Após os danos causados pelas enchentes, as indústrias calçadistas gaúchas precisarão de cerca de R$ 200 milhões em financiamento para comprar máquinas, reparar estruturas, recompor o capital de giro e recuperar os níveis de produção. A estimativa é da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), com base em pesquisa realizada em parceria com sindicatos patronais das regiões afetadas.
O presidente executivo da entidade, Haroldo Ferreira, afirma que 48% das 3 mil empresas da cadeia coureiro-calçadista do Rio Grande do Sul sofreram algum tipo de dano, incluindo fabricantes de calçados e componentes e curtumes. Embora muitos tenham perdido grandes volumes de matérias-primas ou produtos acabados, a estimativa é que 95% da capacidade de produção do Estado seja restabelecida até o final de junho.
“Havia fábricas que tinham 1,5 metro de água dentro de seus prédios”, diz o executivo. As fábricas mais afetadas estão em cidades como Igrejinha, Três Coroas, Rolante e Roca Sales, nos vales dos rios Paranhana e Taquari. A situação não foi pior, segundo Ferreira, porque “a água veio, destruiu e foi embora” e depois as empresas puderam limpar, reparar ou trocar equipamentos e comprar ou aproveitar sobras de matéria-prima para retomar a produção. .
No ano passado, o Rio Grande do Sul foi responsável por cerca de 24% da produção brasileira de calçados, que totalizou 865,6 milhões de pares no período. Devido à possibilidade de uma recuperação relativamente rápida das operações nas empresas afetadas, a Abicalçados mantém uma projeção de crescimento entre 0,9% e 2,2% para 2024 em todo o país. O Estado é o maior empregador da indústria calçadista, com 30% dos 280,6 mil trabalhadores formais do segmento no país em 2023.
O sector espera não ter de fazer despedimentos devido às cheias, mas estas previsões dependem do custo do crédito, avalia a associação. Ferreira pede que os bancos públicos que transferirem financiamentos anunciados pelo governo federal e pelo BNDES para a reconstrução do Estado com recursos do Fundo Social cubram um spread “o mais próximo possível de zero”.
A nova linha de financiamento totaliza R$ 15 bilhões. Para aquisição de máquinas, equipamentos e serviços e para investimentos em obras de construção civil, a alíquota é de 1% ao ano mais spread, com prazo de pagamento de cinco e dez anos, respectivamente, e carência de um e dois anos, também em este pedido. Para o capital de giro emergencial, os juros são de 4% ao ano para micro, pequenas e médias empresas e de 6% para grandes empresas, mais spread da instituição transferidora, com cinco anos para pagamento e carência.
Com 11 fábricas no Estado, 10 mil trabalhadores diretos e 15 mil terceirizados, a Calçados Beira Rio teve que parar a produção por 15 dias em maio, no município de Roca Sales, no vale do rio Taquari. A unidade produz em média 33 mil pares por dia útil, o equivalente a 6% a 7% do total de 112 milhões de pares da empresa por ano – dos quais 85% são destinados ao mercado interno. O volume que deixou de ser fabricado, superior a 300 mil pares, deverá ser recuperado nos próximos meses.
“Estou no ramo há 49 anos e nunca vi uma enchente como essa”, afirma o presidente da empresa, Roberto Argenta. Segundo ele, os maiores danos ocorreram nas máquinas, que na maioria dos casos puderam ser reparadas. Produtos em processo de fabricação e matérias-primas também foram perdidos, mas os estoques de calçados prontos foram economizados porque ficam armazenados no segundo andar do prédio. Até a conclusão deste relatório, o valor das perdas ainda não havia sido calculado.
A qualidade da mão de obra lá [em Roca Sales] É muito bom e não queremos perdê-lo.”
-Roberto Argenta
Segundo Argenta, 20% dos 700 funcionários da fábrica da Roca Sales também foram afetados e receberam ajuda da empresa como cestas básicas e, em alguns casos, móveis para suas casas e férias antecipadas e décimo terceiro salário. Apesar dos prejuízos, o empresário não pensa em mudar a fábrica para outra região. “A qualidade da mão de obra lá é muito boa e não queremos perdê-la”, afirma, propondo um trabalho conjunto entre municípios, empresas e governos estaduais e federal para dragagem do Rio Taquari.
Na Calçados Piccadilly, com sede em Igrejinha, fábricas em Teutônia e Rolante e 2,5 mil funcionários, a produção teve que ser suspensa por três dias. Com isso, a empresa, que fabrica mais de 8 milhões de pares de calçados femininos por ano, deixou de produzir cerca de 120 mil pares no período e atrasou a entrega de outros 200 mil aos varejistas, explica a CEO, Cristine Grings.
O impacto direto foi mais forte na sede corporativa, com “danos muito significativos” causados pela cheia do rio Paranhana no armazém de matérias-primas e máquinas, afirma a empresária. A estrutura do prédio não foi danificada, mas o trabalho de limpeza e recuperação das instalações e materiais que ainda poderiam ser aproveitados foi pesado, explica. O valor dos danos ainda não foi determinado.
Grings afirma que as duas unidades industriais não foram inundadas, mas as operações foram suspensas para que os funcionários pudessem se concentrar na recuperação das próprias casas. Cerca de 20% deles perderam tudo ou quase tudo e receberam apoio da empresa, que incluía desde férias antecipadas e décimo terceiro salário até alimentação, roupas, cobertores e ajuda na limpeza da casa.
O atraso nas entregas dos produtos prontos ocorreu devido a danos causados às estradas e transportadoras da região. O maior problema, diz Grings, era que os calçados eram destinados às vendas do Dia das Mães, o “segundo Natal” do segmento, mas os lojistas concordaram em receber a mercadoria algumas semanas depois.
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