Bom dia pessoal! No artigo de hoje, co-escrito novamente com Camila Affonso e Joseph Boukai, respectivamente sócio e consultor da Grupo Legio, especialistas em modelagem logística, pretendemos explicar o tema da avaliação socioeconômica no contexto logístico. A motivação para esta análise decorre da crescente complexidade dos desafios enfrentados pelos governos e organizações, que exigem abordagens robustas para garantir a sustentabilidade e a equidade no desenvolvimento socioeconómico. Esperamos que você goste. Vamos!
A avaliação socioeconómica tornou-se uma ferramenta indispensável no planeamento e implementação de políticas públicas, projectos de desenvolvimento e iniciativas empresariais, pelo que é imperativo compreender e medir os impactos sociais e económicos correlacionados. Tradicionalmente, a avaliação socioeconómica centrava-se em aspectos qualitativos, apoiando-se frequentemente em percepções subjectivas e relatórios descritivos. Contudo, para aumentar a precisão e objetividade dessas avaliações, há uma tendência crescente de incorporação de métodos quantitativos e modelagem matemática. Esta transição permite não só uma análise mais rigorosa dos dados, mas também a possibilidade de simulações e previsões, fundamentais no processo de tomada de decisão.
Além disso, a integração de critérios ASG (ou ESG) na avaliação socioeconómica acrescenta uma camada crítica de análise, que se alinha com as exigências contemporâneas de sustentabilidade e responsabilidade social. As certificações ESG, como GRI (Global Reporting Initiative) e SASB (Sustainability Accounting Standards Board), fornecem estruturas padronizadas que ajudam as organizações a medir e reportar os seus impactos ambientais, sociais e de governação de uma forma transparente e comparável.
A adopção de uma perspectiva ESG na avaliação socioeconómica envolve uma análise sistemática dos impactos ambientais (como as emissões de carbono e a utilização de recursos naturais), dos impactos sociais (como as condições de trabalho e o envolvimento da comunidade) e da governação (como a transparência e a ética). Esta abordagem integrada permite identificar e mitigar riscos, explorar oportunidades para melhorias sustentáveis e criar valor a longo prazo para todas as partes interessadas.
Por exemplo, a adoção de normas ESG pode levar a práticas mais sustentáveis na cadeia de abastecimento, reduzir os riscos associados a alterações regulamentares e melhorar a reputação de uma empresa junto dos consumidores, fornecedores e investidores. Estudos demonstraram que as empresas com fortes práticas ESG muitas vezes superam os seus concorrentes em termos de retorno ajustado ao risco, o que destaca a viabilidade económica da integração de critérios ESG nas avaliações. Além disso, a transparência proporcionada pelos relatórios ESG tende a aumentar a confiança dos investidores e a facilitar o acesso ao capital.
Desta forma, ao combinar abordagens qualitativas e quantitativas e incorporar critérios ESG, a avaliação socioeconómica torna-se uma ferramenta poderosa para promover um desenvolvimento equilibrado e sustentável. Isto permite uma visão holística e detalhada dos impactos dos projectos e políticas, oferecendo informações valiosas para os decisores políticos, investidores e outras partes interessadas envolvidas no processo de desenvolvimento socioeconómico.
Para exemplificar melhor esse tipo de avaliação e suas metodologias, traremos um exemplo prático para o modal ferroviário. A metodologia utilizada é a análise custo-benefício adaptada à avaliação de projetos de investimento com retorno socioeconômico, com base no “Guia Geral para Análise Custo-Benefício Socioeconômico de Projetos de Investimento em Infraestrutura”, de novembro de 2022, do Ministério da Economia do Brasil. A metodologia baseia-se na análise direta dos benefícios socioeconômicos avaliados em 3 esferas principais: eficiência logística, declaração fiscal e socioambiental.
O ganho de eficiência logística com a utilização da ferrovia é considerado um benefício socioeconômico, pois o menor custo de transporte aumenta a competitividade dos produtores locais, incentivando o aumento da produção e, consequentemente, promovendo o desenvolvimento socioeconômico local. De forma simplificada, esse ganho pode ser medido pela diferença entre os custos operacionais do transporte ferroviário e os custos de contratação do transporte rodoviário para realizar os mesmos fluxos (considerando os mesmos produtos, origens e destinos).
De forma geral, o modal ferroviário se destaca pela capacidade de transportar grandes volumes com alta eficiência energética, principalmente em longas distâncias. Entre os benefícios desse modal estão os baixos custos de transporte e manutenção, maior segurança pela baixa ocorrência de acidentes, furtos e furtos, além de ser pouco poluente.
Por outro lado, o transporte rodoviário tem custos de transporte elevados e um elevado consumo de combustíveis fósseis, de recursos naturais não renováveis e de emissores de gases com efeito de estufa. Além disso, esse modo demanda uma ampla gama de recursos e infraestrutura necessários, como postos de gasolina e locais de manutenção, muitas vezes localizados em áreas sem controle ambiental adequado, além de gerar impactos sociais negativos, como acidentes de trânsito e congestionamentos.
