Num discurso histórico à nação, o presidente Joe Biden, 81 anos, justificou a sua desistência de concorrer à reeleição afirmando que defender a democracia é mais importante do que qualquer posição.
“Eu reverencio esta posição, amo mais o meu país. Foi a honra da minha vida servir como seu presidente”, disse ele. “Mas na defesa da democracia, o que está em jogo é mais importante do que qualquer título”, disse ele, sem mencionar Donald Trump nenhuma vez.
O discurso desta quarta-feira (24) foi feito no Salão Oval, reservado para ocasiões mais relevantes e pouco utilizado pelo democrata.
Biden também agradeceu à sua vice-presidente, Kamala Harris, a quem apoiou para substituí-lo na chapa democrata.
O presidente defendeu o seu mandato enumerando diversas iniciativas dos últimos três anos e meio. “Mas nada pode impedir a democracia, nem mesmo as ambições pessoais”, disse ele. “Decidi que o melhor caminho para o futuro é passar o bastão para uma nova geração.”
“A história está nas suas mãos, o poder está nas suas mãos, a ideia da América está nas suas mãos”, disse ele. “Vamos agir juntos e preservar a nossa democracia.”
Biden disse que continuará a trabalhar nos seis meses restantes de seu mandato para o povo americano.
O democrata anunciou sua saída da disputa pela Casa Branca no último domingo (21) por meio de carta compartilhada em suas redes sociais. A decisão ocorre depois que ele sofreu forte pressão de seu próprio partido devido ao seu desempenho desastroso no debate contra Donald Trump no mês passado.
Logo após se retirar da eleição, ele apoiou sua vice-presidente, Kamala Harris, como sua substituta na chapa.
O último presidente a desistir da reeleição foi Lyndon B. Johnson. Sua decisão foi anunciada por meio de declaração à nação feita em março de 1968. O presidente foi alvo de enorme insatisfação entre os democratas devido à guerra do Vietnã. A desistência, porém, aconteceu antes de ele se tornar o provável candidato do partido.
Biden ficou isolado em sua residência em Rehoboth Beach (Delaware) após ser diagnosticado com Covid e, por isso, optou pelo anúncio em forma de texto nas redes sociais. Na carta, ele prometeu que faria um discurso explicando seus motivos ao longo da semana. Ele voltou à Casa Branca na tarde de terça-feira.
Biden fez uma breve aparição telefónica esta segunda-feira durante uma reunião naquela que era até domingo a sua sede de campanha em Wilmington (Delaware). O presidente agradeceu à equipe e disse que continuará “totalmente engajado” na campanha. “Estou de olho em você, garota. Eu te amo”, disse ele a Kamala.
Na primeira pesquisa realizada após a desistência de Biden, o vice-presidente apareceu numericamente à frente de Donald Trump e supera o republicano fora da margem de erro no cenário em que o candidato independente Robert F. Kennedy Jr.
A pesquisa Reuters/Ipsos foi realizada na segunda (22) e na terça (23). Foram entrevistadas 1.241 pessoas em todo o país.
Outra pesquisa, divulgada nesta quarta-feira (24) pela CNN, mostra o republicano numericamente à frente do democrata, mas com vantagem menor do que a observada em relação a Biden. Trump seria a escolha de 49% dos eleitores americanos, enquanto Kamala teria 46% das intenções de voto.
A diferença entre os dois não é, no entanto, considerada estatisticamente relevante porque está dentro da margem de erro de três pontos percentuais. Com Biden, a diferença foi de seis pontos. A pesquisa foi realizada virtualmente na terça (22) e na quarta (23).
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