Com investimentos estimados de US$ 64,5 bilhões até 2028 e reservas que estão entre as maiores do mundo, o setor mineral coloca o Brasil na vanguarda da corrida global pelo fornecimento de metais e insumos críticos para a transição energética. Mas há gargalos que podem comprometer esse posicionamento, mostra estudo da EY, intitulado “A atratividade do setor mineral brasileiro”.
Conhecimento ainda limitado de suas riquezas minerais, com apenas 27% do território mapeado pelo Serviço Geológico Brasileiro (SGB), complexidade do marco regulatório, lentidão do processo de licenciamento ambiental e limitações para captação de recursos financeiros, especialmente por mineradoras de menor porte ( conhecidos como “júnior”), aparecem como os principais desafios do setor.
“O Brasil é uma potência mineral, não só para o futuro, mas para o presente. O cenário é auspicioso do ponto de vista da demanda, mas há pontos de atenção do lado da oferta. É preciso ter condições de investimento”, disse ao Valor o líder de energia e recursos naturais da consultoria, Afonso Sartorio, coautor do estudo, que também é assinado pelo diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann.
Com mais de sete mil empresas instaladas, incluindo grandes nomes da mineração nacional e internacional (as “majors”), o Brasil se destaca no cenário global, entre outros motivos, pelo tamanho de suas reservas e produção. Além da força em minério de ferro – segunda maior reserva do mundo -, o país aparece no ranking dos maiores em nióbio, grafite, terras raras, manganês e níquel, aponta o estudo.
Muitos destes minerais, disse Sartorio, terão uma procura global crescente com a transição energética, abrindo novas oportunidades para o sector. Os carros elétricos, por exemplo, têm quase seis vezes mais minerais críticos, cerca de 200 quilos, do que os carros com motor de combustão. As estruturas de geração solar e eólica também utilizam esses insumos. De acordo com o estudo, embora a procura global de lítio possa crescer até 42 vezes até 2040, a da grafite deverá aumentar 25 vezes e a das terras raras, 7 vezes.
Mas o Brasil precisa estar preparado, do ponto de vista da oferta, para atender esse mercado. Embora o plano de investimentos do setor seja robusto, ele está apenas em linha com o que se vê em outras partes do globo – o que não é suficiente para um país com aspirações de poder global, segundo Sartorio. “Se o Brasil não investir, outros países o farão.”
O primeiro desafio mapeado pelo estudo, que pode prejudicar investimentos futuros, é o baixo conhecimento geológico em relação a outros países mineradores, como Canadá e Austrália, que possuem mapeamento mais abrangente e são mais ágeis no compartilhamento dessas informações, muitas vezes oferecendo incentivos ao setor privado para atuar nessa frente em conjunto com órgãos governamentais. Aqui, apenas 27% do território está mapeado na escala mínima (1:100.000) adequada para iniciar um projeto de prospecção mineral.
Segundo Sartorio, o governo obteve alguns avanços, via benefícios fiscais ou ampliação do acesso à informação, mas precisamos ir além. “Se isto for conseguido, o país será mais atrativo, porque os investidores terão mais facilidade em compreender o seu potencial.”
O Brasil é uma potência mineral, não só para o futuro, mas para o presente”
—Afonso Sartório
Na fase exploratória, grandes mineradoras, como Vale, Anglo American, Kinross, Gerdau e CSN, respondem por 56% dos investimentos realizados no país. Os “juniores”, mais voltados para a exploração, também têm investido, mas o volume de recursos destinados à pesquisa de novas áreas está abaixo do que é feito em outros países.
Essa diferença pode ser explicada pelo maior custo de captação de recursos para as mineradoras menores, até pelo risco – as “grandes” captam recursos com custos 35% menores e prazos mais longos. “Deveria haver mais instrumentos para essas empresas”, disse, acrescentando que é positiva a iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Vale, de criar um fundo voltado para projetos de empresas de menor porte.
Condições menos atrativas para captação de recursos nacionais também se refletem na origem do dinheiro investido em projetos de exploração: menos de 1% do total foi captado internamente em 2023. Nos últimos três anos, as mineradoras brasileiras captaram um total de US$ 9,6 bilhões, dos quais 81% em dólares. Na China, esse valor atingiu US$ 327 bilhões e no Canadá, US$ 68,6 bilhões.
Do lado do marco regulatório, a constatação é que os processos de concessão e licenciamento são mais demorados no Brasil do que em outros países produtores. Já houve alinhamento com critérios e melhorias internacionais, mas ainda há mais a fazer. A expectativa agora gira em torno da publicação do Plano Nacional de Mineração 2050.
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