O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos. Praia do Perequê-Açú, em Ubatuba Divulgação/Prefeitura Municipal de Ubatuba Um estudo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) mostrou que praias e peixes de Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo, estavam contaminados com microplásticos. Microplásticos são pequenos resíduos provenientes dos mais diversos produtos plásticos. Eles podem ser de vários tamanhos. Às vezes são tão pequenos que podem ser invisíveis a olho nu, mas tornaram-se um dos principais poluentes da água dos rios e oceanos. Cientistas de todo o mundo têm alertado a comunidade sobre os efeitos perigosos desta substância no corpo humano. No estudo, os investigadores explicam que a areia, o mar e os peixes apresentam elevados níveis de contaminação por microplásticos nas praias. Para a pesquisa foram coletadas amostras em duas praias da cidade: Barra Seca e Perequê-Açu. Clique aqui para acompanhar o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp Segundo o ictiólogo da UFSCar, George Mattox, já era certo que haveria contaminação nas praias, mas não no nível que foi encontrado na pesquisa. “Já tínhamos a ideia de que estaria contaminado, porque vemos as notícias, mas não esperávamos esse nível de 38% de peixes contaminados. Cada vez que você pega um copo e joga no mar ou na areia, ele se degrada até virar microplástico”, explicou. Durante a pesquisa, os microplásticos azuis foram os mais encontrados no trato gastrointestinal dos peixes, pois são facilmente confundidos com alimentos. Cerca de 98% desses materiais encontrados eram fibras. Lixo encontrado nas praias de Ubatuba, SP Reprodução/TV Vanguarda Tartarugas Ubatuba conta com o Projeto Tamar, que recebe e cuida de animais marinhos. No local, cerca de 30% das tartarugas que chegam possuem fragmentos de plástico dentro do corpo. Todo esse lixo encontrado dentro das tartarugas é colocado em um local chamado ‘medidor de lixo’, que é utilizado pelo Projeto Tamar como forma de mostrar aos visitantes os impactos do lixo descartado incorretamente no meio ambiente. “A ingestão de plástico acaba prejudicando o trato digestivo, pode abrir portas para infecções e, muitas vezes, a tartaruga não vai morrer diretamente pela ingestão de plástico, mas, indiretamente, por infecções que ela acaba pegando”, disse José Henrique Becker, coordenador de pesquisa e conservação do Projeto Tamar. ‘Lixômetro’, onde são jogados plásticos retirados de animais, no Projeto Tamar, em Ubatuba, SP Reprodução/TV Vanguarda Praias Sujas Ainda no Litoral Norte de São Paulo, o Instituto Argonauta também trabalha na proteção do meio ambiente e dos ecossistemas costeiros e marinhos por pelo menos 25 anos. Desde 2016, a Argonauta mantém parceria com o Aquário de Ubatuba, que criou o “boletim do lixo”. O boletim é responsável por informar, online, mensalmente, a situação das praias das cidades da região. Segundo a bióloga Natalia Della Fina, copos e garrafas plásticas são os objetos mais descartados incorretamente nas praias. “Percebemos que 54% contém algum tipo de lixo nas praias, o que significa que é muito difícil chegarmos aos locais e não vermos esse lixo descartado de forma incorreta. Nas praias encontramos de tudo um pouco, mas principalmente descartáveis, como copos e garrafas plásticas”, disse. Estudo aponta contaminação por microplásticos em Ubatuba O relatório de abril – o último divulgado pelo Instituto Argonauta até o momento – apontou que, das 130 praias do Litoral Norte monitoradas, 92 apresentavam algum tipo de lixo. “Alguns estudos indicam que passamos a respirar essas partículas nanoplásticas porque, afinal, esse macroplástico que avaliamos diariamente, se não for descartado corretamente, um dia se tornará microplástico e contaminará todo esse processo da cadeia atrófica”, finalizou Natália. Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região Bragantina
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