Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.
Com a má qualidade do ar em diversas cidades do Brasil nas últimas semanas, surge uma dúvida: devo fazer exercícios ao ar livre ou pode ser perigoso para a saúde? A ciência pode nos ajudar a entender este paradoxo: Praticar exercícios é bom, mas em ambientes poluídos é ruim?
O corpo durante o exercício físico
Durante o esforço do exercício físico, nosso corpo passa por alterações fisiológicas que podem agravar os efeitos dos poluentes atmosféricos na nossa saúde. Ao correr, por exemplo, aumentamos a ventilação e a velocidade do fluxo de ar inspirado, bem como a passagem do ar pela boca, ao invés do nariz, que possui mecanismos de filtragem de ar.
Tais alterações resultam no transporte do ar poluído para a parte mais profunda do nosso sistema respiratório, o que se torna mais perigoso.
Teoricamente, o exercício de alta intensidade pode agravar ainda mais os riscos, pois intensifica as alterações acima mencionadas. O pergunta ser respondido pela ciência é semelhante a quando pensamos se para chover menos é melhor caminhar ou correr: quando a qualidade do ar é ruim, é melhor fazer atividades físicas leves e prolongadas, ficando mais exposto ao ambiente poluído , ou atividade física mais intensa e ficar exposto por pouco tempo?
Por conta desse cenário, chama a atenção o possível contraste que pode existir entre praticar exercícios – algo positivo para a saúde, mas em um ambiente poluído – algo que pode ser prejudicial à saúde.
Embora estudos demonstrem que passamos a maior parte do dia (cerca de 90 a 95%) em ambientes fechados – como em casa, escritórios, escolas e universidades, hospitais e até quando fazemos exercício físico academiasa qualidade do ar interior é afetada pela poluição do ar exterior. Além disso, o exercício é o período em que alguns optam por sair de casa, expondo-se à poluição atmosférica.
Entenda os poluentes
A poluição do ar consiste em uma mistura complexa de partículas e gases. Entre os poluentes mais investigados estão material particulado (PM), ozônio (O₃), monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e óxidos de enxofre (SOx). Cada um deles tem seus potenciais efeitos negativos sobre o saúde humanamas o alvo de atenção no exercício físico é o material particulado, que geralmente é dividido pelo seu tamanho: 2,5 ou 10 µm (micrômetros). Quanto menor for, maior será a sua capacidade de penetrar no sistema respiratório e mais perigoso será para a nossa saúde..
Praticar exercícios ao ar livre com ar poluído: benefícios ou maiores riscos?
Quando pesquisadores procuraram responder à questão de saber se a poluição atmosférica pode anular os benefícios do ciclismo ou da caminhada, descobriram que, na grande maioria dos casos, os benefícios da actividade física superam largamente os riscos da poluição atmosférica, tendo em conta a concentração média global de PM2,5 no ambiente urbano.
Somente em áreas com concentrações de PM2,5 acima de 100 µg/m³, os riscos do exercício superariam os benefícios, mas estima-se que somente após uma hora e meia de bicicleta por dia ou mais de 10 horas de caminhada por dia. No momento da publicação do estudo, em 2016, as cidades que apresentavam concentrações de poluentes como esse estavam predominantemente na China e na Índia, porém o Brasil registrou concentrações nesse nível na semana passada, o que requer atenção.
Algumas cidades paulistas ultrapassaram esse nível de poluição. Embora 10 horas de caminhada/dia possam parecer muito, uma hora e meia de bicicleta é uma atividade comum e, segundo pesquisas, pode trazer riscos.
Em estudo publicado recentemente que comparou a exposição à poluição atmosférica entre sete tipos de transporte, os utilizadores de automóveis, motos e autocarros estavam mais expostos a poluentes, como CO e NO₂, do que os utilizadores de transportes ativos (caminhar e correr).
Quem caminhou ou correu ficou mais exposto a partículas ultrafinas, o que provavelmente se deve à proximidade das emissões veiculares. Outro estudo mostraram que apesar da maior exposição à poluição, as pessoas que se deslocam ativamente ganham em média um ano de esperança de vida, em comparação com os utilizadores de transporte motorizado.
Recomendações para o seu treinamento
Ainda existe um dilema ao aconselhar as pessoas sobre exercícios em relação à poluição do ar. Reconhece-se que a poluição do ar pode desestimular a prática de atividades físicas, uma vez que a exposição aos poluentes está associada ao aumento da pressão arterial, à redução da função pulmonar e ao aumento dos sintomas respiratórios, além da menor capacidade e desempenho. em exercício. Portanto, alguns cuidados são recomendado:
- Monitorize as condições do ar em que pretende praticar exercício, quando houver dados disponíveis, para minimizar a exposição pessoal ao ar poluído;
- As principais plataformas são: QIair e o Índice de Qualidade do Ar (IQA)plataformas gratuitas de monitoramento das condições do ar em todo o mundo. O fato é que o Brasil está pobre no monitoramento da qualidade do ar, ou seja, na maioria das cidades não conhecemos o ar que respiramos;
- Fique longe de pontos críticos de poluição;
- Quando possível, troque o ambiente externo pelo interno, como correr em uma esteira dentro de casa;
- Quando a exposição ao ar poluído não pode ser evitada – como uma pessoa indo de bicicleta para o trabalho, o uso de máscaras (N95, KN95, FFP₂) tem sido recomendado devido à capacidade de filtrar pequenas partículas.
Parece que, geralmente, os benefícios do exercício superam os riscos do exercício em um ambiente poluídoexceto quando a poluição é grave e depende do tempo de exposição e da intensidade do esforço.
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Fábio Dominski É doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/UDESC). Ele faz divulgação científica nas redes sociais e em podcast disponível no Spotify. Autor do livro Exercício Físico e Ciência – Fatos e Mitos.
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