A presença feminina na liderança sênior de grandes empresas no Brasil cresceu 1,3% em diretorias e 3,5% em conselhos de administração, nos últimos 12 meses, até junho deste ano. Os números, destacados por pesquisa realizada pelo Estadão pelo terceiro ano consecutivosão bem menores se comparados ao aumento de 14,5% nas diretorias e de 22,0% nos conselhos, entre maio de 2022 e maio de 2023.
A pesquisa avalia empresas que fazem parte do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira. É a primeira iniciativa no país, em que é possível conhecer a situação dos cargos de chefia em relação à igualdade de género, por empresa. São 82 organizações que movimentam o maior volume de recursos no mercado de ações. A pesquisa deste ano revelou que o número de mulheres nos cargos mais altos das grandes empresas brasileiras caiu nos últimos 12 meses.
Os dados do estudo mostram que quatro mulheres ocupam o cargo de CEO e três lideram os conselhos de administração das empresas do Ibovespa. Juntas, as sete mulheres líderes representam 4,3% do total. Em maio de 2023, havia três CEOs e cinco presidentes de conselho – oito mulheres, ou 4,9%. As mulheres ocupam atualmente 20,7% dos cargos de conselho e 16% dos diretores das empresas do Ibovespa. Em 2023, eram 20% e 15,8%, respectivamente.
Para Cristina Boner, empresária e profissional de tecnologia, A desaceleração na inclusão de mulheres em cargos de liderança nas grandes empresas é preocupante. “É um sinal amarelo de que ainda há muito trabalho a ser feito. O ritmo mais lento sugere que persistem barreiras estruturais e culturais”, aponta.
A empresária sugere que as medidas já implementadas sejam intensificadas para recuperar o crescimento. “As empresas precisam redobrar esforços para criar ambientes que promovam a igualdade de oportunidades e removam obstáculos ao avanço das mulheres aos mais altos níveis de gestão”, destaca.
Diversidade de gênero na liderança da empresa
De acordo com 20ª edição do estudo Mulheres nos Negócios: Caminhos para a Paridade (Mulheres no Mundo Corporativo: Caminhos para a Paridade), o Brasil caiu 2% no percentual de mulheres em cargos de liderança e ocupa o 11º lugar no ranking global. No país, 37% dos cargos de liderança nas empresas são ocupados por mulheres.
Ó relatório também apontou que as empresas com uma estratégia de DE&I (diversidade, equidade e inclusão) têm mais mulheres em cargos de gestão sênior (38%) e as empresas que acompanham o impacto do DE&I tiveram uma percentagem significativamente maior de mulheres em cargos de liderança sênior do que as empresas que não não medem seus esforços de DE&I.
Boner reforça a necessidade de compromisso com o monitoramento das políticas de DE&I. “Várias iniciativas e programas têm sido implementados para promover a diversidade de género nas empresas. Contudo, dados recentes sugerem que estas iniciativas devem ser continuamente avaliadas para garantir a sua eficácia”, enfatiza.
“Programas de mentoria, políticas de recrutamento inclusivas e formação de liderança para mulheres são algumas das medidas já tomadas pelas organizações, mas devem adotar abordagens mais integradas e consistentes, que vão além de ações isoladas, para fomentar uma cultura corporativa genuinamente inclusiva”, conclui o empresária.
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