A cena é comum nas concessionárias: um comprador adquire um veículo novo, mas decide que só vai embora depois que o carro estiver segurado. Embora a experiência quotidiana sugira que a maioria dos automóveis está segurada, as estatísticas indicam o contrário. Segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), apenas 30% da frota em circulação possui apólices.
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Isso significa que 70% dos carros circulam sem qualquer proteção contra acidentes, roubos, furtos ou eventos potencialmente danosos, como enchentes e até má manutenção das estradas. Os dados da entidade indicam um número de 20,1 milhões de veículos segurados para um total de 62,3 milhões de automóveis e 9,7 milhões de picapes em circulação no país, segundo dados de maio de 2024 do Ministério dos Transportes.
A lacuna de proteção é muito grande no país e este índice não melhora há vários anos. Isso ocorre devido a alguns fatores.
Ó preço é um deles. Pesquisa da Sem Parar mostrou que 63% dos proprietários de automóveis sem seguro não contratam proteção por considerarem o custo alto. O valor cobrado em um contrato é definido por diversos fatores que incluem desde idade, valor estimado e localização até sexo.
De qualquer forma, após a pandemia houve um aumento generalizado deste custo devido a problemas de abastecimento, com interrupções nas cadeias globais de fornecimento de peças. Em cinco anos até 2023, o valor dos veículos novos praticamente dobrou em termos nominais.
Essa variação também se refletiu nos preços praticados pelo mercado, uma vez que a remuneração deve acompanhar os valores cobrados. A principal referência para o pagamento de sinistros do setor é a conhecida tabela Fipe. Num ano, entre 2020 e 2021, por exemplo, este benchmark registou um aumento médio de 29,6%. Segundo a consultoria Jato, entre 2020 e 2022, os carros novos registraram um aumento médio de 51,5%.
Outro fator que tem pesado nessa “lacuna” de proteção no mercado automobilístico é a idade da frota. Carros muito antigos apresentam um elevado nível de risco tanto em termos de problemas mecânicos como de acidentes. O mercado, em geral, tende a recusar coberturas para veículos com mais de dez anos..
No entanto, o Frota brasileira vive aumento na idade média. Segundo dados do Sindipeças, entre 2014 e 2023, os veículos com idade entre 11 e 15 anos passaram de uma participação de 15% para 31,3% da frota nacional. Além disso, a idade média dos automóveis em circulação passou de 9 anos e 5 meses em 2017 para 11 anos e 1 mês no ano passado.
Segundo dados sindicais, os veículos com mais de dez anos constituem a maior parte da frota, ou 53,1%. Unidades com até uma década atingem participação de 46,9%. Isto significa que, para a maioria dos proprietários de veículos, o seguro pode ser um produto inacessível.
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