O Presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barrosoargumentou que o Judiciário precisa resolver os problemas ambientais quando os governos estão “desaparecidos”. Segundo ele, cabe também ao Judiciário garantir a defesa das minorias e das gerações futuras, que ainda não nasceram e podem ser afetadas pelas mudanças climáticas.
“O reconhecimento da questão ambiental é uma questão de direitos humanos. Os direitos humanos e outros direitos são afetados [em tragédias ambientais]. Quem olhar para o Rio Grande do Sul verá que o direito à vida e à propriedade foi afetado. Há uma certa omissão por parte do governo em muitas partes do mundo e o Judiciário precisa remediá-la. Só o Judiciário tem o papel de defender as minorias e as gerações que ainda não nasceram”, defendeu Barroso durante cerimônia no Palácio do Planalto.
O presidente do STF falou durante evento em que representantes dos Três Poderes se reuniram para assinar um “pacto pela transformação ecológica”. A ideia é que Executivo, Judiciário e Legislativo discutam juntos uma agenda ambiental e climática, para definir um novo rumo de desenvolvimento econômico para o país.
A este respeito, Barroso argumentou que um dos principais desafios será a superação do negacionismo. “Precisamos superar o negacionismo. Ainda há muita gente acreditando que não estamos diante de um problema real, apesar de quase todos os cientistas apontarem que o que está acontecendo é resultado da ação humana. precisamos ser globais. As emissões na China e nos EUA não afetam apenas a China. O desmatamento da Amazônia não afeta apenas o Brasil”, argumentou.
O documento será assinado pelos presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT); do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso; do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Todos estiveram presentes no evento.
As ações serão divididas em três eixos: ordenamento territorial e territorial; transição energética; e desenvolvimento sustentável com justiça social, ambiental e climática. Há 26 medidas já previstas e deverá ser criada uma comissão mista de gestão, que será responsável por acompanhar a implementação de cada uma das ações.
As cinco principais medidas do pacto também foram definidas. Caberá ao Poder Legislativo, por exemplo, priorizar projetos de lei relacionados aos temas do pacto, como a aprovação do marco legal do mercado de carbono. O Judiciário, por sua vez, terá que adotar medidas para agilizar as demandas judiciais envolvendo questões ambientais. O Poder Executivo terá o compromisso de ampliar o financiamento e reduzir o custo do crédito para projetos sustentáveis.
Além disso, o Executivo e o Judiciário terão que alimentar bases de dados para garantir segurança jurídica quanto à titularidade de terras públicas e privadas no país e desbloquear investimentos. Em outra frente, os Três Poderes se comprometerão a adotar medidas de gestão para reduzir os impactos diretos de suas atividades no meio ambiente, como licitações sustentáveis e destinação adequada de resíduos.
Um dia após o acordo sobre as emendas parlamentares ao Orçamento, Lira e Pacheco, durante o evento, discursaram e destacaram a união entre os Poderes como essencial para o desenvolvimento sustentável do país.
Lira afirmou que existem “desafios que exigem consulta ampla e determinada entre todos os atores relevantes”. Ele destacou a catástrofe no Rio Grande do Sul e as ações da sociedade civil em conjunto com órgãos públicos como exemplos de que os brasileiros têm consciência do tamanho do problema.
“A sociedade demonstra assim a consciência de que os problemas ambientais são problemas coletivos. Devemos todos trabalhar juntos para enfrentá-los e, mais importante, para preveni-los”, afirmou. “A sensibilidade demonstrada pelo nosso povo deve ser replicada pelo Estado. Conforme determina a Constituição brasileira, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, de forma independente e harmoniosa, devem trabalhar juntos para satisfazer o direito dos cidadãos a um meio ambiente equilibrado”, afirmou.
Lira comentou que o Brasil “já é exemplo para o mundo” em preservação ambiental, citou projetos aprovados pelo Congresso, como a regulamentação do mercado de carbono e o marco legal do hidrogênio de baixo carbono, e criticou outras nações por “protecionismo comercial disfarçado e a imposição de metas desequilibradas aos países em desenvolvimento”.
Pacheco disse que o país deve desenvolver formas de produção que não agravem o efeito estufa e que cuidar do meio ambiente hoje é uma “obrigação da humanidade”.
“Considero que o consenso institucional sobre questões ambientais dá um passo importante com a assinatura deste compromisso entre os Poderes da República. Um passo sólido na criação de novas regulamentações e padrões de conduta”, afirmou Pacheco.
O senador destacou que o pacto se baseia em três eixos: ordenamento territorial e fundiário, transição energética e desenvolvimento sustentável com justiça social, ambiental e climática.
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