Na tentativa de mobilizar medidas governamentais para conter a entrada de carros elétricos e híbridos importados, a direção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) Nesta quinta-feira (4), houve apoio de executivos do setor para a divulgação dos resultados semestrais.
O presidente de Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom, participou da tradicional entrevista mensal e explicou sua posição em defesa do aumento imediato do imposto de importação de carros elétricos para 35%, inicialmente previsto para ocorrer em julho de 2026.
“Se você quer vender carro aqui, venha jogar aqui”, destacou Podemosbom, diante da imagem de um campo de futebol, projetada no monitor da sala de reuniões da Anfavea. O executivo referiu-se à entrada de carros da China. Segundo ele, a Anfavea projeta um volume de importação de 450 mil veículos em 2024. “É muito”, disse.
Estímulo à indústria instalada no país
O executivo defendeu que a indústria instalada no país deveria receber incentivos para, desta forma, produzir internamente o que hoje vem de outros países. Ele também reclamou do descompasso entre o crescimento das importações e o declínio das exportações.
As vendas externas de veículos totalizaram 165,3 mil unidades, queda de 28,3% em relação ao primeiro semestre de 2023.
“Temos que ter muito cuidado com o que está a acontecer”, destacou o Podemosbom. “O mercado está crescendo, mas a produção é a mesma”, acrescentou.
De janeiro a junho foram matriculados 1,14 milhão de veículos novos, um aumento de 14,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Somente em junho, o crescimento das vendas atingiu 13,1% na mesma base de comparação, com 214,3 mil unidades. A média diária de vendas, de 10,7 mil unidades, voltou ao patamar anterior ao pandemia.
Por outro lado, a produção acumulada no semestre – 1,12 milhão de veículos – representou um pequeno aumento de 0,5% em relação ao mesmo período de 2023. Em junho, porém, o ritmo das linhas de montagem acelerou, com aumento de 11,6% e 211 mil veículos.
Ó presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, classificou o resultado das importações, que chegaram a 54 mil unidades no primeiro semestre, de “aumento desenfreado”. Segundo Leite, 78% dessas importações vieram da China. A participação das marcas chinesas no mercado brasileiro aumentou de 7% para 26% em um ano.
Os executivos também apontaram a perda de competitividade no América latina, onde, segundo eles, os asiáticos entram em vários países sem pagar impostos. Segundo o Podemosbom, metade dos veículos importados pelos vizinhos latino-americanos vem da Ásia.
Risco de fechamento de fábricas
Leite logo mostrou um mapa mostrando a queda na participação do Brasil nas vendas de veículos nos países vizinhos. Em um ano, a participação brasileira caiu de 8,9% para 5,3% no México, e de 22,6% para 17,0% na Colômbia. “Corremos o risco desse impacto causar o fechamento de fábricas no segundo semestre”, destacou o presidente da Anfavea.
Do lado dos veículos comerciais, o reforço veio do presidente da Iveco, Marcio Querichelli. Segundo ele, dois terços dos caminhões vendidos em mercados como Chile, Peru, Colômbia e Equador são de origem asiática.
Num momento de pressão das montadoras de veículos para que o governo antecipe o aumento dos impostos de importação sobre modelos elétricos e híbridosAnfavea tenta afastar qualquer suspeita de dissidência em torno deste tema dentro da entidade. Conforme definido por governo brasileiro No final do ano passado, o aumento do imposto de importação para modelos eletrificados será gradual. Este mês, o imposto sobre os veículos eléctricos puros importados subiu para 18% e o sobre os híbridos importados aumentou para 20%.
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