Ó Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF), investigando suposto fraude em Americanas, denunciar a existência de um “suposto dispositivo fraudulento” que envolvia uma solução financeira disponibilizada por bancos BTG Pactual e Daycoval, definido após negociações com a tesouraria do varejista. Além disso, as autoridades dizem ainda que o antigo conselho de administração do grupo chegou a cooptar funcionários de bancos Itaú e Santander alterar as chamadas “cartas de circularização”, que são utilizadas pelos auditores externos para confirmar as informações prestadas pelas empresas auditadas.
Na manhã desta quinta-feira (27), policiais federais cumpriram dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão contra ex-diretores da empresa Americanas. Eles são acusados de participar fraude contábil totalizando R$ 25,3 bilhõessegundo a Polícia Federal (PF).
No caso das informações relativas ao BTG e ao Daycoval, o MPF afirma que a solução foi disponibilizada pelas duas instituições e teria sido apresentada ao denunciante do caso, Marcelo Nunesex-diretor da Americanas, por Breno Lima, superintendente financeiro da Americanas na época. Lima deixou a empresa em março.
Nunes disse ao MPF que apresentou a ideia em conversa com Miguel Gutiérrezex-diretor executivo e os diretores Márcio Cruz, José Timotheo Barros e Fábio Abrateque atenderam e decidiram contratar operações envolvendo esse valor.
A Americanas passou então a enviar aos bancos uma lista de verbas publicitárias, inclusive supostamente fictícias, e os bancos depositaram os valores correspondentes em favor da Americanas, com desconto. Após 30 dias, a empresa pagou os valores do adiantamento aos bancos.
Portanto, os bancos faziam depósitos de valores em cima de fundos que não existiam.
“Em contrapartida, as instituições exigiam que a Americanas realizasse aplicações financeiras correspondentes a entre 75% e 100% dos valores antecipados”, diz o Tribunal, ao se referir às informações do MPF no pedido de busca e apreensão.
Procurado, o BTG negou veementemente, em nota, ter indicado à Americanas e seus representantes qualquer “solução” e/ou operação de crédito que não estivesse em consonância com a legislação vigente e as melhores práticas de mercado, disse a instituição.
O banco afirma que “como é de conhecimento público, o banco adiantou créditos à empresa que sempre foram registrados nas informações contábeis do BTG Pactual e devidamente reportados à Central de Riscos do Banco Central do Brasil”.
No documento, MPF e PF não informam se existe algum nível de conhecimento por parte dos bancos sobre o esquema de produção de verbas publicitárias. Não há nomes de executivos de bancos nos pedidos de busca e apreensão de documentos ocorridos ontem, no Rio de Janeiro.
O MPF detalha ainda como esses valores foram contabilizados. Ele informa que, inicialmente, na captação de recursos junto aos bancos, eram baixadas cartas fictícias de recursos (“intituladas internamente como Letra B”). E, num segundo momento, quando os bancos foram pagos pela empresa, os valores fictícios voltaram ao saldo.
Além da operação fraudulenta em si, também não foi informada a existência dessas operações com os recursos recebidos da indústria, que deveriam estar na linha “fornecedor” do balanço.
Isto manteve os níveis de contas a pagar aos fornecedores, melhorando a visibilidade sobre o consumo de caixa. Portanto, ao final do trimestre, a empresa divulgou um balanço melhor do que realmente era.
Sobre o assunto, em nota, o Daycoval afirma que “todas as operações realizadas pelo banco são realizadas de forma ética e dentro da lei”, e que as operações de antecipação de recebíveis estão entre as mais comuns do mercado. Diz ainda que as realizadas com a varejista estavam dentro da regulamentação vigente. “O Daycoval destaca que ainda não teve acesso à investigação, nem foi notificado judicialmente, por isso não se manifestará”.
No caso dos bancos Itaú e Santander, consta do pedido de busca e apreensão, solicitado ao 10ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, que os executivos envolvidos nas supostas fraudes chegaram a cooptar funcionários das instituições para alterar as cartas de circularização.
As cartas são documentos enviados para auditoria e são emitidas pelo banco a pedido dos auditores para verificar a veracidade das informações prestadas.
Nas cartas envolvendo a Americanas, havia diversas informações contábeis, inclusive operações de “risco sacado”, operação financeira fechada entre fornecedor, banco e varejista.
Em 2016, as cartas de circularização emitidas pelo Itaú e pelo Santander incluíram operações de risco sacadas que não constavam nos balanços da Americanas. Portanto, isso não poderia estar nos cartões, pois seria identificado pelas auditorias.
“Dessa forma, o grupo criminoso teria cooptado funcionários das referidas instituições bancárias para alterar as cartas de circularização, de forma que, segundo a autoridade policial, encobriria as operações de assunção de riscos e garantiria ao grupo a continuidade das supostas fraudes contábeis”, diz o Tribunal, ao mencionar as informações coletadas pelas autoridades.
