Terapia já utilizada para tratar o tipo mais comum de câncer de pele. A técnica foi eficiente em ratos, mas ainda depende de diversas etapas de testes. Olho sendo examinado (foto de arquivo) Reprodução/EPTV Uma fototerapia desenvolvida no Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP) tem se mostrado promissora no controle de um tipo de câncer ocular. Em testes realizados com ratos, a irradiação com laser de femtosegundo pulsado mostrou-se eficaz e segura, abrindo caminho para o tratamento direcionado e minimamente invasivo de doenças no futuro. Participe do canal g1 São Carlos e Araraquara no WhatsApp A pesquisa está sendo liderada por cientistas do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) em colaboração com pesquisadores da Universidade de Toronto e do Princess Margaret Cancer Centre, ambos no Canadá. Baseada em laser pulsado, a técnica envolve a aplicação de grande quantidade de luz por um curto período de tempo para ativar a ação do medicamento contra o melanoma ocular. Se testes futuros comprovarem sua eficácia, a técnica poderá ser um método de tratamento menos drástico. Atualmente, as estratégias disponíveis para combater a doença envolvem radiação e remoção do olho afetado, mas são de baixa eficácia e apresentam risco de 50% de o paciente desenvolver metástase. Olhos castanhos representam menor risco de melanoma AFP/Archive Technique é usada contra câncer de pele A terapia fotodinâmica já é utilizada no tratamento do carcinoma basocelular, o tipo mais comum de câncer de pele, e envolve o uso de luz para ativar medicamentos. O melanoma é um dos tipos de câncer mais agressivos e tem se mostrado um desafio, devido à melanina, um pigmento escuro que compete com os medicamentos fotossensibilizantes pela absorção de luz. Outra dificuldade é que biomoléculas como a melanina fazem com que os fótons (partículas que compõem a luz) mudem sua direção de propagação e dispersão. Dessa forma, poucos serão verdadeiramente transmitidos e atingirão tecidos mais profundos. Melanoma é um dos tipos de câncer de pele mais agressivos Thinkstock Para otimizar a resposta da terapia fotodinâmica em melanomas cutâneos, este mesmo grupo de pesquisa já havia testado com sucesso a associação com agentes clareadores ópticos, que modificam previamente as propriedades ópticas do tumor, permitindo maior penetração da luz. A mesma técnica está sendo estudada agora para melanomas oculares que, segundo os pesquisadores, apresentam ainda mais dificuldade de tratamento devido à sua localização. Os cientistas investigaram um regime de irradiação de laser pulsado chamado femtossegundo. Esse tipo de laser é capaz de fornecer uma grande quantidade de energia em um tempo extremamente curto – em um pulso de 10 a 15 segundos e localizado, reduzindo o risco de danos aos tecidos saudáveis ao redor do tumor. Os testes foram feitos com camundongos doentes que, após passarem pela terapia de ativação do medicamento Visudyne, usado no tratamento da degeneração macular, não apresentavam mais nenhum tumor residual visível. “Observamos que o método permite entregar dois fótons, com metade da energia necessária cada um, e, como isso ocorre em um período de tempo extremamente curto, a molécula biológica basicamente não percebe, permitindo sua chegada”, explica o professor da IFSC-USP, Cristina Kurachi, e coordenadora de estudos da equipe brasileira. A pesquisadora Cristina Kurachi, do IFSC-USP, lidera pesquisa sobre uso de laser no tratamento de câncer de olho IFSC-USP/Divulgação Para surpresa dos cientistas, a técnica foi mais eficaz em tumores pigmentados, mostrando que a melanina atua como mediador de tratamento. “Esses resultados trazem uma nova perspectiva na área de biofotônica e quebram o paradigma de que lesões pigmentadas não podem ser erradicadas com terapias à base de luz”, disse a pesquisadora Layla Pires. Segundo Cristina, há ainda outra possível vantagem potencial da terapia fotodinâmica : vários estudos ao redor do mundo têm indicado sua capacidade de induzir uma resposta imunológica, melhorando a ativação do próprio sistema imunológico do corpo para atuar também na eliminação de tumores. Perspectivas Segundo a equipe de pesquisa, a descoberta abre caminho para um tratamento. para o melanoma ocular mais eficaz, que oferece menos efeitos colaterais, no futuro. Mas esse futuro ainda está muito distante. São necessários vários passos e muitos anos de estudos antes que esta fase de pesquisa possa ser usada. é justamente mostrar que o método é eficaz e seguro os próximos passos incluem testes em camundongos humanizados com melanoma de origem humana e primeiros estudos em humanos”, explicou Cristina. Além disso, instrumentos específicos para esta abordagem ainda estão em fase de desenvolvimento. Durante o estudo, os pesquisadores utilizaram um microscópio, mas a ideia é que o tratamento seja feito com oftalmoscópios ajustados (aparelhos para visualização da retina), tecnologia criada por outros grupos de pesquisa. Assista aos vídeos da EPTV Central Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara
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