Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.
Você já percebeu que às vezes mudamos nosso comportamento quando estamos sendo observados? Este efeito é conhecido como efeito Hawthorne e explica quando as pessoas tentam fazer melhor quando estão sendo observadas.
Dentro do contexto social também é possível observar outro efeito, quando há alguém no grupo com melhor desempenho e por isso o indivíduo se esforça mais em uma tarefa, o que caracteriza o efeito Köhler.
Este efeito foi testado para aumentar a motivação para um comportamento difícil de incorporar na nossa rotina: o exercício físico.
Saiba mais abaixo sobre o efeito Köhler e o que a ciência descobriu sobre seus benefícios.
O Efeito Köhler
Este efeito foi descoberto em 1926 pelo psicólogo alemão Otto Köhler, quando remadores do clube de remo de Berlim fizeram exercícios de bíceps. Quando se exercitaram sozinhos levantaram 44 kg, em dupla, 88 kg na mesma barra e em trio levantaram 132 kg no bíceps, também na mesma barra.
Nestes experimentos, Köhler notou que o membro mais fraco do grupo trabalhava mais quando estava com outras pessoas, em comparação com quando trabalhava sozinho. Esse ganho de motivação foi chamado de Efeito Köhler e basicamente dois mecanismos explicam o fenômeno.
Os exercícios de bíceps foram a descoberta do Efeito Köhler.Fonte: Imagens Getty
Por que nos esforçamos para nos aproximar dos mais fortes?
O primeiro mecanismo é a comparação social ascendente, pois basicamente não queremos ficar para trás. Para alguém que é fisicamente mais fraco, ver os outros com melhor desempenho pode estimular o desejo de ter um desempenho melhor, a fim de igualar seu desempenho com o dos outros.S. O segundo é o princípio da indispensabilidade grupal, em que os mais fracos entendem que o esforço de cada membro é fundamental para o esforço geral e o resultado de todo o grupo.
O que diz a pesquisa atual
Apesar de ter sido descoberto há quase 100 anos, A pesquisa sobre o tema permaneceu adormecida por 60 anos, com o interesse só ressurgindo na década de 1980. Uma pesquisadora que tem se dedicado a estudar e testar esse fenômeno é Deborah Feltz, do Departamento de Cinesiologia da Michigan State University, nos Estados Unidos.
Em um de seus pesquisasutilizando exercício aeróbico em bicicleta ergométrica, 58 mulheres foram testadas em três condições: coativa (colocada na bicicleta ao lado de outra pessoa e exercitada de forma independente), conjuntiva (colocada com pessoa com capacidade de desempenho superior) e individual.
Apenas estar ao lado de outra pessoa se exercitando, as mulheres já tiveram um desempenho melhor do que se estivessem sozinhas, uma diferença de 86% (19 minutos versus 10 minutos). Quando estavam na companhia de alguém melhor fisicamente, seu desempenho melhorou ainda mais com uma média de 21 minutos de exercício, em comparação com apenas 10 minutos quando estavam sozinhos.
A melhoria foi superior a 100%, mas o efeito aumentou 208% no número máximo de experimentos. A empresa nas condições era virtual, pois a imagem humana era criada por software.
Em outro de seus estudos, Feltz descobriu que um amigo virtual pode ser melhor do que não ter um amigo por perto para fazer exercícios. No exercício de prancha isométrica, os participantes, quando acompanhados, obtiveram um aumento de 24% na duração do exercício.
As pranchas isométricas têm sido objeto de estudos que investigam o efeito Köhler.Fonte: Imagens Getty
Quando perguntei à professora Deborah Feltz como podemos usar o que sabemos hoje sobre o efeito Köhler para aproveitá-lo e promover melhores experiências de exercício, ela disse: “A pesquisa é bastante consistente de que há mais adesão ao exercício se você faz parte de isto. de um grupo ou têm um parceiro porque normalmente fornecem responsabilidade, feedback e incentivo. Encontre um parceiro de treino que seja um pouco melhor ou mais rápido que você e que também o incentive, tanto para treinos presenciais quanto virtuais (ex. Facetime, Zoom, entre outros). Estabeleça metas, como acompanhar o ritmo do seu parceiro ou (se você for o parceiro mais rápido/forte) dar ao seu parceiro um início antecipado. O importante é ter alguém que te desafie a melhorar o teu esforço e, ao mesmo tempo, te faça sentir que estás numa equipa, onde se apoiam.”
Uma dica valiosa e científica para aumentar sua participação e desempenho nos exercícios é: Faça do exercício uma atividade social!
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Fábio Dominski É doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/UDESC). Ele faz divulgação científica nas redes sociais está em podcast disponível no Spotify. Autor do livro Exercício Físico e Ciência – Fatos e Mitos.
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