Com saldo de caixa e em ano eleitoral, as capitais aceleraram os investimentos no início de 2024. Os investimentos agregados das 25 capitais totalizaram R$ 5,2 bilhões nos primeiros quatro meses deste ano, com crescimento real de 64,4% em relação aos mesmos meses anteriores ano. Em comparação com 2020, quando foram eleitos os atuais prefeitos, o valor mais que dobrou. Naquele ano, foram investidos R$ 2,32 bilhões de janeiro a abril. A disponibilidade de dinheiro levou ao salto. No total, as capitais encerraram o ano passado com saldo de R$ 10,31 bilhões. Quatro anos antes, ao final de 2019, essa disponibilidade era de R$ 1,91 bilhão, sempre com valores atualizados pelo IPCA de maio deste ano.
O aumento dos investimentos foi generalizado entre os municípios. Das 25 capitais, os investimentos aumentaram em 19. Em seis – Belém, Boa Vista, Campo Grande, Goiânia, Palmas e Salvador – o aumento foi superior a 100% de janeiro a abril deste ano em relação aos mesmos meses de 2023. Em outras nove prefeituras a taxa de crescimento ultrapassou 50%.
Quando comparado ao mesmo período de 2020, a aceleração dos investimentos foi ainda mais generalizada. Das 25 capitais, o aumento ocorreu em 22. O valor mais que dobrou em termos reais em 14 prefeituras – Aracaju, Belo Horizonte, Boa Vista, Campo Grande, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Natal, Palmas, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória.
O lastro para sustentar o forte crescimento do investimento está a esgotar-se”
-Gabriel Leal de Barros
Os dados são do portal Compara Brasil, que reúne dados de relatórios resumidos de execução orçamentária entregues pelas prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional. As despesas foram consideradas liquidadas. Disponibilidade de caixa considerada recursos irrestritos após dedução dos saldos não pagos e não processados. Macapá não foi incluída nas comparações porque os dados observados de 2023 não estavam disponíveis até a data da extração.
Os dados mostram que os atuais mandatos foram muito favoráveis às condições de investimento, afirma Tânia Villela, economista do Compara Brasil. A disponibilidade agregada de caixa das capitais, que ficou abaixo de R$ 2 bilhões em 2018 e 2019, período pré-pandemia da covid-19, saltou para R$ 7,42 bilhões em 2020. O pico de saldo de caixa desse período foi mais O mais recente foi em 2021 , quando atingiu R$ 19,35 bilhões.
Essa disponibilidade teve duas origens básicas, diz Villela. Em 2020, lembra ele, o auxílio financeiro do governo federal aos estados e municípios para enfrentar os efeitos econômicos da pandemia ficou, em média, acima do necessário. “Houve uma surpresa com a economia do setor público, porque muitas despesas foram suspensas. Os municípios reduziram gastos porque aulas e eventos culturais, por exemplo, foram suspensos.” Houve também, recorde-se, até dezembro de 2021, uma restrição ao aumento das despesas com pessoal, que continha as principais despesas correntes dos municípios. Os gastos foram contidos em um ano em que a inflação medida pelo IPCA foi de 10%, observa Alberto Borges, economista do Compara Brasil.
Parte do caixa acumulado, porém, já foi consumido, destaca Borges. Em 2022, a disponibilidade de caixa totalizou R$ 16,65 bilhões, queda de 13,9% em relação ao ano anterior, embora tenha encerrado em patamar relativamente elevado. Em 2023, terceiro ano do atual mandato dos prefeitos, com os investimentos já retomados com maior força, o caixa disponível encerrou o ano em R$ 10,3 bilhões.
“A evolução dos investimentos mostra que os prefeitos devem queimar mais dessas reservas em 2024. Os próximos prefeitos estão longe de receber suas contas em terra arrasada, mas essa realidade bonança não será a mesma no próximo ciclo, para os prefeitos que serão eleito este ano”, avalia Borges. “As capitais voltarão à vida como estão e não terão tantos superávits financeiros.”
