Em Belford Roxo, Márcio Canella (União) enfrentará o sobrinho do prefeito Waguinho (Republicanos), de quem se tornou inimigo. A disputa pela Prefeitura de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, nas eleições deste ano contará com um duelo entre ex-aliados: o atual prefeito Wagner Carneiro, Waguinho (Republicanos), e o deputado estadual Márcio Canella (União), que se tornaram inimigos em a eleição de 2022. Na época, Waguinho abraçou a candidatura do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto Canella permaneceu ao lado do bolsonarismo. Além de Canella, Matheus do Waguinho (Republicanos), sobrinho do prefeito, concorrerá ao cargo de prefeito; Marquinho da Farmácia (MDB); Assis Freitas (PSB) e Vinícius Cranio (PSOL). Antigo distrito de Nova Iguaçu, Belford Roxo foi emancipado em 1990. Nas décadas de 1970 e 1980, tornou-se mundialmente conhecido pelo número de assassinatos, problema que até hoje a coloca na lista das cidades mais violentas do país. O salário médio dos trabalhadores formalmente ocupados no município é de 1,8 salário mínimo, e o PIB per capita de Belford Roxo chega a R$ 17.156,71, ocupando a 90ª posição entre os 92 municípios do Rio de Janeiro. Dados do Índice de Progresso Social Brasil (IPS) mostram que a cidade é uma região com baixos índices de iluminação elétrica adequada nas residências e empregabilidade de moradores com ensino superior, por exemplo. Como esses são alguns dos problemas enfrentados pela população, são questões que podem surgir na campanha como demandas dos eleitores. Porém, em relação aos índices positivos do município, Belford Roxo é considerado relativamente bem-sucedido em termos de saneamento adequado e acesso ao lazer, cultura e esporte. Quarto colégio eleitoral da Baixada Segundo o IBGE, a cidade tem 483.087 habitantes e dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam um eleitorado de 347.220 pessoas. A cidade é o quarto colégio eleitoral da Baixada. Segundo o TSE, há curiosidade em relação ao número de eleitores. Não houve crescimento constante: em 2016, 328.777 estavam aptos a votar. Nas eleições de 2020, o total diminuiu para 325.796, uma queda de 2.981 eleitores. Este ano, Belford Roxo cresceu 21.424 eleitores. Relativamente à participação e abstenção nas últimas eleições, em 2020 75,54% dos eleitores foram às urnas, enquanto em 2022, nas eleições gerais, 77,82% votaram na primeira volta e 78,98% na segunda volta das eleições. disputa entre Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O perfil do eleitorado de Belford Roxo é semelhante ao das cidades vizinhas. Segundo dados do TSE, a maioria é feminina: 54%. A maioria dos eleitores tem entre 45 e 59 anos, representando 24,47% do total. A segunda maior faixa etária está entre 25 e 34 anos, correspondendo a 21,65% do eleitorado. O menor é para quem tem 16 anos (0,15%). Quanto à raça/cor dos eleitores, 91,07% não informaram à Justiça Eleitoral como se identificam. Quem são os candidatos a prefeito Márcio Canella (União) Márcio Canella é deputado estadual pela União Brasil Octacílio Barbosa/Alerj Até então aliado de Wagner Carneiro, Waguinho (Republicanos), rompeu com o atual prefeito em 2022. O motivo foi o apoio de Waguinho ao então presidenciável Lula (PT). Canella declarou seu voto no então presidente Jair Bolsonaro (PL). Foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 2014 e reeleito em 2018 e 2022, obtendo a maioria dos votos. Em 2016, foi eleito vice-prefeito de Waguinho. Em oposição à candidatura de Matheus do Waguinho (Republicanos), nome do prefeito na disputa, Canella acena ao bolsonarismo e busca os votos dos eleitores do ex-presidente. Ele lidera as pesquisas de intenção de voto. Sua coligação reúne União, PP, PL, DC, Mobiliza, Avante, PSDB, Cidadania e PRTB. Matheus do Waguinho (Republicanos) Matheus do Waguinho, ao centro, é candidato a prefeito em Belford Roxo Reprodução na internet Ele é o atual candidato a prefeito para suceder no cargo. Esta é a primeira eleição que Matheus do Waguinho disputa, sem histórico na política. A principal barreira é o desconhecimento dos eleitores sobre seu nome e a missão de manter o grupo de Waguinho à frente de Belford Roxo. O candidato republicano também conta com o apoio da deputada federal Daniela Carneiro (União), parlamentar mais votada do Rio de Janeiro e esposa do prefeito Waguinho —ex-ministro do