Em relação à devolução de impostos, os custos do investimento realizado para a realização das intervenções necessárias ao projeto são, em parte, compostos por impostos pagos, que são devolvidos à sociedade na forma de benefícios sociais. Dessa forma, devolvemos ao modelo uma parcela dos custos de investimento como benefício.
Além disso, a utilização da ferrovia em vez da rodoviária traz alguns benefícios também do ponto de vista socioambiental. Para esta avaliação são criados grupos de indicadores. Neste artigo, citaremos 3 grupos como exemplos: indicadores relacionados a acidentes de trânsito, eficiência energética e emissões atmosféricas. As tabelas a seguir apresentam os indicadores considerados em cada agrupamento.
indicadores relacionados aos acidentes de trânsito.
Não. | Indicador |
1 | Acidentes devidos à carga transportada (acidentes/bilhões de tku) |
2 | Mortes por carga movimentada (Mortes/bilhão de tku) |
3 | Acidentes por distância modal efetiva (Acidentes/km) |
4 | Óbitos por distância efetiva do modal (Óbitos/km) |
A análise dos indicadores relativos aos acidentes de trânsito revela um dos maiores impactos sociais do transporte ferroviário e rodoviário. Em áreas densamente povoadas, esta variável torna-se ainda mais significativa devido ao maior risco para as populações vizinhas. Esses indicadores visam realizar uma análise mais aprofundada desses números, fazendo uma comparação entre os modais por volume de carga movimentada e por distância efetiva de cada modal, trazendo proporcionalidade para cada esfera, de acordo com suas magnitudes efetivas.
Indicadores de Eficiência Energética
Não. | Indicador |
5 | Consumo de energia por carga movimentada (tep/bilhão de tku) |
6 | Consumo de energia por distância efetiva do modo (tep/km) |
7 | Consumo de óleo diesel por carga movimentada (m3/bilhão de tku) |
8 | Consumo de óleo diesel por distância modal efetiva (m3/km) |
Grande parte da matriz energética brasileira é representada pelo consumo de derivados de petróleo e o setor de transportes, mais especificamente, é responsável por grande parte desse consumo de derivados de petróleo, principalmente diesel. Esses indicadores visam verificar a eficiência energética entre os modais de acordo com a representatividade de cada um. A eficiência energética será analisada levando em consideração a rede total de cada modal bem como o volume de carga movimentada em cada modal.
Indicadores de Emissões Atmosféricas
Não. | Indicador |
9 | Emissão de CO2 por carga movimentada (ton/bilhão de tku) |
10 | Emissão de CH4 por carga movimentada (tonelada/bilhão de tku) |
11 | Emissão de N2O por carga movimentada (ton/bilhão de tku) |
A utilização e queima de combustíveis derivados do petróleo traz consigo, além do impacto da minimização deste recurso natural, a emissão de gases responsáveis pelo aumento do efeito estufa. Os principais gases relacionados a esse aumento são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Esses indicadores têm como objetivo calcular a emissão desses gases com base no volume movimentado e na distância percorrida por cada modal.
Como cada indicador apresentado tem efeitos específicos e não são diretamente comparáveis, é atribuído um peso e uma pontuação a cada indicador, que pode variar de 1 a 5. O produto desses dois fatores, pontuação e peso, resultará no Índice Socioambiental Índice de Qualidade (IQSA), que visa compilar os resultados dos indicadores em um único índice para medir a qualidade socioambiental que representam
IQSA = Σ(Nota x Peso) ⁄ Número total de indicadores
Por fim, deve-se realizar a mensuração financeira de cada um desses indicadores, de forma a transformá-los em números que possam ser considerados e inseridos no modelo matemático. Após a mensuração financeira, existem diversas formas de avaliar seus resultados. Um deles é o indicador benefício versus benefício. custo. Este indicador divide basicamente o benefício socioeconômico pelo seu custo, ambos medidos em valor presente da vazão para todos os anos do projeto. Para um custo do indicador benefício versus benefício superior a um, o projeto é considerado socioeconomicamente viável.
Custo Indicador de Benefício vs. Benefício = VPL do Benefício Socioeconômico / VPL do Custo Total
Esperamos que você tenha gostado do tema. Entendemos que a avaliação socioeconómica é essencial para a formulação de políticas e projetos que promovam o desenvolvimento sustentável e inclusivo. Ao passar de uma abordagem qualitativa para uma quantitativa, por meio de modelagem matemática, é possível obter uma análise mais precisa e objetiva dos impactos socioeconômicos. Além disso, a integração de critérios ESG enriquece esta avaliação, oferecendo uma visão abrangente e transparente dos efeitos ambientais, sociais e de governança das iniciativas analisadas.
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Um forte e respeitoso abraço.
* Carlos Heitor Campani é Doutor em Finanças pelo CNPI, Diretor Acadêmico da illusmus – Academia de Finanças, Sócio da CHC Consultoria e Four Capital, além de Pesquisador da ENS – Escola de Negócios e Seguros.
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