A Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira (12) o projeto de lei que cria o Programa de Desenvolvimento de Hidrogênio com Baixo Carbono (PHBC)com incentivos de até R$ 18,3 bilhões para o desenvolvimento dessa fonte de energia menos poluente no Brasil.
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O projeto é resultado de um acordo entre parlamentares e governo sobre a quadro jurídico do hidrogénio de baixo carbono, que foi aprovado em julho e estabeleceu as regras para o desenvolvimento desta nova tecnologia.
A parte sobre incentivos fiscais à produção de hidrogênio, porém, não teve consenso entre governo e parlamentares. Inicialmente, o Executivo defendeu que não deveria haver subsídios ou isenções para evitar o agravamento do défice nas contas públicas, que já eram deficitárias.
Ao sancionar o texto em 2 de agosto, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou esta seção para que pudesse ser “melhorada”. Essa nova versão foi apresentada pelo líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE)na forma do projeto de lei ora aprovado.
“Essa matéria se refere a um amplo acordo que fizemos na votação do marco e agora na instituição do programa, que tem um impacto muito forte na economia brasileira, principalmente no Nordeste e no Ceará”, afirmou Guimarães no sessão.
A nova versão estabelece que serão concedidos créditos fiscais na venda de hidrogênio. Este crédito será uma percentagem, a definir em regulamento, sobre o valor do produto, e não poderá exceder a diferença entre o preço estimado do hidrogénio de baixo carbono e o preço estimado dos bens substitutos.
Relator do novo projeto, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) disse que o quadro jurídico não descreve suficientemente a origem dos recursos, mas que isso foi remediado com a nova proposta. “Este projeto complementa o quadro regulamentar já votado”, explicou.
O programa terá valor máximo de R$ 18,3 bilhões, mas o impacto fiscal ficará a cargo dos futuros governos. O benefício começará em R$ 1,7 bilhão a partir de 2028 até no máximo R$ 5 bilhões em 2032. O valor pode ser limitado pelo governo e deve ser incluído anualmente no projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) para ter vigência.
O crédito gerado terá como base a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das empresas e poderá ser deduzido de qualquer imposto devido ao governo federal. Isso, destacou Jardim, significará que o modelo não terá problemas com a transição do atual sistema tributário para o novo pós-reforma, pois a CSLL será mantida sem alterações.
Também foram aprovadas alterações em plenário para determinar que haverá concurso público para definir quem terá direito aos incentivos, com critérios de menor preço e menor potencial poluidor. E os créditos não utilizados serão reembolsados em dinheiro à empresa em até 12 meses – na versão inicial, o pagamento ocorreria em dois meses.
Além disso, quem utilizar os créditos, mas não implementar o projeto adequadamente, estará sujeito à devolução dos recursos com multa adicional de 20%.
O projeto agora segue para o Senado Federal para avaliação da proposta.
A votação ocorreu no primeiro dia de “esforço concentrado” da Câmara por conta das eleições municipais. Os deputados estão em recesso informal há três semanas e realizarão sessões deliberativas de segunda a quarta-feira. Depois disso, haverá outro intervalo de uma semana e as sessões serão retomadas de 26 a 28 de agosto.
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