Sobre esse tema, o Itaú Unibanco nega qualquer participação, direta ou indireta, na suposta fraude contábil na Americanas.
O banco afirma que sempre forneceu às auditorias e aos reguladores informações corretas e completas sobre as operações contratadas pela empresa, de acordo com a legislação vigente e as melhores práticas de mercado.
“Conforme já esclarecido, os relatórios enviados às auditorias sempre alertaram para a existência de operações de risco. Os diretores da Americanas envolvidos na operação interagiram com representantes do Itaú para retirar os alertas.”
O banco diz que nunca aceitou este pedido e chegou a interromper, durante mais de seis meses, as operações sacadas com risco.
“O Itaú reforça que a elaboração das demonstrações financeiras é de responsabilidade única e exclusiva da administração da companhia e repudia qualquer tentativa de responsabilização de terceiros por falhas ou fraudes nessas demonstrações.”
Procurado, o Santander ainda não se pronunciou sobre o assunto. A instituição tem garantido ao mercado que atua com honestidade e é vítima de irregularidades da antiga administração. E sempre informou integralmente o Banco Central dos saldos das transações.
Há outra instituição também citada no pedido de busca das autoridades, o Banco do Brasil, por conta de operações com cartão.
Segundo o MPF, houve sistema supostamente fraudulento utilizando cartão de crédito disponibilizado pelo BB, “com a finalidade de obtenção e/ou manutenção de capital de giro, sem que tais operações estivessem detalhadas nas demonstrações financeiras e cartas de circularização”, diz em o texto.
Segundo o MPF, a operação com cartão de crédito foi muito semelhante ao risco assumido, mas foi de curtíssimo prazo.
O denunciante Marcelo Nunes, ex-executivo da Americanas, disse em seu depoimento, no início do ano, que o Banco do Brasil pagou os valores das faturas aos fornecedores e, no mês seguinte, a empresa pagou ao banco os mesmos valores mais os custos financeiros de operações.
Do ponto de vista contábil, a princípio, quando o banco pagava aos fornecedores, nada era feito na contabilidade. Mas num segundo momento, quando o lojista pagou o BB, a fatura foi baixada, registrando o pagamento ao fornecedor.
Desta forma, até ao pagamento à instituição financeira, as faturas permaneciam abertas no passivo do balanço. Para fins de divulgação, ficou na conta “fornecedores”.
A operação gerou uma dívida de curto prazo entre a empresa e o banco que não foi divulgada. Em 2021, a transação com cartão bancário gerou uma “suposta dívida” de R$ 746 milhões, diz o MPF.
Nunes afirma que esse sistema começou a ser utilizado depois que a Americanas atingiu o teto do risco assumido com as instituições financeiras, ou seja, atingiu um limite e precisava de mais uma ferramenta para continuar mantendo a rotação das fraudes.
Com isso, os ex-diretores passaram a pressionar a tesouraria da Americanas para que apresentasse novas operações além do risco retirado.
MPF e PF não informam conhecimento do BB sobre as condições fraudulentas da operação dentro da Americanas.
Procurado, o BB disse que não comenta nenhuma citação ou caso específico, sujeito aos sigilos bancário e comercial. “O BB reforça que atua no segmento de crédito em total conformidade com a legislação e regulamentação vigente. E vale destacar que o banco possui uma política robusta de gestão de crédito e de riscos, observando, com total diligência, as melhores práticas e padrões de governança, reconhecidos no mercado.”
Ó BTG Pactual negado, em nota ao Valortendo indicado à Americanas e seus representantes qualquer “solução” e/ou operação de crédito que não esteja alinhada com a legislação vigente e as melhores práticas de mercado, disse a instituição.
Como Valor informou nesta sexta-feira (28), o Ministério Público Federal e a Policia Federalque investiga o suposto fraude em Americanasrelatou a existência de um “suposto dispositivo fraudulento” como “uma solução disponibilizada por bancos BTG Pactual e Daycoval, após negociações com o setor de tesouraria da empresa”.
Na nota, além de negar veementemente a informação, o BTG afirma que “como é de conhecimento público, o banco adiantou créditos à empresa que sempre ficaram registrados nas informações contábeis do BTG Pactual e devidamente reportados à Central de Riscos do Banco Central do Brasil ” .
Segundo o MPF, esse suposto artifício que seria utilizado seria a antecipação de verbas publicitárias (VPC). Esse valor é algo negociado entre varejistas e indústrias, e pago de acordo com determinadas metas acordadas entre lojas e fabricantes.
De acordo com denunciante do caso, Marcelo Nunes, ex-diretor da Americanas, a varejista enviou aos bancos uma lista de verbas publicitárias, inclusive aquelas supostamente fictícias, e os bancos depositaram os valores correspondentes em favor da Americanas, com desconto. Após 30 dias, a empresa pagou os valores do adiantamento aos bancos.
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