Jeferson Passos, secretário da Fazenda de Aracaju, afirma que os investimentos do município devem atingir novo recorde neste ano, totalizando R$ 500 milhões, acima dos históricos R$ 338 milhões do ano passado. Segundo dados do Compara Brasil, a capital sergipana atingiu R$ 135,87 milhões em investimentos de janeiro a abril deste ano, um aumento de 68,5% em relação aos mesmos meses de 2023. Em relação aos primeiros quatro meses de 2020, o aumento foi 113,8%. No ano passado, destaca o secretário, os investimentos no município atingiram 10,4% do gasto total, o melhor desempenho de Aracaju. “A expectativa é que o indicador avance ainda mais neste ano.”
Além da situação que favoreceu as receitas do município, diz Passos, o trabalho de ajuste das contas permitiu um movimento crescente de investimentos desde 2018. Também foi aberto espaço fiscal para a contratação de operações de crédito. Segundo ele, o município tinha Capag – capacidade de pagamento, que é a classificação de crédito do Tesouro Nacional – C em 2017. A nota subiu para B em 2019 e dois anos depois, para A.
Os investimentos realizados neste ano, diz Passos, contam com 40% de recursos do Tesouro municipal e os 60% restantes são apoiados por operações de crédito. As obras prioritárias são em infraestrutura urbana, incluindo drenagem, pavimentação e esgoto, além de mobilidade urbana e infraestrutura habitacional.
Em entrevista publicada em Valor No final de maio, Luis Felipe Vidal Arellano, secretário municipal de Fazenda de São Paulo, afirma que a captação de empréstimos pode sustentar os investimentos nos próximos ciclos. Em 2023, lembra ele, as operações de crédito representaram uma pequena parcela dos investimentos, de cerca de R$ 300 milhões de um total de R$ 14 bilhões. Em 2024, diz ele, a expectativa é contratar pelo menos R$ 5 bilhões com Banco do Brasil, BNDES e Caixa.
Segundo dados do Compara Brasil, a Prefeitura de São Paulo encerrou 2021 com disponibilidade de caixa de R$ 8,5 bilhões, em valores atualizados. Ao final do ano passado, o caixa fechou em R$ 3,25 bilhões, equivalente a 32% da disponibilidade agregada dos capitais. Ainda segundo o levantamento, o município liquidou R$ 1,8 bilhão em investimentos nos primeiros quatro meses deste ano, com aumento real de 73,5% em relação ao ano passado e de 183,8% em relação a 2020, sempre considerando janeiro a abril.
O atual mandato, lembra Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da ARX Investimentos, também foi favorecido pelas receitas do início da recuperação económica em 2021, depois de a crise sanitária ter sido travada em 2020. Houve, recorda, crescimento do PIB , o impacto da inflação e o choque das commodities nas receitas, que favoreceu não só as receitas próprias, mas também as transferências de recursos dos Estados e da União.
O conjunto de fatores que resultaram no “céu dos brigadeiros” para os municípios ficou para trás, afirma Leal de Barros. “O lastro para sustentar um forte crescimento do investimento está a esgotar-se”, diz ele. Ele lembra ainda que existe o risco de aumento das despesas correntes no futuro, pois muitas vezes os investimentos envolvem novas despesas obrigatórias.
Para o próximo mandato, diz Villela, um dos desafios deverá vir da reforma tributária sobre o consumo, cuja regulamentação está em discussão no Congresso. Em 2025, nota, os novos sistemas de cobrança de impostos estarão em construção e em 2026 deverão começar os primeiros testes. Em 2027 e 2028, dois últimos anos da próxima gestão, destaca Villela, já haverá transição para o novo sistema e os novos prefeitos poderão enfrentar muitas negociações para definir discussões que só surgirão quando a reforma começar a ser implementada.
“É preciso lembrar que a tributação sobre o consumo já está no destino, o que pode afetar a receita das médias e grandes cidades”, afirma o economista. Ela ressalta ainda que a reforma estabelece a neutralidade tributária, segundo a qual a arrecadação dos novos tributos que virão com o formulário precisa manter a arrecadação dos tributos que serão extintos, como proporção do PIB. “Um aumento nas receitas, portanto, dependerá do crescimento económico.”
“A reforma tributária é um dos temores quando se pensa nos próximos mandatos”, concorda Passos, da Fazenda de Aracaju. “A reforma possui mecanismos de garantia de receitas que precisam ser implementadas em leis complementares e a União precisará ser capaz de honrá-las para evitar surpresas desagradáveis no futuro.”
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