O mercado editorial brasileiro está em festa. A 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo bateu recorde de vendas. Realizado no Bairro Anhembi, Zona Norte da capital paulista, o evento termina neste domingo (15).
Depois do sucesso da edição de 2022 e da Bienal do Rio de 2023, as editoras tinham grandes expectativas para este ano. A percepção era que a Bienal de São Paulo era maior, mais plural e se tornara tão estratégica para o mercado quanto a do Rio.
Nesta edição eram esperados 716 autores: 683 brasileiros (como Ana Paula Maia, Thalita Rebouças e Felipe Neto) e 33 estrangeiros, como o cubano Leonardo Padura, o americano Jeff Kinney (“Diário de um Banana”) e 17 escritores do Colômbia (país homenageado no evento).
Havia mesas sobre praticamente todas as principais tendências do mundo literário: romance, ficção climática, cristã, literária, de cura, literatura erótica, literatura infantil, ficção policial, esportes e outras.
De acordo com os balanços divulgados pelas editoras, as ficções de cura e os romances se destacaram entre os títulos mais vendidos. A Câmara Brasileira do Livro (CBL) esperava superar o público da edição de 2022, que foi de 660 mil visitantes.
Segundo o diretor da Globo Livros, Mauro Palermo, a Bienal “superou as expectativas mais otimistas e bateu todos os recordes históricos”. “Num mundo cada vez mais polarizado, as Bienais do Livro têm sido um sopro de esperança. Foram 10 dias de encontros e reencontros entre leitores e seus queridos autores, num universo eclético, onde todas as correntes de pensamento convivem em perfeita harmonia. E como a leitura é o passaporte para o desenvolvimento da cidadania, não posso deixar de comemorar os bons números”, disse Palermo.
Entre os títulos mais vendidos da editora no evento estão o romance “Villain’s Assistant”, da americana Hannah Nicole Maehrer, o romance esportivo “On a Collision Course”, do canadense Bal Khabra, “The Mechanics of Love”, de Alexene Farol Follmuth , “Isto é um corpo que cai mas continua a dançar”, de Igor Pires, e “Mais ou menos nove horas”, de Vitor Martins.
O Grupo Companhia das Letras afirmou que a Bienal foi “o maior evento de vendas da história do grupo editorial” e destacou que seis dos dez títulos de maior sucesso são de autores brasileiros: “Uma família feliz”, “Jantar secreto” e “Suicidas”. ”, de Raphael Montes, “Como enfrentar o ódio”, de Felipe Neto, “O mar me levou até você”, de Pedro Rhuas, e “O reverso da pele”, de Jeferson Tenório.
“Foi uma alegria ver o espaço cheio de leitores. Isso mantém a nossa esperança de transformar o país através da leitura”,
disse Mariana Zahar, diretora de operações da Companhia das Letras. A Sextante registrou um aumento de 100% nas vendas em relação à Bienal de 2022 e de 60% à Bienal de 2023. Entre a lista de mais vendidos da estante da editora está o autor italiano Ali Hazelwood com três romances: “A Hipótese do Amor”, “Amor, teoricamente” e “Noiva”. Logo atrás estão “The Maid”, da americana Freida McFadden, e “A Love Farce in Spain”, da espanhola Elena de Armas.
“A Bienal do Livro de São Paulo me surpreendeu muito. Quando cheguei aqui e vi o tamanho da estrutura pensei: “vai precisar de muita gente para ocupar todo esse espaço”. Mas o espaço era pequeno! Ver esse mundo de pessoas interessadas em livros foi uma alegria. Vivenciar esta Bienal me encheu de esperança”, comemorou Marcos da Veiga Pereira, sócio-diretor da Sextante.
A HarperCollins Brasil também dobrou sua receita em 2022. A diretora de marketing e vendas da editora, Daniela Kfuri, descreveu a Bienal como “histórica”. Ela destacou o sucesso do selo Harlequin, dedicado a histórias românticas, de romances como “O Despertar da Lua Caída”, da neozelandesa Sarah A. Parker, e do selo evangélico Thomas Nelson. O título mais vendido no estande foi “Amor pelas causas perdidas, de Paola Aleksandra. O segundo lugar ficou com “O Deus que destrói sonhos”, do teólogo Rodrigo Bibo.
