Conhecida por fazer jogos como God of War e The Last of Us, a PlayStation ganhou ares de uma grande casa de jogos single player. Porém, durante a gestão de Jim Ryan, a empresa ampliou seus horizontes para se adaptar aos novos tempos, tendo 12 jogos como serviço em produção.
Um desses projetos é Concórdiaque foi lançado oficialmente em 23 de agosto no PS5 e PC. Após oito anos de desenvolvimento, O jogo de estreia da Firewalk Studios parece uma grande decepção: o título focado em gameplay online não atraiu um grande número de jogadores no lançamento, o que é um mau sinal para um jogo como serviço.
Porém, ainda há esperança para o Concord ou o título está completamente fadado ao fracasso? Passei a última semana jogando (e tentando jogar) a nova aposta do PlayStation, e conto no review completo se o jogo ainda tem salvação, já que o lançamento fez o título parecer um fracasso monumental.
Por que Concord é um jogo online pago?
De cara o primeiro ponto que chama a atenção no Concord é o preço: em um mundo de jogos online grátis o jogo Firewalk custa R$ 200 no PC e PS5, com a exigência adicional de exigir assinatura do PS Plus no console da Sony. Essa barreira de entrada se justifica de forma nobre, já que o título não possui microtransações e promete trazer atualizações futuras gratuitas.
Embora essa ideia seja ótima em um mercado repleto de jogos mercenários, o título não dá muitos motivos para gastar R$ 200 em seu lançamento. Concord chega com seis modos de jogocom metade treinando e o restante focado em partidas de equipe, como Capture the Location Deathmatch e No Respawn.
Toda a jogabilidade acontece em 12 mapas únicos, onde os 16 personagens conhecidos como Freegunners se enfrentam em equipes com jogabilidade em primeira pessoa. Como cada personagem traz habilidades diferentes, os jogadores precisam equilibrá-las na hora de montar um time para fazer melhor.
Concord promete conteúdo gratuito após o lançamento.
A empresa promete trazer atualizações do formato da temporada a cada três mesestrazendo novos mapas, Freegunners e variações de personagens, além de itens cosméticos. No entanto, tudo isto não parece suficiente para justificar o embarque imediato neste navio.
Depois de jogar Concord no PS5, uma sensação que tive desde o anúncio do jogo se confirmou. O jogo traz basicamente o que vimos em títulos como Overwatch e Call of Duty há anossem grandes inovações que justifiquem o investimento de imediato.
Apesar de trazer alguns pontos interessantes para a jogabilidade, o maior diferencial do jogo está na ambientação e nos personagens. Porém, o título não faz muito esforço no lançamento para que você se importe com eles.
A ‘história’ de Concord
Assim que você abre o Concord no PC ou PS5, aparece um vídeo animado bem cinematográfico explicando quem são os Freegunners e mostrando um pouco da personalidade de alguns personagens. Embora isso sugira que o jogo tem potencial para produções como os belos curtas de Overwatch e interações no jogo entre os Freegunners, o jogo não segue esse caminho.
Toda a história de Concord é contada em um lindo “Mapa Intergaláctico” disponível no menu principal. Embora visualmente a interface seja bonita, toda a narrativa aparece em letras pequenas – que estão em toda parte da interface do jogo, desde páginas de tutoriais até menus de habilidades. Ou seja, se você quiser conhecer e se apegar aos personagens do jogo, terá que gastar um tempinho lendo letras miúdas em um cardápio pomposo.
Os 16 personagens disponíveis no lançamento também possuem um design que foge dos padrões, mas ao mesmo tempo consegue parecer genérico. Embora eu admire Firewalk pela coragem em tentar fazer algo fora da caixa, a estética galáctica claramente não é para todos, principalmente sem uma campanha de marketing robusta para “vender” a ideia dos personagens.
Um dos vídeos promocionais iniciais do jogo, lançado há dois meses, mostrava parte da tripulação em missão, trazendo uma sensação de estilo Guardiões da Galáxia. Se essa sensação aparecesse com frequência no jogo, talvez nas interações ou mesmo no modo cooperativo, a experiência certamente seria muito melhor. Uma pena isso a jogabilidade se limita apenas a atirar em mapas fechados, com partidas que podem levar até oito minutos para serem concluídas por falta de jogadores.
Para quem não joga online e está acostumado com títulos single player, Concord pode parecer um jogo estranho, que não tem uma lore acessível, e que ainda custa R$ 200. E para quem já gosta de jogos como Call of Duty e Overwatch, o jogo não dá motivos suficientes para uma migração, já que a temática é bem específica e o visual dos Freegunners não é tão cativante.
