O túnel ferroviário fica entre Cruzeiro (SP) e Passa Quatro (MG), mas também fica próximo ao Rio de Janeiro, que até então era a capital do país. Por isso, tornou-se palco de diversos combates entre tropas paulistas e federais. Soldados da Revolução de 1932 no Túnel da Mantiqueira, em Cruzeiro, SP Arquivo pessoal Comemorada no dia 9 de julho, a Revolução Constitucionalista de 1932 completa 92 anos nesta terça-feira (9). Quase um século depois, um dos principais palcos das batalhas da revolução ainda está de pé e permanece com diversas marcas dos confrontos: o Túnel da Mantiqueira, localizado entre São Paulo e Minas Gerais. Clique aqui para acompanhar o canal g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp O Túnel da Mantiqueira é um túnel ferroviário com 976 metros de extensão, que liga Cruzeiro, em solo paulista, e Passa Quatro, em solo mineiro. Foi palco das batalhas mais sangrentas da revolução histórica: estima-se que ali morreram mais de 250 soldados. Pesquisador e historiador da região do Vale do Paraíba, onde fica Cruzeiro, o especialista Diego Amaro explica que o túnel, além de ficar na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, também fica próximo à divisa com o Rio de Janeiro, que até então era a capital do país. Imagem de arquivo – Revolução Constitucionalista de 1932: Soldados do Cruzeiro realizam ato em região marcada por conflitos Prefeitura do Cruzeiro/Divulgação Por isso, tornou-se um fácil ‘ponto de encontro’ entre tropas paulistas e federais, que lutaram durante quatro meses durante o movimento armado liderado pelo estado de São Paulo. “Devido à sua localização, o túnel era facilmente acessível para ambas as tropas. Além disso, era um local estratégico porque você poderia encurralar seu oponente. Estava escuro e fechado. Não havia para onde correr”, explica o historiador. Túnel Ferroviário da Mantiqueira Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) Até hoje, o Túnel da Mantiqueira traz marcas de batalhas. Além disso, é comum que exploradores e moradores da cidade encontrem resquícios dos confrontos, como munições. “Eu mesmo encontrei várias munições. Certa vez estive com um detector de metais na cidade e a quantidade de munições nos espaços de batalha é absurda. E é interessante que você possa até diferenciar entre as munições das tropas paulistas e as munições das tropas federais. O Cruzeiro é um lugar muito preservado no sentido da Revolução Constitucionalista”, aponta Diego. Cápsulas da Revolução de 1932 encontradas em Cruzeiro (SP) Arquivo pessoal Cruzeiro também foi o local onde ocorreu a assinatura da rendição militar do Exército Constitucionalista ao Exército Federal. Por conta disso, a cidade foi reconhecida pelo Governo Federal como Capital da Revolução de 1932, através de lei de abril deste ano. Oficialmente, 943 pessoas morreram na Revolução Constitucionalista de 1932. Os conflitos começaram no dia 9 de julho – feriado estadual em São Paulo – e terminaram no dia 2 de outubro, quando as tropas constitucionalistas se renderam. “A batalha começou com 100 mil soldados federais contra 35 mil soldados paulistas. Então a missão paulista era praticamente impossível. Sem falar no arsenal muito maior que as tropas federais possuíam”, finaliza Diego Amaro. Leia mais notícias do Vale do Paraíba e região A Revolução Constitucionalista foi um movimento armado liderado pelo estado de São Paulo, que defendia uma nova Constituição para o Brasil e se opunha ao autoritarismo do Governo Provisório de Getúlio Vargas. Soldados durante a Revolução Constitucionalista de 1932 Arquivo pessoal Revolução Constitucionalista de 1932: Soldados de Cruzeiro realizam ato em região marcada por conflitos Prefeitura de Cruzeiro/Divulgação Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região de Bragantina
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