Os líderes do setor temem transferir o agronegócio para o Centro-Oeste se não houver melhorias na infraestrutura de transportes. Lideranças dos setores do agronegócio catarinense querem melhorias na infraestrutura que liga a região Oeste aos portos do estado. Representantes das entidades defendem investimentos em rodovias e ferrovias em importantes rotas de escoamento da produção, como forma de reduzir custos e aumentar a competitividade. Leia também. É nos municípios desta parte do Estado que estão sediadas importantes indústrias e cooperativas, responsáveis pelo abastecimento de grande parte do mercado nacional e internacional. Santa Catarina é a primeira no ranking nacional em produção e exportação de carne suína e a segunda do país em carne de frango. A produção animal, aliás, foi responsável por 57,6% do Valor da Produção Agrícola de Santa Catarina em 2023, com a cadeia produtiva da suinocultura liderando (20,2% do total), seguida pela avicultura (16,4%). Santa Catarina é a primeira no ranking nacional em produção e exportação de carne suína e a segunda do país em carne de frango AgroBisollo/Divulgação “Nosso gargalo hoje depende apenas de um modal logístico, que é o rodoviário. Praticamente temos apenas um modal para movimentar cargas”, afirma o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes de Santa Catarina (Sindicarne-SC), Jorge Luiz de Lima. O presidente da Federação Catarinense da Agricultura (Faesc), José Zeferino Pedroso, reforça as denúncias. Em nota enviada à reportagem, ele alerta que a falta de investimentos em infraestrutura e logística pode levar o agronegócio a sair do Estado, em busca de melhores condições para escoar sua produção. “Ou as condições de infraestrutura no oeste catarinense melhoram ou as agroindústrias se deslocam para o Centro-Oeste brasileiro. E, nesse caso, toda a agricultura de barriga verde entrará em colapso”, afirma Pedroso. Entre as principais demandas do setor agropecuário está a duplicação da rodovia BR-282, que liga as regiões Oeste, Planalto e Litoral de Santa Catarina. A rota é considerada vital para o escoamento da produção do oeste catarinense e, na opinião de entidades ligadas à agricultura local, não tem condições de suportar os atuais volumes de cargas que saem das regiões de produção em direção aos portos e ao consumo centros. Duplicação da rodovia BR-282 está entre as principais demandas do agronegócio catarinense Roberto Zacarias/Secom A BR-282, próxima ao município de Campos Novos, atende outra rodovia federal considerada importante para o agronegócio catarinense: a BR-470. Parte da estrada já recebeu obras de duplicação. Mas, segundo cálculos do diretor do Sindicarne-SC, ainda faltam cerca de 300 quilômetros a serem duplicados. “Precisamos duplicar as rodovias do oeste ao litoral. As rodovias federais não estão em boas condições”, critica Jorge Luiz de Lima. Outra demanda é o investimento no transporte ferroviário, para escoamento da produção e chegada dos insumos necessários às agroindústrias do oeste catarinense. A oferta e a demanda por grãos no Estado são deficientes, o que deixa o setor avícola e suíno dependente da soja e do milho de outras regiões do Brasil para alimentar os rebanhos de produção. “A construção de uma ferrovia ligando o oeste catarinense ao centro-oeste do Brasil é essencial para o desenvolvimento da região. Outra obra necessária é a ferrovia Leste-Oeste, chamada de “ferrovia do frango” ou “ferrovia de integração”, que ligaria os portos catarinenses à região produtora”, resume Pedroso, da Faesc. A ligação entre o oeste do Estado e o centro do Brasil seria por meio de uma extensão até Chapecó do projeto Nova Ferroeste, que liga Maracaju, no Mato Grosso do Sul, a Cascavel, no Paraná. A obra está inserida no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e na carteira de concessões de infraestrutura do governo federal. O projeto “ferrovia do frango”, denominado EF-487/499, também está incluído no PAC. Segundo o Ministério da Casa Civil, está em fase de estudos. Bem como os ramais da ferrovia Norte-Sul de Estrela D’Oeste (SP) a Chapecó e, do município de Santa Catarina a Rio Grande (RS). Quem gerencia o ponto de chegada da produção também entende que há necessidade de melhorias. Em São Francisco do Sul, a chegada rodoviária ao maior porto de Santa Catarina e sétimo do Brasil em movimentação de cargas é pela BR-280, estrada de pista única e com alto volume de tráfego na região. A chegada rodoviária ao porto de São Francisco do Sul é feita pela BR-280, estrada de pista única e com grande volume de tráfego na região. Eduardo Valente/SECOM Cleverton Vieira, presidente da SCPar Porto de São Francisco do Sul, autarquia portuária local, avalia que as dificuldades logísticas estão fora do terminal, pois, segundo ele, dos portões para dentro, os investimentos necessários estão em andamento. A falta de solução para questões como a própria BR-280 poderá comprometer, no médio prazo, o ritmo da movimentação portuária. “Temos a situação da ferrovia, a situação da BR-280, que precisam ser resolvidas no médio prazo ou correm o risco até de comprometer o desempenho do porto. Sem estas obras fora do porto vamos viver tempos difíceis”, afirma, acrescentando, em relação ao modo ferroviário, a necessidade de investimento no ramal que serve o porto, que está ligado à rede ferroviária nacional. Em Navegantes, o acesso ao terminal privado de contêineres