O Grupo Editorial Record informou ter faturado 82% a mais em relação à Bienal do Rio, no ano passado. O ranking de mais vendidos da editora foi dominado pela americana Colleen Hoover (“É assim que termina”, “É assim que começa” e “Verity”), seguida pela baiana Elayne Baeta (“O amor não é óbvio”).
A Ciranda Cultural comemorou um crescimento de 50% nas vendas em relação a 2022 e aproveitou o evento para lançar duas novas marcas, Mood e Trend. Este último tem como objetivo a publicação de livros de influenciadores digitais.
Na Rocco, o crescimento das vendas foi de 87% em relação à Bienal de 2022. A editora destacou o sucesso de gêneros como romance, ficção curativa e romance esportivo. O maior sucesso desta Bienal, aliás, foi o romance “Powerless”, da norte-americana Lauren Roberts, seguido da ficção curativa “Almonds”, do coreano Won-pyung Sohn.
Cerca de 90% dos livros mais vendidos de Rocco foram escritos por autoras. “A Bienal de São Paulo já havia dado um salto em 2022 e os excelentes resultados de vendas e visibilidade da Rocco neste ano mostram que o evento efetivamente mudou de patamar”, pontuou Bruno Zolotar, diretor comercial e de marketing da editora carioca.
“Três pontos que contribuíram para o sucesso foram o excelente trabalho de divulgação com influenciadores, a maior visitação escolar e o renovado e muito mais confortável Bairro do Anhembi”, disse.
O livro mais vendido do Grupo Autêntica na Bienal também foi um romance: “Era uma vez um coração partido”, da americana Stephanie Garber, que é publicado pelo selo Gutenberg. Autores brasileiras como Paula Pimenta (“Minha vida fora das séries”) e Paola Sivieo, autora de fantasia, também se destacaram.
O grupo editorial comemorou um aumento de mais de 60% nas vendas. Segundo a editora Flavia Lago, o “grande protagonista” da Bienal foi “o público jovem”, o que colocou em causa “a velha afirmação de que os jovens não lêem”. “Essa febre está evidentemente ancorada na internet, nas séries, nos likes e dislikes, nos cenários instagramáveis. E isso faz parte da experiência completa para eles. A presença do stand Gutenberg este ano foi prova disso: identificação direta com o público, os livros mais queridos e aguardados, presença de autores, descontos, brindes e cenários para fotos. “Já está nos deixando nostálgicos e com vontade de fazer ainda melhor em 2025, no Rio”, disse ela.
A Intrínseca registou um volume de negócios de 75% face à Bienal de 2022 e de 27% face ao ano passado. Entre os títulos mais vendidos da editora no evento estão ficções de cura como “Bem-vindo à livraria Hyunam-dong”, do coreano Hwang Bo-reum (que esteve presente na Bienal) e “Vou prescrever-lhe um gato” , do japonês Ishida Syou.
“É muito gratificante ver que um evento tão lindo como a Bienal só cresce a cada ano. É importante ressaltar que quando falamos em crescimento de vendas estamos falando também de mais pessoas lendo. E esse é o objetivo principal do nosso trabalho”, afirmou Vanessa Oliveira, gerente de marketing da Intrínseca.
A editora Cortez lamentou não ter atingido a meta de crescimento, que era de 20%. As vendas aumentaram apenas 4%. “Sentimos falta do público universitário no evento, enquanto o público mais jovem aumentou significativamente”, disse Elaine Nunes, diretora comercial e de marketing da editora. “O público jovem é muito intenso e vibrante, são leitores apaixonados por livros e isso, aliado a algumas editoras que agiram nos estandes com brindes, acabou gerando muito congestionamento nos corredores, o que dificultou a vá até o estande da Cortez”, disse. .
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