Brasil diz que geopolítica não é mais obstáculo no G20, mas deixa em aberto consenso entre ministros de finanças | Brasil

A diplomacia brasileira, porém, deixou aberta a possibilidade de um consenso entre os ministros da Fazenda e os presidentes dos bancos centrais do G20, que se reúnem esta semana no Rio.

Conseguir uma declaração ministerial conjunta dos ministros da Fazenda é um objetivo da presidência brasileira. A reunião anterior do grupo, em fevereiro, terminou sem manifestação oficial devido a impasses envolvendo questões geopolíticas.

Há expectativa de que a reunião desta semana adote a mesma estratégia utilizada no grupo de trabalho de Desenvolvimento do G20. Neste GT foi divulgado um comunicado ministerial conjunto, sem tratar de geopolítica, e um segundo texto, apenas da presidência brasileira, sobre os atuais conflitos mundiais e os diferentes pontos de vista dos países membros.

“O que temos de acordo é que essa fórmula pode ser utilizada por todas as reuniões ministeriais independente da via”, afirmou Lyrio, ao final das reuniões ministeriais de Desenvolvimento.

O G20 está dividido em dois níveis superiores: a via sherpa (negociadores que representam os chefes de estado) e a via financeira.

O consenso entre os Ministros do Desenvolvimento, que fazem parte do grupo Sherpa, foi possível graças a um acordo para deixar as guerras e os conflitos geopolíticos internacionais fora das declarações conjuntas do G20.

Com isso, o bloco conseguiu emitir a primeira declaração ministerial conjunta desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Lyrio destacou, porém, que a solução resolve um impasse político e que o alinhamento nas questões técnicas será definido por cada grupo ministerial.

“Uma coisa é negociar uma linguagem política, que já não é um obstáculo aos resultados do G20. Outra coisa é a própria negociação dos temas de cada grupo ministerial”, disse.

Na segunda-feira (22), o negociador-chefe do Brasil se reuniu com representantes da área financeira no hotel onde estão reunidos os representantes financeiros do grupo e os bancos centrais. Explicou que a reunião teve como objetivo apresentar o acordo destinado a facilitar as declarações conjuntas.

“O importante é isto: a geopolítica não será um obstáculo. A questão é se eles chegarão a um acordo. E sei que o Ministério das Finanças tem trabalhado muito bem a favor da produção de documentos também através da via financeira”, afirmou.

Lyrio destacou ainda que a solução adotada pelos países do G20 tem sido positiva ao reabrir a possibilidade de declarações consensuais e já foi utilizada no Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec).

O modelo, porém, não será utilizado para a declaração da cúpula de chefes de estado, em novembro, na capital fluminense. Para este texto, novas negociações serão realizadas entre os países.