Pesquisas mostram uma diminuição na frequência aos cinemas nos últimos anos e sucessos como ‘Divertida Mente 2’ estão se tornando cada vez mais raros. Saiba o que os estúdios estão fazendo para reverter esse cenário As vendas decepcionantes de bilheteria de ‘Furiosa’ e ‘Rivais’ mostram que o cinema passa por um momento complexo Warner/Divulgação/MGM/Cortesia Everett Vamos menos ao cinema. Isso não é mais uma questão, mas uma realidade em todo o mundo. Em 2019, o último ano antes da pandemia da COVID-19, a bilheteira global ultrapassou a marca dos 42,5 mil milhões de dólares, segundo a Comscore, marcando um novo pico para a indústria cinematográfica. Em 2023, porém, fechamos bem atrás, com US$ 33,9 bilhões, nos dados divulgados pela Gower Street Analytics. No Brasil não é diferente. No ano passado, o público total que frequentou os cinemas do nosso país foi 36% inferior ao de 2019, segundo a Agência Nacional do Cinema (ANCINE). Nem todos os dados são ruins. A receita mundial em 2023 teve um aumento de 30,5% em relação a 2022. No Brasil, a audiência nos cinemas cresceu 20% e a receita 17,5%, na comparação entre os últimos dois anos, somando 114 milhões de ingressos vendidos. Mas, em 2019, o número de bilhetes vendidos rondou os 176 milhões, muito acima do valor atual. ‘Barbie’ foi o maior sucesso de bilheteria de 2023 Cortesia da Warner Bros. Pictures Voltar ao que éramos antes é uma prioridade para estúdios e distribuidoras, mas isso é possível? Especialistas apontam que os números refletem não apenas o impacto da pandemia, mas uma mudança mais intensa no consumo e no comportamento público. Streamings de cinema, com preço bastante acessível”, analisa Paulo Sérgio Almeida, diretor de cinema e fundador da Filme B, empresa especializada em análise e números do mercado cinematográfico no Brasil. ainda mais os serviços de streaming, tornando o ato de assistir seu conteúdo um hábito Para Daniela Pfeiffer, diretora-executiva do Centro Cultural Justiça Federal e revisora do Ministério da Cultura, o público precisa se habituar novamente ao cinema como opção de lazer. “Temos que lembrar que, se colocarmos na ponta do lápis, uma assinatura de um serviço de streaming que oferece centenas de séries, centenas de filmes, no conforto da nossa casa, é muito mais acessível do que um ingresso de cinema. , porque não estamos a falar só do bilhete em si, estamos a falar também da pipoca, do estacionamento, de tudo o que está ligado a este programa”, afirma. “O cinema é a forma de entretenimento mais barata fora de casa. [É que] as pessoas tendem a ver o preço do cinema como um agregado. Quando você assiste na televisão, você não coloca o preço da TV, não coloca o que você come. Dá a impressão de que é caro”, acrescenta Paulo Sérgio. O cinema teve novo auge em 2019, ano de estreia de ‘Vingadores: Ultimato’. Reprodução/IMDb Criador de conteúdo e editor de vídeos, Anderson Gaveta concorda que a pandemia apenas acelerou uma mudança tecnológica processo Ele também aponta as janelas cada vez menores como motivo que mantém o público em casa “Essa cultura do cinema como principal entretenimento foi possível porque os preços eram mais acessíveis e havia um senso de urgência. Se você não visse um filme lançado agora, só o veria mais de um ano depois. O streaming reduziu tanto essa janela que as pessoas se perguntam se vale a pena. As pessoas pensam: ‘daqui a um mês, dois meses vai sair no streaming. Vou esperar.’” Patrícia Cotta, head de marketing da Kinoplex, pensa diferente. Para ela, o streaming não representa uma competição de cinema. “São experiências absolutamente diferentes. Nós os vemos como modelos de diversão distintos e até complementares. Já é fato que os filmes que passam nos cinemas fazem mais sucesso quando chegam ao streaming. Ou seja, o sucesso de um é o sucesso do outro”, analisa. Remakes, reboots e sequências Para tentar voltar aos números que o cinema alcançava antes da pandemia, os estúdios apostam cada vez mais em remakes (quando filmes antigos são refeitos). ), reboots (reboots de franquias cujo universo já é conhecido do público) e sequências A estratégia vem dando resultado. Em 2023, as duas produções de maior bilheteria mundial foram “Barbie” e “Super Mario Bros. ambos baseados em propriedades e marcas já conhecidas do grande público. Este ano, a vaga por enquanto vai para “Divertida Mente 2”, sequência da animação de 2015, que já alcançou mais de US$ 1 bilhão em receita mundial “O investimento. em remakes, reboots e continuações reflete a busca por histórias cativantes e que já contam com um público consolidado. Vemos isso como uma oportunidade para revitalizar franquias queridas e também para explorar novas narrativas que se conectem com o mundo contemporâneo”, explica Patrícia Cotta. ‘Divertida Mente 2’ (2024) é mais uma ‘sequência de filme de sucesso’ a bater US$ 1 bilhão em bilheteria publicitária/pixar Pode parecer que Hollywood está sendo invadida por histórias “recicladas”, mas Daniela Pfeiffer garante que esse plano de ação não é novidade na indústria cinematográfica “já que essas sequências se referem a propriedades intelectuais. que já tem público e já teve bom desempenho de bilheteria, o risco de essas produções fracassarem é menor. Portanto, qualquer estratégia que vise a redução de riscos é válida num momento em que a indústria tenta sobreviver”, afirma. Apesar dos bons resultados, também há exemplos negativos. Recentemente, a