Em junho, 62% dos navios atrasaram nos portos brasileiros. A projeção do Cecafé é de um segundo semestre pior. As exportações de café do Brasil bateram recordes nos últimos meses, mas um gargalo que ainda é mencionado por produtores e tradings é a logística e o consequente atraso nos embarques de grãos nos portos do país. Levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgado hoje mostra que 62% dos navios que transportavam a commodity atrasaram. Se nada for feito, poderá ocorrer um “colapso” no sistema portuário nacional de carga contentorizada, com a situação a agravar-se no segundo semestre, segundo o director técnico da entidade, Eduardo Heron. “Para o segundo semestre, as perspectivas são muito pessimistas dada a falta de capacidade portuária para cargas contêineres e a expectativa de aumento nos volumes de embarques de café, algodão e açúcar”, projeta. Só no mês passado, os 62% representam 254 navios que estavam programados para embarcar café, mas sofreram atrasos ou mudanças de escala nos principais portos brasileiros. O maior prazo registrado, 42 dias entre a abertura do primeiro e do último prazo, foi registrado no Porto de Santos (SP). A situação fez com que o Brasil deixasse de enviar 1,23 milhão de sacas de café ao exterior no mês passado, ou 3.734 contêineres. Esse volume de receitas representou aproximadamente US$ 294,7 milhões, que não entraram mais no país. “Esses embarques causaram prejuízos de R$ 4,7 milhões a essas 30 empresas, devido a altos e imprevistos custos extras com armazenamento adicional, pré-empilhamento, detenções e portões antecipados”, diz a nota técnica. Além do atraso, alterações nos prazos, movimentações de cargas e falta de espaço nos terminais portuários dificultaram os procedimentos logísticos para exportação de cargas, conforme conclui o relatório. O cálculo da entidade é baseado nas respostas dos exportadores que representam 77% dos embarques no país. A coleta de dados é realizada em parceria com a ElloX Digital, cujo resultado é o boletim mensal Detenção Zero (DTZ). Desde o início do ano, o monitoramento indica atrasos no escoamento do café. Embarque de café pelos portos do Brasil Divulgação/Cecafé Como consequência dos atrasos na saída do porto, as empresas tiveram que arcar com custos extras em junho para que o café pudesse ser embarcado em outro horário e 93% de todos os exportadores entrevistados na pesquisa tiveram que pague pré-empilhamento, 70% com armazenamento adicional e 20% com portão antecipado. Problemas com embarques “Em relação aos principais problemas encontrados nos embarques do último mês, 87% das empresas relataram desafios com mudanças regulares de atracação e prazos, 67% com transferências de cargas, 60% com abertura de portões, 30% com falta de janelas e 23% com falta de contêineres”, detalha o boletim divulgado pelo Cecafé. Segundo Heron, a continuidade e o aumento do número de navios com atrasos e alterações de prazos refletem as limitações de infraestrutura e a falta de espaço físico nos portos que escoam o café brasileiro. Ele alerta que, mesmo mantendo a liderança nos embarques de produtos ao exterior, a representatividade do Porto de Santos vem caindo desde 2022, quando detinha 80% dos embarques. A queda foi de 69% no primeiro semestre de 2024, a menor taxa observada nos últimos 15 anos. “São notórios os entraves logísticos e a limitação física de capacidade nos diversos portos que escoam o café brasileiro, com Santos apresentando indicadores inferiores e agravantes por concentrar o maior volume de carga e, também, por representar maior participação no escoamento do café colheita”, comenta Heron. Desde outubro de 2023, o diretor lembra que o país embarca mensalmente cerca de 4,1 milhões de sacas (12.424 contêineres). “O país mantém um volume significativo de embarques desde outubro e os problemas logísticos encontrados nas exportações revelaram a incapacidade do Porto de Santos de absorver esse crescimento, devido à falta de espaço físico nos terminais para cargas conteinerizadas, fazendo com que o produto ser embarcado pelos portos do Rio”, explica. As cargas de café vêm do interior de Minas Gerais, de São Paulo e do Espírito Santo, por exemplo, com expectativa de sair por Santos, mas quando são impedidas de entrar nos terminais porque os pátios estão lotados, geram custos extras, revela Heron. Porto de Vitória Com o aumento significativo do interesse pelo conilon brasileiro, que sai principalmente do Porto de Vitória (ES), o gargalo logístico também chama a atenção por lá. Segundo a “Carta Aberta ao Poder Público”, elaborada e publicada pelo Centro Comercial de Café de Vitória (CCCV), a situação no cais do Estado vem se agravando. “A formação de filas de navios, a escassez de contêineres, a dificuldade de controle de portões, a dificuldade nos sistemas de atendimento nos terminais portuários e a falta de espaço para movimentação de cargas” são alguns dos exemplos destacados no boletim. Além da perda de embarques, em junho houve transferência de cargas para outros portos e acréscimo de custos elevados aos embarques de café. No mês passado, 33% das empresas que embarcaram café pelo porto capixaba declararam que a situação piorou muito e outros 60% disseram que não embarcariam pelo cais da capital do ES, segundo levantamento feito pelo Cecafé . A restante percentagem indicou que a situação piorou um pouco ou que a situação era semelhante à de maio. Diante desse agravamento do cenário, o Porto de Vitória deixou de exportar 374 mil sacas (cerca de 1.134 contêineres) em junho e correspondia a 30% dos cafés conilon não embarcados pelo país. O resultado vetou o ingresso de US$ 89,5 milhões (R$ 482,3 milhões) na receita cambial do Brasil. Para o diretor do Cecafé, é urgente um debate com representantes do comércio exterior brasileiro para encontrar soluções e evitar maiores riscos logísticos, como ampliar a capacidade física para receber cargas, aprofundar o calado para navios de grande porte e diversificar modais.
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