O economista Bruno Carazza lançou nesta terça-feira (2), na sede da Fundação Dom Cabral, em São Paulo, o primeiro volume de “O país dos privilégios” (Companhia das Letras), obra na qual pretende analisar a criação e manutenção de privilégios no Brasil. O primeiro volume, sobre os “novos e velhos donos do poder”, é dedicado aos servidores da cúpula dos três Poderes.
Colunista de Valor e comentarista econômico do “Jornal da Globo”, Carazza participou nesta terça-feira de debate na Fundação Dom Cabral, onde leciona, que foi mediado pelo jornalista Renata Lo Prete e também teve a participação do economista Armínio Fragaex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso, por pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Gabriela Lotta e o procurador do Ministério de Contabilidade Pública do Estado de São Paulo Elida Graziane.
“O objetivo do livro é mostrar o potencial que o Brasil não aproveita, como o Estado não cumpre o seu papel, com políticas públicas que não funcionam, com baixo crescimento e baixa competitividade. A chave de tudo isso está nos privilégios”, afirmou o autor. Ele se inspirou claramente – como ele admite – em um clássico brasileiro, “Os Donos do Poder”, livro publicado no final da década de 1950 pelo jurista e sociólogo Raymundo Faoro sobre o patrimonialismo da monarquia portuguesa e como ela sobreviveu no Brasil moderno.
A obra está dividida em três volumes, como brincou Carazza, devido ao grande número de privilégios no Brasil. O segundo volume da trilogia, dedicado aos benefícios do mundo privado, deverá ser lançado no segundo semestre do próximo ano, enquanto o terceiro e último, sobre os privilegiados do topo da sociedade, só deverá ser lançado em 2026.
“Ao contrário do que se pensa, a estrutura do Estado brasileiro não é grande em número de funcionários. Mas o Estado pesa porque algumas categorias pressionam e têm muito sucesso nessa pressão”, disse Carazza.
Um exemplo presente no primeiro volume dessas “castas”, conforme mencionado pelos debatedores, são os privilégios concedidos a magistrados e membros do Ministério Público, cujos membros costumam ter salários muito superiores ao teto estipulado pela Constituição – o que deveria Segue renda como orientação mensal de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), de R$ 44 mil.
“Há captura do Estado [pelo grande número de privilégios]. A vista panorâmica trazida pelo livro impressiona e destaca a potência do lobby. Não há arquitetura que impeça o efeito escada”, disse Arminio Fraga, para quem o reforma administrativa do Estado, objectivo perseguido por muitos e defendido pelos presentes, é uma tarefa dos políticos e não dos tecnocratas.
A pesquisadora Gabriela Lotta, que estuda o funcionalismo público brasileiro, chamou a atenção para o fato de que as desigualdades e privilégios expostos no livro refletem, de certa forma, a realidade da desigualdade no país, especialmente em relação a gênero e raça.
“A organização do Estado brasileiro torna-se um fim em si mesma. Os privilégios desgastam o sistema e até acabam com a legitimidade dos servidores públicos para servir o público”, afirmou a promotora Élida Graziane, que citou entre os muitos privilégios discutidos no livro a estrutura previdenciária militar, muito mais benéfica e lucrativa que a dos civis.
Bruno Carazza fará o segundo lançamento de “O País dos Privilégios” em São Paulo nesta quarta-feira (3), com debate com a jornalista Mônica Waldvogel, a partir das 19h, na Livraria da Travessa (Rua dos Pinheiros, 513).
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