Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.
O mundo está fora do caminho para melhorar seus níveis de atividade física. Esta é a notícia divulgada por Organização Mundial da Saúde (OMS) a partir de um novo estudo publicados sobre os níveis de atividade física da população mundial.
Dados de 163 países com 5,7 milhões de habitantes, coletados entre 2000 e 2022, mostram que um terço (31%) dos adultos são fisicamente inativos, ou seja, não cumprem as recomendações de se movimentar 150 minutos (2 horas e meia) por semana. Saiba mais sobre a pesquisa abaixo.
Atividade física no mundo
Esta pesquisa é uma atualização sobre quanta atividade física o mundo está praticando, pois é a maior base populacional investigada desde 2016, uma época em que 27% dos adultos eram fisicamente inativos. A tendência para a redução da actividade física é evidente há décadas, pois em 2000 a prevalência da inactividade física era de 23%.
Apesar do aparente aumento na procura por atividades físicas, isso não reflete o cenário global.Fonte: Imagens Getty
Tudo indica que não alcançaremos as metas da OMS de redução da inatividade física em 15% até 2030. Mais de metade dos países vão na direção oposta, pois além de não reduzirem, estão a aumentar os níveis de inatividade física.
Homens ou mulheres mais ativos?
A desigualdade de género mantém-se, uma vez que as mulheres são menos activas, 34% delas em comparação com 29% dos homens inactivos, o que representa uma diferença de 5%.
Entre as regiões do mundo, a Oceania teve a menor prevalência de pessoas que não se deslocam o suficiente, um resultado positivo. A região Ásia-Pacífico teve a maior prevalência do mundo. Em todas as regiões do mundo, os idosos eram menos activos do que os mais jovens. Apenas alguns países europeus de rendimento elevado chegaram perto da redução da inatividade física estabelecida pela OMS.
A estimativa é que um terço da população mundial seja fisicamente inativa, ou seja, 1,8 bilhão de pessoas. Se as tendências observadas neste estudo continuarem, até 2030 teremos uma prevalência de inatividade física de 34%, ou seja, aumento e agravamento da pandemia de falta de movimentação corporal.
E as crianças?
Em outra pesquisa publicado na mesma semana, descobriu-se que as crianças, que precisam se movimentar muito – cerca de 3 horas diárias de atividade física, seguem o mesmo caminho dos pais e também são pouco ativas, conforme a prevalência mundial de crianças de 3 e 3 anos. 4 que atende a essa recomendação é de apenas 31%.
Outros pesquisadores discutiram sobre os resultados, destacando a importância de diferenciar o tipo de atividade físicaà medida que os movimentos se manifestam em quatro domínios:
- Doméstico: atividades diárias como limpeza da casa;
- Ocupacional: ocorre durante o trabalho;
- Transporte: deslocamento ativo, como ir de bicicleta para o trabalho;
- No lazer: no tempo livre, quando escolhemos um esporte para praticar.
Segundo o estudo, as crianças também passaram a praticar menos atividade física nos últimos anos. Fonte: Imagens Getty
É no último domínio, no lazer, que temos o melhor tipo de atividade física para a saúde, principalmente se considerarmos a saúde mental, pois nos três primeiros geralmente há atividade física obrigatória e nem sempre há opção para o indivíduo escolher.
Outros pesquisadores apostam em mudanças radicais para mudar o cenário, como uma semana de trabalho de quatro dias, uma renda básica universal e instalações gratuitas para atividades físicas.
Na verdade, será necessário um esforço de diversos setores para lidar com um problema que é multifatorial. Culpar as pessoas individualmente por não se movimentarem não é justo e não contribui para a mudança.
Quando temos a impressão de que mais pessoas estão se exercitando com base no que observamos em nossos círculos sociais, podemos estar sendo enganados pelo viés da disponibilidade.
Esse é um atalho mental que ocorre quando estamos rodeados de exemplos de pessoas se exercitando e extrapolamos uma conclusão com base nisso, mas essa percepção não reflete o cenário mundial, infelizmente.
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Fábio Dominski É doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/UDESC). Ele faz divulgação científica nas redes sociais está em podcast disponível no Spotify. Autor do livro Exercício Físico e Ciência – Fatos e Mitos.
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