com os melhores velos colhidos pelos criadores da raça durante a competição Expointer 2023. É a primeira vez que uma associação de criadores de ovinos faz esse caminho diretamente ao consumidor final. A entidade informou ainda que a marca já foi submetida a registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). A coleção conta com 12 modelos de blusas masculinas e femininas, em tons naturais de lã. Para 2025 já estão previstas peças coloridas. “O projeto mostra possibilidades e o modelo pode ser adotado por outras raças de lã de qualidade. Estamos abrindo as portas para agregar valor ao produtor”, afirma Miranda.
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