Entenda por que o uso do poliéster e de outros materiais sintéticos prejudica o meio ambiente O desfile de João Pimenta para o SPFW N57 foi feito em parceria com o coletivo Sou de Algodão Fabiano Battaglin/gshow Noventa e dois milhões de toneladas. Essa é a estimativa de resíduos têxteis descartados nos últimos anos, segundo dados da Agência Brasil. Este valor coloca a indústria da moda como a segunda mais poluente do mundo, atrás apenas da indústria petrolífera. Para piorar, o poliéster é o material mais utilizado na produção de roupas e artigos de cama, mesa e banho, segundo o CFDA (Conselho de Estilistas de Moda Norte-Americanos): “É responsável por cerca de metade do mercado global de tecidos e 80 % de fibras sintéticas”. E foi exatamente o poliéster que desfilou, em junho, entre os looks da coleção de estreia da marca de Sasha Meneghel, a Mondepars. O “detalhe” viralizou depois que a jornalista Alexandra Farah, especializada em moda e sustentabilidade, publicou um vídeo no Instagram criticando o uso do material. “Este moletom é composto por 56% PES (poliéster) e 44% CO (algodão). Não houve nenhum esforço para utilizar matérias-primas renováveis, o que não acontece com o poliéster… Nem era poliamida biodegradável e não é roupa barata. Ela teria que dar o exemplo, ela tem muitos privilégios e estudou na melhor escola de moda do mundo. Marcas que vendem para um público com menor poder aquisitivo estão fazendo esse esforço”, comentou o especialista no post. Nos comentários, Sasha não deixou de se posicionar e respondeu que, de fato, usou o tecido, mas apenas em dois dos 34 looks da coleção: “Como já deixei claro em diversas ocasiões, a Mondepars é uma marca que está em constante evolução e reconheço que temos uma grande jornada pela frente.” Desfile da marca de Sasha Meneghel, Mondepars, em São Paulo Brasil Notícias Mas por que o poliéster é o vilão da indústria têxtil? Como descreve o CFDA, é uma “fibra sintética derivada do petróleo, uma fonte de energia não renovável, […] e que tem um impacto ambiental significativo desde a sua produção até à sua eliminação”. Gerente de sustentabilidade do Instituto Focus Têxtil, Paulo Cristelli destaca ainda que o tecido “requer alto consumo de energia, demora para se decompor e o descarte incorreto libera microplásticos, contaminando o ar e a água”. Além disso, o fato de as roupas de poliéster serem duráveis não impede que sejam descartadas. Afinal, em tempos de tendências passageiras e ultrapassadas, quem ainda guarda as roupas de tantos anos? Mas se é tão ruim, por que é um dos mais usados na moda? Por ser infinitamente mais barato que uma fibra natural, dificilmente amassa ou mancha, seca mais rápido e tem um caimento versátil que funciona em diversos tipos de roupa. Diante dessas vantagens, o mercado acaba preferindo o poliéster a buscar alternativas ecológicas. O poliéster é um dos tecidos mais utilizados na indústria têxtil e, por ser derivado do petróleo, um dos Pexels mais poluentes. E o poliéster está longe de ser o único inimigo do meio ambiente. A poliamida, conhecida como náilon, é outro tecido sintético derivado do petróleo. Para surpresa de muitos, Cristelli explica que o algodão também não é considerado sustentável, devido “à presença de agrotóxicos no cultivo e ao uso excessivo de água. Os processos de tingimento também envolvem produtos químicos tóxicos e desperdício ou contaminação de água.” Um exemplo disso são os populares jeans. Como já mencionamos aqui, são necessários cerca de 7 mil litros de água para produzir um único par. “O algodão é uma monocultura gigantesca que está destruindo o Pantanal e tirando muita água do solo. Não é muito agradável para o ambiente, mas é agradável de usar”, lamenta Alexandra. O que torna um processo têxtil sustentável? Com base no “Relatório Brundtland”, documento publicado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987, “para que a sustentabilidade exista é necessário que, muito antes de esses limites serem atingidos, o mundo garanta o acesso equitativo aos recursos ameaçados e reoriente esforços tecnológicos para aliviar a pressão.” Este conceito de desenvolvimento sustentável, escrito pela então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, baseia-se no princípio de que se extrairmos algo do ambiente, devemos