À GloboNews, o principal porta-voz da Comissão Europeia citou “taxas elevadas e contínuas de desmatamento”. As exportações de carne brasileira para o mercado europeu poderão cair até 90%, segundo o setor. União Europeia reitera regras antidesmatamento para 2025 após governo Lula pedir adiamento Jornal Nacional/ Reprodução O porta-voz principal da Comissão Europeia, Eric Mamer, reiterou nesta quarta-feira (18) a implementação da lei antidesmatamento a partir de 2025. À GloboNews, Mamer citou a “urgência ligada à continuação das altas taxas de desmatamento” para justificar a aplicação de novas regras para a importação de produtos como carne e soja. Segundo o Ministério da Agricultura e o Itamaraty, a medida impacta mais de 30% das exportações brasileiras para a Europa. Na semana passada, os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) enviaram uma carta à União Europeia pedindo o adiamento das novas regras. Classificaram a nova lei como unilateral, punitiva e discriminatória. LEIA TAMBÉM Brasil pede à UE que não implemente lei antidesmatamento a partir do final de 2024 Desmatamento é uma das explicações para tantos incêndios em diferentes biomas Energia, alimentação e transporte: como a maior seca da história afeta a economia e o seu bolso Mamer confirmou à GloboNews o recebimento da carta, mas não quis comentar o tom adotado pelos ministros brasileiros. O porta-voz disse ainda que a lei será implementada “de forma imparcial para que não constitua discriminação arbitrária ou injustificável contra produtores de outros países, nem uma restrição disfarçada ao comércio”. As novas regras foram aprovadas pela União Europeia em junho de 2023 e determinam que todos os produtos importados para o mercado europeu tenham origem conhecida, com relatórios incluindo dados georreferenciados. A lei proíbe produtos provenientes de áreas desmatadas após 31 de dezembro de 2020, mesmo que o corte de árvores tenha sido feito de forma legal, autorizada pela legislação brasileira. A Amazônia registra o menor desmatamento em unidades de conservação dos últimos 10 anos. Impactos A nova medida poderá afetar a exportação de carne, couro, café, cacau, soja e produtos florestais como madeira, papel e celulose. No caso das carnes, as vendas do Brasil para o mercado europeu podem cair 90%, segundo Fernando Sampaio, diretor de sustentabilidade da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes). Ele explica que apenas 10% de toda a carne que o Brasil envia ao mercado europeu está em conformidade com as novas regras. Em 2023, o Brasil exportou mais de 77 mil toneladas de carne para a Europa, o equivalente a mais de R$ 3 bilhões. Apoio do Observatório do Clima Nesta quarta-feira, o Observatório do Clima também enviou uma carta à União Europeia apoiando a manutenção das regulamentações para o início de 2025. O texto diz que a carta dos ministros de Lula pedindo o adiamento das medidas antidesmatamento sabota o governo do Brasil. liderança climática. “É inaceitável que, com o país inteiro em chamas e no limiar da COP-30, as autoridades governamentais brasileiras se comportem como porta-vozes de parte de um setor da economia fortemente envolvido na perda de biodiversidade e nas mudanças climáticas para defender que a UE atrase a implementação da legislação”, diz a nota do Observatório do Clima.
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