Com o Brasil prestes a embarcar em um ciclo de aperto monetário, que deverá começar em setembro, o intervalo entre aumentos e cortes nas taxas de juros poderia ser significativamente reduzido se o governo demonstrasse maior clareza e comprometimento com as regras fiscais. em vigor no país. A avaliação é do economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, para quem o corte de juros, neste cenário positivo, poderá ocorrer já no primeiro semestre do próximo ano.
“As expectativas de inflação para os próximos anos se afastaram das metas e é difícil saber se será um ciclo de 1,5 ponto percentual ou um aumento de 2 pontos na taxa Selic. O que está claro é que deveremos ter aumentos nas taxas de juros em setembro, novembro, dezembro e janeiro. Mas acredito que, se o governo mostrar que vai cumprir as exigências fiscais, isso deverá nos aproximar do corte de juros”, disse Mansueto, que participou de evento organizado pela agência de classificação de risco Fitch Rating nesta quinta-feira. No cenário base do BTG, a Selic deve chegar a 12% no início do próximo ano.
Mansueto avaliou que, se o governo conseguisse demonstrar um compromisso real com as regras fiscais, seria criado um ambiente muito melhor no país. “Poderemos ver uma queda nas taxas de juros no primeiro semestre do próximo ano. E isso traria não só uma queda nas taxas de juros de curto prazo, que são controladas pelo Banco Central, mas também nas taxas de juros de longo prazo. Lembremos que as taxas de NTN-B começaram o ano na casa de 5,3% e hoje estão acima de 6%, o que impacta os investimentos e também o financiamento de dívidas. O governo precisa ser muito mais claro do ponto de vista fiscal”, afirmou.
As incertezas fiscais também contribuíram para o péssimo desempenho da moeda brasileira, segundo Mansueto, para quem seria possível que houvesse alguma valorização neste ambiente de redução de juros nos países desenvolvidos e de altas taxas de juros locais. “Mas ainda há preocupação sobre qual será a política fiscal do próximo presidente americano, de quem for eleito, e o que acontecerá com o crescimento da China, já que o governo não tem sido muito ativo no estímulo ao consumo”, pontuou o economista do BTG.
Ele também chamou a atenção para o fato de que, caso se confirmem as projeções de inflação estimadas pelo mercado — em torno de 4,6% em 2025; 4% em 2025; e 3,6% em 2026 —o governo Lula 3 encerraria o quadriênio com a menor inflação média desde a adoção do real. “A má notícia é que essas projeções mudam muito rapidamente. E isto pode piorar com a incerteza fiscal.”
O economista citou como exemplo o episódio em que o governo apresentou a proposta de aumento do benefício do vale-gás nas últimas semanas. Segundo Mansueto, isso ocorreu num momento em que o Ministério da Fazenda buscava recuperar um pouco de sua credibilidade fiscal, após ter anunciado o contingenciamento e bloqueio de R$ 15 bilhões em recursos no final de julho. “Logo depois, o governo anuncia um programa com impacto de R$ 15 bilhões em 2026”, pontuou, reforçando ainda mais o caráter pouco ortodoxo da proposta.
“Ao mesmo tempo que quer ganhar credibilidade, prejudica as suas próprias ações. Foi um grande tiro no pé do governo, até que o ministro Haddad veio a público e disse que seria reformulado e que qualquer proposta precisaria ser feita de forma que respeitasse as regras fiscais”, afirmou.
Mansueto destacou mais uma vez que o crescimento das despesas não é compatível com o atual quadro fiscal e que, dentro de alguns anos, todos os gastos discricionários do governo precisariam ser zero, o que mostra que ajustes são necessários. “Teremos que mudar as regras, mas não sabemos se há apoio político dentro do governo para isso”, destacou.
O economista do BTG e ex-secretário do Tesouro afirmou ainda que o atual diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, indicado para assumir a presidência do BC a partir do ano que vem, tem sido uma boa surpresa do governo. “Ele tem uma articulação política muito boa e um bom trânsito dentro do próprio governo. Ele não é especialista em política monetária, mas conta com uma equipe técnica muito qualificada dentro do BC, a quem ouve muito. O presidente do Fed, Jerome Powell, também não era um especialista em política monetária – ele é advogado. Galípolo também está no BC há um ano e precisará aprender a fazer o que Meirelles [Henrique, ex-presidente do BC durante o governo Lula] fez: dizer não ao governo de forma educada”, afirmou.
Mansueto também comentou sobre as recentes surpresas no crescimento do país nos últimos anos. O economista atribuiu o facto, em parte, ao impulso fiscal do governo, mas reconheceu que há uma melhoria importante que é resultado das reformas estruturais realizadas ao longo dos últimos anos no país. Além das reformas previdenciárias e trabalhistas e das concessões e privatizações, ele também apontou o aprofundamento do mercado de capitais brasileiro como um dos principais fatores responsáveis pelo maior dinamismo da economia.
“É difícil captar o efeito destas reformas em modelos econométricos e grande parte deste erro de projeção foi resultado do seu efeito. Todas estas reformas, pouco a pouco, estão a mudar a percepção dos eleitores e já não temos medo de privatizações e concessões. É difícil quantificar o efeito de tudo isso”, enfatizou.
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