substituí-lo de alguma forma. O índigo, usado para tingir jeans, é um corante artificial que prejudica o ecossistema Reuters Brundtland também listou outros exemplos de intervenção humana em sistemas naturais durante o desenvolvimento de qualquer setor: monocultura, desvio de cursos d’água, extração mineral, emissão de calor e de gases nocivos na atmosfera, silvicultura comercial e manipulação genética. Num dos seus posts no Instagram, Alexandra Farah reforça que “80% do impacto de um look se deve às escolhas feitas pela equipa de estilo, como a matéria-prima e o modelo da roupa”. Por isso, além de pedir às marcas que priorizem tecidos com fibras recicladas, monofibras, como linho e algodão puro, e reaproveitem roupas velhas, ela destaca cinco pilares do “Relatório Brundtland” focado na cadeia da moda: Uso de energia limpa e renovável ; Gestão eficiente da empresa que gera riqueza para todos os envolvidos no seu crescimento; Utilizar a menor quantidade de água possível e a quantidade utilizada deve retornar limpa ao planeta; Oferecer condições de trabalho dignas aos trabalhadores; Utilização de matérias-primas recicláveis e seguras, tanto para quem as produz como para quem as utilizará. Um processo têxtil sustentável envolve condições de trabalho justas e seguras, bem como a utilização eficiente de recursos como água e energia e até mesmo contribuir para o desenvolvimento das comunidades através do empreendedorismo.” O tingimento sintético de materiais, incluindo o corante índigo utilizado em jeans na maioria dos países, é mais uma prática comum na indústria têxtil que prejudica o ecossistema. O Japão, porém, é um dos poucos produtores de tecido que utiliza o índigo natural, extraído da planta indigofera tinctoria e aplicado manualmente por artesãos: o problema é o custo, quase 10 vezes maior, de uma peça como essa. “Outra coisa horrível é o uso do couro, porque o ciclo da pecuária, que envolve desmatamento e plantio de soja, é muito longo”, critica Farah. Fibras de origem vegetal, recicladas ou algodão da Paraíba, que já vem colorido, são alternativas mais sustentáveis para a produção de tecidos Freepik Entre as matérias-primas de menor impacto ambiental, o jornalista cita o algodão orgânico e o algodão da Paraíba, que já vem fica colorido e gera mais lucro para os produtores locais. As fibras de origem vegetal, como madeira, laranja e cânhamo, vêm ganhando espaço, ainda que modestamente, no setor. No caso deste último exemplo, o tecido é feito a partir do caule da planta, espécie de cannabis sativa, e é biodegradável e compostável. Atualmente sua fibra é considerada uma das mais ecológicas, além de oferecer qualidade superior. “O algodão e o linho orgânicos são cultivados sem uso de produtos químicos e com menor consumo de água. Os tecidos feitos com plásticos reciclados também podem ser considerados ecologicamente corretos, desde que sejam descartados de maneira adequada”, destaca Cristelli. Boas práticas Comprar em brechós, reciclar, descartar em cooperativas ou doar são as boas práticas da moda circular Pexels Os produtos que escolhemos comprar têm impacto direto no meio ambiente, pois o mercado também funciona respondendo às demandas do consumidor: “Um produto pode ser sustentável durante todo o seu ciclo de vida, desde a concepção até o descarte”, argumenta Cristelli. E há algumas medidas que podem contribuir com o planeta, seja na compra de roupas e acessórios ou na hora de descartá-los: Brechó: as compras de segunda mão aumentaram até entre as celebridades. Existem opções para todos os orçamentos, estilos e com lojas online ou físicas; Técnica de upcycling: que tal transformar aquela roupa que está no seu guarda-roupa em uma peça nova? Descarte correto: mas se não tiver tempo de reforçar uma peça, vale deixá-la em cooperativas. Lá, os materiais são separados e descartados de forma eficaz; Moda circular: doe peças em bom estado para ONGs e outros pontos de coleta da sua cidade. Hoje em dia também é possível alugar roupas, bolsas e sapatos e até fazer empréstimos e trocas através de plataformas digitais; Programas de troca: muitas marcas, inclusive fast-fashion, passaram a oferecer benefícios em troca de roupas usadas e até embalagens de cosméticos. Leia também!
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