Marvel Studios tem lidado com retornos de bilheteria cada vez menores para seus Parâmetros Lançado no ano passado, “As Maravilhas” nem se pagou, arrecadando US$ 206 milhões e um custo de produção de US$ 270 milhões. Outro exemplo é o longa “Furiosa”, spin-off de “Mad Max: Estrada”. .” de Fúria”, sucesso de público e crítica em 2015, que arrecadou US$ 172 milhões de bilheteria, superando por pouco seu custo de produção de US$ 168 milhões. ‘Furiosa’ (2024), spin off de Mad Max, teve bilheteria bem abaixo do esperado Reprodução/IMDb Para Paulo Sérgio Almeida, investir em remakes, reboots e sequências não é garantia de sucesso, seja um filme de franquia ou não, tudo gira em torno da motivação da existência do longa-metragem. Existe algo para continuar este filme? Tem alguma história que foi mal feita, se você fizesse de novo seria legal? Um filme que foi feito numa época em que não existiam bons efeitos visuais, vamos fazer agora? Tem que haver uma razão concreta. Fazer isso só porque foi um sucesso? Quando há uma razão para justificar, o público entende”, explica. “O espectador não nasce no desejo. Surge de uma combinação de fatores. Existem algumas regras que ajudam e facilitam a atração do espectador, mas no fundo ninguém sabe o que o público quer, nem ele mesmo”, ressalta ainda Paulo Sérgio. O fim das histórias originais? agora querem apostar no investimento seguro de franquias já consolidadas, será que as histórias originais morrerão? Exemplos recentes preocupam os especialistas, um filme estrelado por Zendaya, uma das estrelas da nova geração do cinema, arrecadou apenas US$ 94 milhões de bilheteria. . “The Stunt”, estrelado por Ryan Gosling, que acompanhou o sucesso de “Barbie”, arrecadou apenas US$ 177 milhões por um custo de produção de US$ 125 milhões. Há quem diga até que ambos período de fracasso nos cinemas. esse tipo de análise: “Avaliar o filme apenas com base na bilheteria é um tanto superficial, pois há muitos fatores envolvidos, como o período em que foi lançado, o poder da campanha de marketing, a situação econômica do local. , tudo interfere.” Daniela acrescenta: “Fracasso é uma palavra muito relativa. Um número de audiência para um filme pode ser um fracasso e o mesmo número de audiência para outro filme pode ser um sucesso.” ‘Rivais’ (2024) tem Zendaya, mas não chegou a US$ 100 milhões de bilheteria global Warner/ Divulgação Mesmo que, de alguma forma, os filmes originais não voltem a dar o retorno que deram, Gaveta não acredita que eles deixarão de ser lançados: “Se você matar a inovação, você vai estagnar, e vai declarar as empresas morte. A vontade do artista está sempre aqui, então eles vão encontrar outras formas de financiar seus projetos”, afirma. Paulo Sérgio acha que a ligação entre um filme e seu público se dá por um motivo simples que não depende se a produção é original ou uma franquia: “O assunto é atrativo? A história está bem contada? O filme é relevante ou é apenas uma distração? Se for uma distração, tem que ser uma grande distração. Se for relevante, tem que ser muito relevante.” O futuro do cinema Com todas essas questões em cima da mesa, especialistas discordam sobre a possibilidade de voltarmos a atingir os números pré-pandemia. Patrícia Cotta e Daniella Pfeiffer fazem parte da equipe que pensa que , sim, o cinema ainda pode viver um novo pico. “Acreditamos firmemente na possibilidade de até superar os números pré-pandemia”, aponta Patrícia, com otimismo “Acho que é possível, sim, mas é um processo de construção. Temos que entender o que o público quer assistir, o que funciona melhor nos tempos atuais e como lidar com isso, como administrar todas essas mudanças, esses desafios que impactam diretamente nas bilheterias”, pondera Daniella. Paulo Sérgio Almeida é categórico: “O cinema nunca mais voltará a ser o que era antes. A competição agora é muito grande. Para melhorar a situação, precisaremos de políticas públicas inteligentes e de uma situação econômica estável, nacional e internacionalmente.” “Acho que não há como voltar atrás, mas não de forma apocalíptica”, analisa Gaveta. “Ao longo da nossa história mudamos o forma como consumimos. A tecnologia impulsiona isso. Isso aconteceu com a indústria musical, o consumo de jornalismo também mudou. Acho que o cinema está chegando nesse momento.” O que será do cinema e se ele conseguirá sobreviver em meio a tantas mudanças, só o tempo dirá. Mas Patrícia tranquiliza os apaixonados por cinema e por essa experiência: “O futuro do cinema é não apenas uma questão de sobrevivência, mas um processo de reinvenção contínua. Estamos neste mercado há 107 anos e já ouvimos muitas vezes que o cinema ia morrer, com TV em cores, videocassete, DVD e assim por diante. Continuamos firmes e acreditamos que há espaço para evolução, inovação e criação de experiências cinematográficas ainda mais envolventes e memoráveis.” “Já assistimos a muitas reinvenções no cinema, do cinema a preto e branco ao cinema a cores, do cinema mudo ao cinema com som, desde grandes teatros para mil, duas mil, três mil pessoas, até pequenos teatros”, lembra Daniela. “[Mas o cinema] É isso, você tem uma motivação para sair de casa, ir para outro lugar, estar com outras pessoas, combinar com um grupo de amigos, levar um namorado, uma namorada. E o cinema oferece isso. Nada substitui uma ida ao cinema”, acrescenta. Mais Lidos
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