Turismo no atual governo Lula. Ela terá o presidente como um de seus líderes eleitorais. Além dos Republicanos, a sua coligação é formada por PT-PCdoB-PV, PDT, PSD, Solidariedade, Podemos, Agir e PRD. Marquinho da Farmácia (MDB) Washington Reis, Marquinho da Farmácia e seu vice, Serginho Bombeiro Reprodução na Internet (MDB) Inicialmente, acreditava-se que o MDB apoiaria o deputado Márcio Canella para prefeito. Mas, no mês passado, o partido anunciou a sua própria candidatura. Embora o MDB e a União Brasil tenham boas relações e sejam aliados em muitas outras regiões do Estado do Rio, uma possibilidade para o emedebista ter se lançado à prefeitura foi a decisão do vereador Celso do Alba (União) de manter a candidatura a prefeito da vizinha Duque de Caxias. Com isso, União tornou-se adversário de Netinho Reis (MDB) — sobrinho de Washington Reis, ex-prefeito e presidente estadual do partido —, que busca manter o legado do tio. Esta será a primeira eleição a que Marquinho da Farmácia concorrerá. Assis Freitas (PSB) Assis de Freitas (PSB) Reprodução (Facebook) Natural de Cuité (PB), é presidente municipal do PSB. Foi eleito suplente de deputado federal em 2022. Candidata-se pela segunda vez a prefeito. Ele já disputou uma vaga na Câmara Municipal de Belford Roxo e na Assembleia Legislativa. Era filiado ao PCdoB e ao PT, partidos nos quais disputou eleições anteriores. Está ligado a movimentos populares da Baixada Fluminense. Sua passagem é “sangue puro” e não tem alianças partidárias. Na região, entre seus apoiadores de campanha estão o ex-prefeito e candidato a prefeito de Nova Iguaçu Aluísio Gama e sua esposa, a ex-prefeita Sheila Gama. Nas redes sociais, ele tem mostrado sua ligação com nomes partidários, como o presidente estadual e ex-deputado Alessandro Molon. Vinícius Cranio (PSOL) Vinícius Cranio ao lado da deputada estadual Renata Souza Reprodução (Facebook) Advogado, ambientalista e com reduto eleitoral no Jardim Xavantes, bairro onde nasceu e cresceu, disputou uma vaga na Câmara Municipal em 2020 por PSOL, mas sem sucesso. Ele não conseguiu adicionar partidos de esquerda à sua aliança. A maioria optou por seguir o PT no apoio ao atual candidato a prefeito. Ele tem candidatura apoiada pelos deputados federais Glauber Braga (PSOL) e Talíria Petrone (PSOL), que concorre à prefeitura de Niterói. Em suas redes sociais, ele inclui fotos e vídeos ao lado de líderes de seu partido, como o deputado estadual Flávio Serafini e os deputados federais Chico Alencar e Tarcísio Motta, este candidato a prefeito do Rio de Janeiro. Ele é ativo nas redes sociais. Candidaturas de lançamento de ‘parentes’ O rompimento entre Waguinho e Márcio Canella após as eleições de 2022 gerou uma polarização não apenas na briga pela Prefeitura de Belford Roxo. Essa divisão também é observada na disputa por vagas na Câmara Municipal. Na lista de candidatos a vereador, há predomínio de políticos que registraram “Waguinho” ou “Canella” em seus nomes nas urnas. Canella adiciona mais “parentes” a esta lista. Nove candidatos têm nomes associados ao atual prefeito, nos mais diferentes partidos. São eles: Danielzinho do Waguinho (Republicanos), Nalvinha do Waguinho (PDT), Berg da Kombi do Waguinho (PDT), Gabi do Waguinho (Pode), Malu do Waguinho (Pode), Ednaldo do Waguinho (Agir), Lucas do Waguinho (Agir), Nuna do Waguinho (PSD) e Fábio do Waguinho (PT). 15 já aderiram a Canella, a maioria por União e PL: Mel Canella (PP), Evandro Canella (PL), Nana Canella (PL), Letícia da Barreira Canella (PL), Marquinho do Canella (PL), Betão Canella (PL) ), Rodrigo Canella Força do Povo (PL), Derli Cipriano Canella (Mobiliza), Angelo Ramos Anjinho Canella (União), Dudu Canella (União), Nem Canella (União), Sidney Canella (União), Cris Canella (União), Sônia Rosa Canella (União) e Fabinho Canella (PSDB-Federação Cidadania). Projeto Tamo Junto É uma parceria entre o EXTRA e o Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), no qual jornalistas e pesquisadores concentram o processo eleitoral deste ano em dez cidades da Região Metropolitana e do Interior de janeiro, abordando problemas, apontando soluções e apresentando os candidatos e seus planos de governo. *Isabel de Souza é doutoranda em Políticas Públicas, Estratégia e Desenvolvimento pela UFRJ, sob orientação de Marcelo Remigio
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