Jogabilidade sólida e belos gráficos, mas sem grandes novidades
Quanto à jogabilidade, como mencionado acima, não espere nada muito inovador em Concord. O jogo segue uma fórmula já conhecida nos jogos Hero Shooter: duas equipes de cinco jogadores se enfrentam em cenários diferentes, sendo que cada personagem possui habilidades únicas.
Os visuais dos mapas são lindos e a jogabilidade, em geral, é muito sólida, com alguns pontos interessantes que merecem destaque. A jogabilidade aproveita bem a verticalidade dos mapas, as habilidades de alguns personagens são muito interessantes e as habilidades que se recarregam com mortes dão motivos para ir em frente e não “camper”.
Concord tem belos gráficos e alguns pontos de jogabilidade interessantes, mas pode se tornar chato e repetitivo.
Porém, tudo isso também se depara com um ciclo de jogabilidade repetitivo, já que o título chegou ao mercado com poucos modos de jogo. Além disso, o grande motivo para jogar é basicamente cumprir missões diárias que dão XP para desbloquear skins e itens cosméticos para os personagens.
Porém, com o passar do tempo, mapas com a mesma estética começam a ficar cada vez mais monótonos. Além disso, a dublagem não traz muitas variações nas falas dos Freegunners, que não se afastam muito de fórmulas já consagradas para personagens de Overwatch, Valorant e Guardiões da Galáxia, por exemplo.
Com isso, o Concord acabou caindo justamente em uma área que nenhum jogo deseja: o jogo começou a parecer um trabalho depois de um tempo. Só entrei para ter uma breve dose de dopamina nas partidas curtas, ver alguns números subindo na tela e tentar liberar roupas para personagens que não me interessam. E também porque eu precisava escrever esta resenha.
Enquanto isso, eu poderia jogar Fortnite, totalmente de graça, com meus amigos e com a pele de praticamente qualquer personagem da cultura pop, desde Lady Gaga até o Xenomorfo. Além disso, poderia estar testando Deadlock, que também é um jogo de tiro de heróis, mas possui uma jogabilidade inovadora e que foge dos padrões conhecidos do gênero.
Concord ainda tem salvação?
Concord tem um toque genérico em seus temas e personagens, jogabilidade nada inovadora e um preço que não ajuda a defender seu conteúdo de lançamento. O jogo chegou a um mercado repleto de opções gratuitas ou já consagradas, e não parece fazer muito esforço para conquistar seu lugar na biblioteca dos jogadores de PC e PS5.
A esperança de salvação para Concord reside precisamente em seus criadores, Firewalk Studios. Embora o estúdio seja novo, a empresa conta com veteranos da Bungie, que alcançaram sucessos como Destiny 2.
A Concórdia tem base para evoluir, mas depende de investimento para não morrer.
Em um dos trailers do Concord, o personagem Lennox diz uma frase interessante: “Quase morrer é a melhor maneira de aprender a não morrer”. Em sua primeira semana no mercado, o jogo atingiu claramente o estágio de “quase morte”, cabendo agora à equipe por trás do jogo completar a profecia do Freegunner, ou sofrer como tantos outros títulos do gênero hero shooter.
Se a PlayStation continuar investindo no jogo, Firewalk terá a chance de construir uma comunidade, expandir o universo do jogo e alcançar sucesso a longo prazo. No seu lançamento, porém, o Concord está longe de entregar algo próximo disso.
Com um universo deixado em segundo plano e escondido em letras miúdas, Concord oferece uma jogabilidade interessante e belos gráficos. Porém, com personagens esquecíveis e poucos modos de jogo, o título não dá motivos para embarcar nessa jornada intergaláctica, ainda mais com tantos rivais parecidos sendo gratuitos. Então, a dica é esperar o jogo chegar ao catálogo da PlayStation Plus ou eventualmente se tornar free-to-play, o que não seria uma surpresa.
Pontuação Voxel: 50
Pontos positivos (prós):
- O jogo abre, funciona e tem belos gráficos;
- A jogabilidade tem alguns pontos interessantes.
Pontos negativos (contras):
- A tradição está escondida atrás de letras miúdas;
- Os personagens são genéricos;
- A jogabilidade não inova e parece copiar títulos consagrados;
- Poucos modos de jogo no lançamento;
- O preço não se justifica.
Concord já está disponível para compra no PC e PS5. O jogo foi cedido para análise pela PlayStation.
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