administrado pela Portonave só é possível por via rodoviária, explica o diretor administrativo, Osmari de Castilho Ribas. Em média, 2 mil caminhões passam pelo local por dia. Até 3 mil, nos dias de pico operacional. Os veículos permanecem na área portuária, em média, 30 minutos. O desafio é chegar lá, afirma o executivo. A principal ligação entre o oeste catarinense e o porto de contêineres é a rodovia BR-470. Partindo de Chapecó, é um percurso de mais de 500 quilômetros. “Estamos diante de um BR que está duplicado há anos, mas nunca chega ao fim”, diz Castilho. Saiba mais taboola “Gargalo imprudente” Estudo da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) de dezembro de 2023 aponta necessidade de investimentos em infraestrutura no Estado de R$ 20,3 bilhões entre 2024 e 2027, considerando recursos públicos (federal, estadual e municipal) e privada. Para rodovias, a demanda é de R$ 10,3 bilhões, e para ferrovias, de R$ 1,7 bilhão. Beto Martins, secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias de Santa Catarina, reconhece que o Estado tem um “gargalo temerário” na logística. Ele afirma que, no ano passado, os terminais portuários de Santa Catarina movimentaram 61 milhões de toneladas de cargas. Mais da metade não foi destinada ao próprio Estado, condição que o torna um importante corredor logístico nacional. O secretário destaca que a ineficiência no transporte aumenta o custo de produção da agroindústria catarinense. E afirma que as empresas têm considerado outras regiões do Brasil em seus projetos de expansão. “Nossa indústria perdeu capacidade por ineficiência logística”, lamenta. Projetos ferroviários em Santa Catarina Governo de Santa Catarina Martins explica que um dos projetos ferroviários para Santa Catarina seria entre Chapecó e Correia Pinto, onde a linha faria ligação com Malha Sul, sob concessão da Rumo Logística. Chamado de Corredor Ferroviário Catarinense, o projeto básico foi contratado em 2022 com duração inicial de 24 meses e mais quatro meses. A extensão planejada é de 319 quilômetros de ferrovia. Outro projeto visa interligar os complexos portuários de Itajaí-Açú, onde estão os portos de Itajaí e Navegantes, e a Baía da Babitonga, onde estão os terminais de São Francisco do Sul e Itapoá. O trecho tem aproximadamente 62 quilômetros entre Navegantes e Araquari. O projeto executivo também foi contratado em 2022, com prazo de execução de 24 meses, e recebeu aditivo de quatro meses. Os dois projetos ainda estão em fase de estudo e deverão ser executados por investidores privados. O secretário defende que as concessões poderão ser feitas pelo próprio governo de Santa Catarina, o que é permitido para novas obras no âmbito do regime jurídico das ferrovias, em vigor desde 2021. “Os empreendimentos foram contratados para ficarem prontos em abril do próximo ano e até o momento, os estudos mostram um bom resultado de viabilidade econômica”, afirma o secretário, ressaltando que o ritmo atual dos debates sobre a renovação das concessões ferroviárias federais é um ponto de incerteza para atração de investidores. O governo federal também promete investimentos na infraestrutura catarinense. A secretária Nacional de Transportes Rodoviários, Viviane Esse, explica que está em discussão o que ela chama de otimização das concessões de trechos das rodovias BR-116 (Planalto Sul) e BR-101 (Litoral Sul). A ideia é acelerar os investimentos previstos em contratos com empresas privadas, que ainda têm nove anos de vigência. Previsão de investimentos públicos na malha rodoviária de Santa Catarina Governo Federal Dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a previsão de investimentos públicos na malha rodoviária de Santa Catarina é de R$ 2,2 bilhões até 2026, sendo R$ 2. 1 bilhão em obras e restaurações e outros R$ 939 milhões em manutenção. O investimento privado no período é estimado em R$ 1,2 bilhão, segundo o Ministério dos Transportes. “Precisamos ter rodovias com capacidade adequada e nível de serviço adequado, que ajudem a reduzir o número de acidentes e o custo do transporte. Infraestrutura adequada é um motor de investimento, principalmente em corredores logísticos”, argumenta o secretário. Viviane explica que o governo federal colocou em estudos para 2025 a concessão das rodovias BR-280, BR-470 e BR-282, importantes para ligar o Oeste aos portos. A previsão é ter essa obra pronta até o final de 2024 para iniciar as audiências públicas dos projetos. Ela reconhece, no entanto, a necessidade urgente de manutenção e melhorias na infra-estrutura. Para a BR-280 está prevista a duplicação entre São Francisco do Sul e Jaraguá do Sul, obras que incluem a construção de um túnel. Na BR-470, a obra de duplicação foi dividida em quatro lotes, adaptando o trecho entre Navegantes e Blumenau. Para a BR-282 estão sendo contratadas obras de adequação viária em São Miguel D’Oeste, além do trecho urbano do município de Maravilha. E, desse ponto até a divisa entre Santa Catarina e Paraná pela rodovia BR-163. “É importante fazer a intervenção adequada no momento certo. Caso contrário, poderá custar até quatro vezes mais”, afirma Viviane. «Para todas estas obras o orçamento está previsto. É natural que haja bloqueio ou liberação dependendo da questão orçamentária. Mas estamos bem apoiados para manter o orçamento para a execução das obras”, aponta o secretário.
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